Nossa, realmente muito interessante a coragem que os roteiristas estão tendo para fazer os plots progredirem sem saírem das amplitudes estabelecidas. Um ataque no meio do restaurante, fomentado por dois encontros com as titãs mais voláteis da série, é algo bem admirável, ainda que feito com um personagem que, apesar de todo o desenvolvimento e atenção dada, ainda é bem apático e coadjuvante para cacete, né?
Falando da dicotomia Donna/Cameron, a Donna conseguir resolver o jogo da Cameron simboliza bem o nível de compatibilidade de inventividade das duas, colocando-as como as únicas que se entendem, justamente por não se suportarem, por não conseguirem controlar as forças que onipotentes que ambas geram tão naturalmente.
P.S.: Menina... Tom voltando para aquela sequência toda silenciosa, na qual a Cameron tá numa energia bem incomum, talvez inédita, nem desmoronando em prantos nem explodindo em insultos. É bom isso tanto para a personagem quanto para a atriz. Cenas assim não só alimentam nosso senso de satisfação em acompanhar a série, como também abrem, ainda que na reta final, o leque complexo que a personagem representa para a estória/história e para si mesma. Não se trata mais da garota birrenta da primeira temporada toda dona de si, trata-se de alguém que ainda é dona de si, mas que não sabe o que fazer com seu autodescobrimento à medida que percebe o quão não autossuficiente ela é.

Entre os quatro protagonistas de Halt, Gordon é o mais tranquilo diante da vida. Talvez porque tenha sido levado a encará-la como é pra todos nós, efêmera demais. Mas só ele tem a promessa de que a falência do cérebro virá antes do que o normal e isso o transformou em um homem mais pacato e leve do que poderíamos supor quando fomos apresentados a toda aquela ousadia e urgência da primeira temporada.

Tem sido uma trajetória bonita de ver, o que não significa que nos priva dos momentos de angústia. Pelo contrário: o personagem mais estável e maduro é aquele que pode nos levar à angústia mais profunda, à espera assustadora pelo fim de tudo. Ao se desfazer de suas anotações, absolutamente desapegado, o sentimento provocado é uma mistura de libertação e desistência. É difícil perceber como a segunda pode determinar a primeira e eu espero que seus rumos indiquem certo otimismo apesar de tudo. Pra isso, o susto que todos levaram por Bos foi a gota que faltava. E se a doença de Gordon não promoveu a possibilidade de reunião dos quatro e de perdões sendo mutuamente concedidos, talvez o ataque de Bos o faça.

No mais, os melhores momentos pra mim, são de Cameron e Donna. Quando a primeira encara o amor por Joe, mais uma vez: como isso afeta sua vida, como ela tem medo de se deixar afetar, mas como deseja se libertar do medo de ser abraçada e sustentada por outra pessoa. E é aqui que Donna entende um pouco mais de Cam. Através do espelho que é o seu jogo, o personagem que vaga em busca de quem se conduza, com ele, ao sentido de tudo, depois de ter aprendido a ser determinado, mas paciente (quase como Gordon é). Diante dessa relação conturbada das duas, eu ainda torço pra que baixem a guarda logo e permitam realmente se conhecer para além do profissionalismo que as uniu um dia.

PROTECT HALEY AT ALL COSTS.

Emocionado com a Donna descobrindo o macete do jogo da Cameron. A reconciliação vem < 3.

Joe está sendo um bom companheiro para a Cameron, ele é paciente e atencioso com ela, sempre escutando as suas preocupações e etc... Já ela, não vem fazendo o mesmo (por ser infantil, egoísta e etc), mas a sua revelação sobre ter ajudado o Boz (Rover, no caso), talvez tenha sido um sinal de que ela quer realmente encarar o relacionamento, porque ama o Joe.

Eu que não estava gostando muito de Donna, mas neste episódio, ela teve ótimas atitudes, o que me fez olhar com outros olhos. Eu realmente queria que ela tivesse usado a sua posição para encontrar pessoas talentosas, é que eu fico lembrando de quando ela e Cameron começaram e não tiveram ninguém para ajudá-las, por exemplo. É que eu vejo "Cometa" e presto atenção em Gordon e Joe, eles estão se divertindo (ok, eu sei que Joe quer mais), mas não é só isso, eu sei que o Gordon aceita o presente, mas Joe é diferente, ele está em busca de algo novo, é aquela coisa do futuro, a emoção de estar nesse processo, eu o compreendo. E que evolução de ambos os personagens, eles realmente estão conseguindo trabalhar muito bem juntos.

Eu até tinha esquecido de Tom, eu sempre senti pena, coitado, pois a Cameron fez ele sofrer bastante e no pouco tempo em cena, podemos perceber as mágoas em suas expressões.

É o episódio que eu menos gostei da temporada até agora, mas é um bom episódio, a sequência final, é ótima. Essa série já está deixando saudades.