Após 6 horas de "Show Me a Hero", saio com um sentimento de satisfação. Simon tem o dom de deixar o público inquieto consigo mesmo. E acho que esse é o principal foco dessa minissérie. É todo um trajeto que mostra uma superação magnífica de muitos, e a quem era devido os créditos por isso, acabou afundando na depressão suicida. É triste conhecer a história de Nick, mas ao mesmo tempo, é gratificante ver o tanto de vidas que esse cara mudou. Ele conseguiu fazer com que muitas pessoas conseguissem alcançar seu sonho, e finalmente poder ter uma vida melhor, mas mal sabia que o preço a ser pago, era sua infelicidade. Nick vivia pela política, e preferiu morrer ao chegar a conclusão que mesmo podendo ter uma vida estável e confortável, algo sempre iria faltar, e parece que nada poderia preencher esse vazio. Uma pena.

Além de Oscar Isaac, que destruiu em seu papel, eu quero destacar Catherine Keener. Que atuação monstruosa dessa mulher. Eu espero ano que vem a sua indicação ao emmy, e se não for pedir muito, o prêmio. Já que eles parecem ter feito um "acordo" com HBO, a série tem grandes chances. Mas falando sobre Mary Dorman, a personagem mais forte dessa trama, sem sombra de dúvida. Conseguimos enxergar muita simplicidade e honestidade por parte de Mary. É ai que Simon consegue desconstruir todo um preconceito, partindo de um pensamento - a primeiro instante - completamente racista, e que era fundado em um estereótipo de pessoa, nesse caso, os negros. É incrível ver como a vivência de Mary com o povo que luta para conseguir sua casa, lhe dá uma visão completamente diferente de quando estava lá, protestando contra o projeto. Isso nos dá uma visão muito ampla e aplicável em nossa sociedade. E a série nos confronta a pensar: Atualmente, que lado eu estou nessa luta? Crítica lindona.

Pra terminar, acho que minha maior satisfação, foi ver que Carmen conseguiu sua tão sonhada casa. Fiquei refletindo e, para muitos isso deve ser tão simplório, pequeno, mas para aquela família, é um sonho realizado. Mesmo assim, fica a lição de que nem todas as "Carmen's" desse mundo conseguirão realizar tal sonho. Enquanto muitos dizem que a tal de meritocracia existe, é difícil acreditar que as mesmas oportunidades são dadas a todos.

Parabéns aos envolvidos no projeto, e principalmente a David Simon, que mais uma vez usou e abusou de seu talento. Como sempre, mostrando essa realidade nua e crua para conseguir quebrar paradigmas de uma sociedade imersa em preconceitos.

"Moça dos poodles, moça dos poodles". Cena sensacional, minissérie maravilhosa, que historia fantastica, me emocionei nesse final.

Sensacional está história. Fiz questão de não pesquisar sobre a história das moradias de Yonkers pelo desejo de ser surpreendido com uma bela história e também por confiar no que Simon queria me contar. Não me decepcionei nem um pouco e sou grato à HBO e David Simon (mestre).

Essa série mostrou com firmeza como é ser um herói e como é frustrante não ser no mínimo reconhecido por isso, sequer pelas pessoas que você influenciou positivamente. Wasicsko morreu não tendo reconhecimento e se vendo atacado injustamente pela política que tanto amava. Isso é poesia audiovisual!

"Mostre-me um herói e contarei uma tragédia".

Minha nossa, aquela cena com do Jaron encontrando a "Poodle Lady" foi SENSACIONAL! Eu fiquei arrepiado naquela hora. E o desfecho da história dos personagens me arrepiou mais ainda. O Wasicsko abriu mão da própria vida após terem aberto aquela investigação contra o seu mandato passado como prefeito, a Mary Dorman protagonizou a maior mudança de um personagem dentro da série, e passou de preconceituosa para ativista comunitária. Os demais moradores de Yonkers que conhecemos tiveram um final feliz e realizaram o sonho de sair do inferno em que viviam, menos a Billie, que mais uma vez, infelizmente, pagou o preço por ter se envolvido com aquele traste! A sequência final, mostrando fotos dos personagens na vida real, e como eles seguiram suas vidas contribuíram ainda mais com este final emocionante.

Mais uma vez David Simon (junto com seu parceiro de longa data, o jornalista Bill Zorzi) jogou sal nas feridas da sociedade. Discriminação racial, drogas, política e todas as demais injustiças da vida com muito Bruce Springsteen tocando no fundo. Simon joga o sal sem piedade. O que me decepcionou em Show Me a Hero, apenas, foram os episódios 3 e 4, eu infelizmente não entrei no clima deles, porém nos demais, tive uma experiência muito boa.

Resultado? Mais uma minissérie top da HBO. Ou mais um trabalho do Simon que vai demorar para receber o reconhecimento do público.

A cena dos cachorros me deu um mega alívio, lógico que as coisas não mudaram a partir dalí, mas foi bacana ver aquilo. Os nomes dos cahorros tho hahaha

Aiii eu não sabia como se dava a história real então eu fiquei chocada e muito triste com o fim do Nick :((( ele não podia ter feito aquilo, esses minutos finais foram tão angustiantes. Palmas pra atuação do meu marido Oscar Isaac (hehe) que estava perfeito como sempre.
Amei a minissérie e o David Simon tá de parabéns; tem que fazer mais coisa pra gente ver.