Hinterland tem um roteiro já muito facilmente identificável e infelizmente repetitivo. Assassinato; aparece um suspeito que o é por um conjunto de pessoas; Mathias percebe nesse suspeito um espírito sonhador-frustrado-sofredor; se identifica com ele de alguma forma, o que é recorrente em séries investigativas, mas a competência com que isso é construído varia bastante, inclusive aqui, de caso pra caso; tem que lutar mais pra provar a inocência daquela pessoa, mais por essa razão do que pra encontrar o assassino e puni-lo, num primeiro momento; Mared sempre confiando no instinto dele, acompanhado de indícios (o que é muito importante, aliás. Em Hannibal é terrível como aparece esse "instinto natural" porque o ridiculariza e desmerece; enquanto esse protagonista escapa dos sherlockianismos fantasiosos, valorizando a caça em si, o quebra-cabeça); encontra o assassino, mas segue nesse vazio existencial, esse drama eterno que realmente é muito pesado, muito triste e deve ser devastador. Mas ele simplesmente deixou a outra filha, se distanciou enquanto ela sente sua falta, pela dor da culpa. Ele provavelmente não tem essa culpa com relação à morte de uma, porque tudo indica que foi uma fatalidade, mas tem em relação à outra, por abandoná-la enquanto carece dele.

Eu não consigo não me apaixonar a cada episódio com essa fotografia maravilhosa... < 3