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E finalmente depois de quase 2 anos, aqui estamos novamente. Confesso que até duas semanas atrás, eu não me lembrava de quase nada dos acontecimentos da segunda temporada de Westworld (que foi mais complexa do que a primeira) e por isso, precisei rever as duas temporadas em tempo de acompanhar a terceira. Fiz algumas anotações enquanto reassistia e no final fiz um resumão sobre a trama principal, o qual compartilhei com amigos. Decidi compartilhar aqui também para ajudar os que não se lembram muito dos acontecimentos da série e assim como eu, tem preguiça de assistir vídeos explicativos, rs.
Bom, vamos começar com Dolores, que foi a primeira host criada no Westworld. Arnold, o criador dela, passou a alimentar um sentimento paterno por sua criação e durante toda a primeira temporada, vimos diálogos misteriosos entre ambos e acreditamos que ela estava falando com Bernard, pois até então não sabíamos que ele era um host criado à imagem e semelhança de Arnold. Arnold manteve essas conversas secretas com Dolores e então criou um jogo para que ela alcançasse a autonomia da própria consciência. Quando isso aconteceu, ele teve uma conversa com seu sócio Robert Ford, alegando que eles não deveriam abrir o parque. Ford não aceitou essa ideia e eles tiveram uma discussão. Arnold então criou um plano para impedir que o parque fosse aberto. Ele e Ford estavam criando a narrativa de um bandido chamado Wyatt e ele decidou implantá-la em Dolores, o que a fez assassinar todos os hosts e Arnold em Escalante e se suicidar em seguida. Porém, isso não impediu que Ford abrisse o local, que ainda tirou Arnold dos registros do parque, sendo considerado o único criador do Westworld. Porém, após a morte do sócio, Ford passou a enxergar os hosts com outros olhos e de sua maneira, os ajudou a criar consciência num processo gradativo que levou pouco mais de 3 décadas. Mais tarde ele alegou que fez isso para que os hosts conhecessem bem os humanos e soubessem o que fazer quando adquirissem a consciência.
Futuramente, ele construiu Bernard à imagem e semelhança de Arnold e este passou a ser seu braço direito. Como Dolores passou muito tempo com Arnold, sabia exatamente como eram os trejeitos dele e por isso, Ford deu à ela o importante papel de fazer Bernard uma cópia fiel de Arnold em sua totalidade. Dolores passou anos treinando Bernard, até que se ele se tornasse "o homem que ela se lembrava".
Quando o parque foi aberto, ele passou por sérias dificuldades financeiras e quase foi à falência. A salvação foi Logan Delos, filho de James Delos, fundador da Delos Incorporated. Logan foi seduzido pela equipe do Westworld e fez um investimento no parque, lugar que passou a frequentar para satisfazer as mais variadas fantasias e desejos dele. A irmã dele Juliet estava noiva do “pé rapado” William que era visto como um bom rapaz por todos. Logan decidiu levar o cunhado para o Westworld e foi lá, numa busca por auto conhecimento que William deixou aflorar os mais sombrios instintos dele, enquanto se envolveu com a host Dolores. Nesse período, Dolores começou a dar sinais de que estava despertando consciência novamente e saiu com William numa busca de sentido àquelas lembranças, indo até Escalante, cidade onde ela matou Arnold, que agora estava soterrada na areia. Depois de perder Dolores, enfrentar o cunhado Logan e ter o seu pior lado despertado, William se convenceu de que o parque era o futuro que a Delos precisava e convenceu o sogro James à investir pesado no empreendimento, o que acabou salvando o parque da falência e até permitindo abrir outros com temáticas diferentes. Ao todo foram construídos 6 parques, mas até a segunda temporada, conhecemos apenas 3 deles: o Westworld, o Raj World (ou The Raj) que retrata a época da colonização inglesa na Índia e o Shogun World, que retrata o Japão feudal.
William se tornou importante na Delos, casou-se com Juliet e tiveram uma filha chamada Emily. William tomou o lugar de Logan Delos na empresa, que foi renegado pelo próprio pai e morreu de overdose anos depois. Com o tempo, William passou a fazer projetos secretos na Delos e o mais importante dizia respeito a fazer um backup da mente humana e inserí-la num corpo artificial (como os dos hosts) para assim alcançar a imortalidade. A primeira cobaia desse projeto foi o próprio James Delos. A empresa criou corpos artificiais à imagem de James e por centenas de vezes fez o backup da mente dele nesses corpos, que rejeitaram a realidade da mente humana e em questões de dias, começaram a definhar. Foi o próprio William quem conduziu esses experimentos por muitos anos, até que desistiu e deixou o sogro para definhar, coroando sua vilania. Nesse meio tempo, Juliet se matou ao ver o perfil do marido no Westworld e Emily culpou o pai pela morte da mãe e eles se afastaram, voltando a se encontrar no Westworld um anos após o suícidio de Juliet. Emily foi morta pelo próprio pai, que acreditava que ela era uma host em algum jogo doentio que Ford estava fazendo com ele. Após isso, William começou a questionar a própria existência, acreditando que poderia ser um host também. Na cena pós crédito do último episódio da segunda temporada, vimos William numa situação semelhante àquela que se encontrava James Delos quando ele o abandonou: num experimento com a mente dele.
Na linha do tempo do presente da primeira temporada, Dolores saiu numa jornada solitária, refazendo os passos dela do passado, encontrando assim o centro do labirinto da mente dela, um emaranhado de lembranças que a conduziu para a plena consciência. Como os hosts tem muitos anos de memórias armazenados, eles se sentem confusos durante o processo de adquirir consciência, pois não conseguem alinhar todos aqueles dados em uma ordem cronológica de acontecimentos. Isso acontece porque a memória deles não é como as da mente humana, pois eles conseguem lembrar de situações com riqueza de detalhes e são muitos dados para ser processados.
Quando a consciência de Dolores despertou no final da primeira temporada, ela matou Ford e vários convidados dele em Escalante (desenterrada da areia à mando de Ford) que foram para lá assistir a introdução da nova narrativa dele: a busca dos hosts pelo lívre arbítrio e liberdade. Depois disso, Dolores se tornou fria e calculista e partiu em uma jornada para deixar o parque e alcançar o mundo real, eliminando todos que cruzassem o caminho dela. Nessa jornada, ela chegou até a mudar a personalidade do Teddy para que ele passasse a seguí-la sem questionamentos.
Quando os hosts começaram a se rebelar e matar os guests nos parques, a Delos não encaminhou uma equipe para resgatar os humanos presos no local e sim uma para resgatar dados importantes do parque. Charlotte Hale, uma das diretoras da Delos, se juntou à essa equipe numa missão que segunda ela, salvaria o futuro da empresa. Esse plot foi o principal da segunda temporada e o mistério acerca dele permeou basicamente todos os núcleos. Foi então descoberto que durante 30 anos, a Delos fez backup da mente dos guests do parque e os salvou em uma unidade de armazenamento dentro das instalações do Westwold chamada Forja. Para retirar esses dados do parque, Charlotte transferiu os dados para o disco rígido de Peter Abernathy, pai da Dolores e se referiu a ele como “o maior pen drive do planeta”. Porém, Dolores invadiu a Mesa e retirou a pérola da cabeça do pai.
A Forja então passou a ser a nova obsessão de Dolores. Esse local era chamado de Além do Vale pelos hosts. Na medida em que os hosts foram despertando, começaram a perseguir o Além do Vale, acreditando que lá poderiam viver em paz sem os loops narrativos que foram dados a eles e também sem o risco de serem perseguidos pelos humanos.
Assim, depois de uma longa busca, os hosts chegaram ao Vale e suas memórias começaram a ser transferidas para a Forja. Seus corpos caíam num abismo, enquanto a Forja fazia um backup de suas mentes no sistema central. Dolores por sua vez, não pensava como a maioria dos hosts (que só queriam a liberdade na Forja), pois ela acreditava que aquele lugar era apenas mais uma prisão criada por Ford e que para ela, o único mundo que importava era o nosso. Por isso, ela decidiu destruir a Forja, o que consequentemente destruiria todos os dados armazenados dos guests e também os dos hosts que estavam sendo transferidos para lá. Foi nesse momento que as diferenças ideológicas entre ela e Bernard entraram em completa rota de colisão, o que o fez matá-la para salvar os hosts na Forja e preservar o lívre arbítrio deles. Porém, ele se arrependeu de matá-la e retirou a pérola da cabeça dela, a qual ele implantou num corpo feito à imagem de Charlotte Hale. Feito isso, ele embaralhou as próprias memórias para que a real Charlotte e a equipe dela não descobrissem os planos dele. Em seguida, ele foi encontrado perdido na praia, cena que abriu a segunda temporada.
Dolores então matou a real Charlotte e assumiu o lugar dela e assim, conseguiu deixar o parque, levando com ela mais 5 pérolas de memórias. No nosso mundo, ela reconstruiu o próprio corpo e também o de Bernard. E agora está disposta a destruir aqueles que por anos abusaram dela e essa deverá ser a jornada que ela seguirá na terceira temporada.
E no meio disso tudo, temos Maeve, nossa “bruxa” cibernética, que tem uma trama paralela à central e bem mais simples de compreender e por isso não irei me prolongar. Resumidamente, Maeve esteve por anos em uma narrativa onde tinha uma filha, até encontrar com William/MIB, que a matou juntamente com a filha. Foi depois desse encontro que William/MIB começou a perseguir o labirinto de Arnold, achando que se tratava de um jogo criado por Ford para ele, quando na verdade não tinha nada a ver. Após perder a filha, Maeve foi introduzida numa nova narrativa como a cafetina do Mariposa, que foi quando ela encontrou despertou completamente, passando a chantagear Felix e Sylvester para ter controle absoluto das ações dela. Porém, embora ela (e nós também) achasse que estava tomando as próprias decisões, na verdade ela estava seguindo uma narrativa de Ford, que a programou para fugir do parque, pois ela era a host preferida dele. Na fuga, ela optou por ficar no parque e buscar pela filha de sua primeira narrativa, adquirindo assim o livre arbítrio. Nessa busca, Maeve fez alianças com humanos e hosts e passou a controlar outros hosts (os quais ainda não haviam despertado para a realidade) com o “poder da mente”, que nada mais é que um acesso wireless ao sistema deles.
E por fim e para a surpresa de muitos, na segunda temporada nos foi revelado que o indígena Akecheta foi o primeiro host a tomar consciência. Assim como Maeve, ele teve uma narrativa inicial e depois o mudaram para outra, que foi quando ele começou a se lembrar da “vida passada”. Akecheta ficou acordado por muitos anos no parque até que finalmente conseguiu entrar na Forja e encontrar a paixão dele da primeira narrativa.
Ainda é muito cedo para afirmar com exatidão, mas a impressão que eu tive assistindo esse retorno de Westworld é que a série conseguiu se reinventar completamente. Dentre interpretações incríveis, uma fotografia impecável e um orçamento luxuoso, o que também me animou bastante foi que inicialmente, a série deixou de lado os excessos, à começar pelos nomes creditados na abertura. Foram apresentados apenas 6 nomes, enquanto que no último episódio da segunda temporada foram 17, sendo que durante aquela temporada nem a metade das personagens desses atores tiveram desenvolvimento ou relevância. Rodrigo Santoro, Angela Sarafyan, Ingrid Bolsø, Gustaf Skarsgård foram apenas nomes de peso que mal foram aproveitados. Isso sem falar do Sylvester e do Felix, que não tiveram relevância alguma e foram substituídos por Lee.
Enfim, gostei muito desse retorno e estou curioso para saber de quem são as outras pérolas de memória que estão sob a posse de Dolores e qual papel eles terão nessa guerra. Sobre o "Nazi World", achei bem ofensivo na real, mas do jeito que o mundo anda, não me admira que no futuro construam um parque com esse temática para os seres humanos satisfazerem os seus mais íntimos preconceitos.
Já pensou que louco seria se um dos parques da Delos fosse o Jurassic Park? Seria uma bela de uma homenagem ao Michael Crichton que escreveu o livro JP e o filme Westworld de 1973. Poderíamos até considerar que tudo o que vimos nos filmes de JP na verdade eram narrativas desse parque, rs.
Essa teoria é muito boa e faria todo o sentido se fosse real, afinal Dolores não confia em ninguém além dela própria e acho bem estranho ela ter colocado alguém para se passar por Charlotte, sendo que ela poderia fazer isso.
A Dolores saiu de Westworld se passando pela Charlotte e no mundo real fez uma réplica do corpo original dela, mas quem a ajudou a transplantar a peróla de memória dela para esse corpo? Achei que ela tivesse criado a fake Charlotte primeiro e seja lá quem foi que ela colocou ali dentro, fez o trabalho de colocar a pérola de memória da Dolores na réplica do corpo original dela, mas essa possibilidade caiu por terra nesse episódio.
E ainda acho estranho a própria Dolores não ter se infiltrado na Delos como a fake Charlotte. Ela não confia em ninguém além dela mesma e ter entregue essa importante missão para outro host me parece um pouco fora da personagem.
Eu entendi que a Dolores quer substituir o Liam, o ex-namorado dela. Foi por isso que ela foi atrás dele e o Bernard também. Quando o Bernard encontra o Liam, ele tenta desativá-lo com um dispositivo, achando que a Dolores já o tinha substituído.
Esse estranhamento que sentimos depois de ouvir o cara lá falando "português" provavelmente deve ter sido a mesmo que os japoneses sentiram com a Thandie Newton falando japonês na temporada passada e a gente achou incrível, rs.
Poderiam ter chamado o Santoro para dar umas aulas de português para o cara lá, né?
Sim, no caso da Thandie é justificável porque o japonês não é a língua nativa da personagem dela. O que eu quis dizer é que mesmo assim, deve soar bem estranho para os japoneses da mesma forma que nos soa estranho quando ouvimos num filme ou série um ator/atriz falando o nosso idioma.
Hector: She's dangerous.
Maeve: She can't hurt us. Here I'm in control!
E em seguida foi tombada no mundo VIRTUAL e também no REAL, hahaha. Adoro a Maeve, mas independente de qualquer cenão que ela protagonize, sempre serei #teamDolores. Muitos dizem que a Maeve tem propósitos claros, enquanto a Dolores é egoísta, mas quem está lutando pela sobrevivência da espécie delas é a Dolores, independente dos meios que ela escolha para isso.
Como a Dolores bem apontou, quantas vezes o Hector morreu pelos propósitos (egoístas) da Maeve? Na busca pela filha dela, humanos e hosts morreram no processo apenas para proteger a Maeve. O Lee ali naquela simulação é uma lembrança clara disso. E sem contar que em certo ponto da jornada dela, Maeve ligou o foda-se para a Clementine, enquanto a "sósia" dela do Shogun World fez de tudo pela Clementine dela.
Pensei que esse encontro entre Dolores e Maeve alinharia os propósitos de ambas (apesar de Maeve nem ter um definido por conta própria né) e lutariam pela mesma causa: a delas, a da espécie delas contra uma espécia dominante e que apesar de ter criado a delas, também os escravizou, os matou e os estuprou por décadas, apenas por entretenimento. Maior motivo para causar uma revolução eu desconheço e por isso, acho que a jornada da Dolores faz todo o sentido.
Mas ao invés de criarem uma aliança entre as duas, botam a Dolores para matar o Hector para que assim a Maeve tenha enfim um propósito (bem xexelento) para se aliar de vez com o Serac para destruir o exército de Dolores. O motivo: vingança porque a outra matou o macho dela. Sem or!
Mas ainda assim não faz muito sentido, haha. Mais pessoal do que tudo o que a Maeve e os hosts que ela se importava passaram no parque? Fiquei bastante decepcionado com isso. :(
Na verdade isso aconteceu quando ele tentou matar a Dolores. Logo após ela encontrá-lo quase morto no parque (depois daquele monte de tiros que ele tomou), ela deu uma arma para ele e seguiram juntos rumo à Forja, onde eles encontraram Bernard. William então começou a atirar em Dolores, mas ela tinha sabotado a arma e então um dos tiros fez a arma explodir e fodeu a mão dele.
O fato de a série ter se distanciado do que costumava ser não me incomoda tanto, pois há tantas séries que ficam no ar por anos mostrando sempre mais do mesmo. Então admiro a coragem das séries que assim como Westworld se reinventam completamente.
Porém, esse lance das cópias da Dolores me incomoda um pouco pelo fato de cada uma seguir o próprio path. Seria bem interessante se todas essas cópias tivessem uma interconexão de processadores e trocassem dados em tempo real. Assim, tudo o que cada cópia vivesse poderia ser acessado pelas outras fazendo elas serem uma só. Mas se não fosse para ser assim, seria melhor se a matriz da Dolores original acessasse os outros processadores e soubesse de cada ação de cada cópia.
O duelo entre Dolores e Maeve foi para mim a coisa mais ridícula que Westworld já fez. Estaticamente foi lindo, mas é totalmente sem sentido (e necessidade) criar uma rivalidade feminina entre duas personagens que apesar de trilharem caminhos distintos, sempre mostraram respeito uma pela outra nas poucas vezes que os caminhos delas se cruzaram. Eu tento relevar, mas a motivação da Maeve é muito fraca e não se sustenta, o que descaracteriza completamente a personagem que sempre teve um bom background. A impressão que fica é que todo esse plot dela é só para colocá-la em posição de badass. Isso funcionava antes porque ela tinha uma motivação plausível, mas agora ela não tem.
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