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Happy Valley By





Episodio 1x1 2016-06-03 17:08:12

Uma característica que me atrai de imediato em séries de investigação/policiais é quando as faces comuns das personagens aparecem e, mais que isso, se sobrepõem a qualquer ideia de um herói ou heroína que se pretenda colocar acima dos demais mortais, nessa tendência a se desenvolverem os sherlocks da vida. Aqui, as inquietações, os problemas, as centelhas de acaso ou de destino, transpassam os caminhos de Catherine e a marcam, assim como marcariam a qualquer um de nós. Ela não precisa ter características singulares, nada especial, nada que a distinga, nada que a coloque quase naturalmente superior. Sabemos logo no primeiro episódio de sua tão carismática normalidade, mesmo com suas dores mais vivas, magoáveis.

Muita gente tá lembrando de Fargo, que eu não vi. Mas eu vi The Killing e foi como se eu soubesse o quão próximas seriam Catherine e Linden se elas se cruzassem. As duas me conquistaram imediatamente, inclusive.

Episodio 1x1 2018-02-25 10:48:24

Eita, Jean, que saudade dessas lindas!
Aproveita essa maratona maravilhosa ^_^

Episodio 1x2 2016-06-03 22:11:37

A história vai se desenvolvendo em meio a acasos que despertam ansiedade e dramas que nos constrangem perante a fragilidade humana, seja em suas fraquezas, seja em suas dores. Os plots que parecem diversos se enredam, estabelecem ligações e vão construindo esse pequeno universo do Vale, onde tudo parece confluir: dos vendedores de maconha no carro de sorvete, até o vizinho do ex-marido de Catherine ser Kevin, passando por Catherine bater à porta do estuprador de sua filha, que é o sequestrador de Ann. Fico esperando o que mais se revelará como linha nessa teia, quem mais cruzará o caminho um do outro ali.

Muito doloroso ver a rejeição da família a Ryan, assim como é doloroso imaginar o que Catherine teve que superar, tanto em relação ao marido e ao filho, quanto em relação a si mesma, ao acolher o neto, filho do estupro, mas também sua carne e sangue, como diz. Sobre essas situações não cabe o julgamento, principalmente porque as pessoas sentem os efeitos dos traumas de formas distintas e seus atos também o são. A série tem mostrado indivíduos que arcam com as consequências das dores que escolheram sentir, quando não tinham a chance de viver sem alguma delas, a não ser que recorressem ao suicídio (depois de tê-las sofrido), como a mãe de Ryan. São martírios de diferentes espessuras, provando a resiliência de cada um, desafiando seus princípios, relativizando suas concepções morais.

Episodio 1x3 2016-06-03 23:29:14

As fatalidades vão preenchendo uma narrativa que se caracteriza justamente por montar uma teia de histórias que se aproximam das formas mais inesperadas, mas que se amarram de maneira inequívoca, como se o Vale estivesse realmente em uma sintonia que coloca esses personagens em uma dança quase instantânea. Até aqui, os encontros são trágicos, assim como os desencontros ou os pequenos, mas letais descompassos no tempo.

Um ciclo perigoso que começa no crime que Tommy cometeu e termina na necessária vingança de Catherine, só chegando ao fim quando as contas estiverem acertadas, como se o próprio universo as cobrasse. Aqui, não se trata mais da busca pela justiça, da prisão de um criminoso, do sentimento de cumprimento do dever policial que é clássico nas séries desse estilo. Há algo que transpõe esses ditames, algo em que Catherine não parou pra racionalizar, mas que a marca a cada passar de dia, a cada desencontro trágico, apesar do descompasso, da culpa que guardará pela morte de Kirsten, do eterno "se" que terá de suportar: se não a tivesse posto à prova, se tivesse arrombado a porta na primeira vez que ouviu seu instinto, se tivesse vingado sua filha antes, se tivesse evitado que outros pais e outra filha sofressem. Ela internaliza os dramas dos outros. Porque passou por uma experiência terrível, sobre a qual espera tomar as contas.

Episodio 1x4 2016-06-04 12:43:33

Que teia fascinante foi construída nesses 4 episódios, embora ainda não tenhamos o fim do ciclo, o desfecho do enredo que vai edificando características singulares nos habitantes desse Vale que guarda tantas tragédias. Não por falta de luta de seus moradores. Emana dessas personagens uma força tão contagiante que não sabemos explicar exatamente o porquê de tanta tristeza, de tantos obstáculos, de tantos desgostos.

Talvez porque a maldade se apresente em vários sentidos aqui, apesar de ter pesos diversos: Kevin, Ashley, toda a perversidade de Tommy. É como se isso carregasse a atmosfera ali, impregnasse algo de ruim. Não bastasse o que já acontece, Tommy agora quer se aproximar de Ryan, do menino que anseia por brincar com o avô, ainda muito imaturo pra reconhecer o que Catherine faz por ele. Há um risco real de que Ryan possa se apegar ao estuprador da mãe, o que seria a peça mais cruel no destino de Catherine, ter que conviver com isso, diante do medo que ela já tem de que "Ryan seja como o pai", revelado no primeiro episódio.

É impressionante como o risco a alguém que amamos nos tira tão facilmente a capacidade de racionalizar: os pais de Ann são prova disso. Quando a mãe entrega as informações para a polícia, o alívio que sentem é palpável, diante do acolhimento, diante da esperança que se renova. Esse desfecho é uma demonstração de que as coisas podem voltar aos seus devidos lugares, mas não sem um custo. O custo foi Kirsten.

Episodio 1x5 2016-06-04 18:03:21

Bonita a gratidão e o apego que Ann desenvolveu por Catherine, que arriscou a vida também para salvá-la, apesar de ter ido à caça de Tommy por motivos pessoais. Em todos os sentidos, Tommy está no caminho dela, esperando pra ser pego enquanto tenta escapar à vingança, agora obsessivo por se aproximar do filho, aquele que redimiria seu fracasso. Em toda sua perversidade, Tommy enxerga Ryan como a chance de redenção, depois que tudo tinha dado errado pra ele, depois de ter desperdiçado tanto, magoado pela vida ter dado oportunidades a um Ashley, enquanto ele, que se julga tão promissor, ficara relegado à pequenez. Depois de tudo, Tommy ainda se sente no direito de cobrar a vida.

Os receios de Catherine sobre Ryan são absolutamente compreensíveis... Ela atribui a ele boa parte da responsabilidade que é do estuprador da sua mãe, mas seria inevitável que, vez ou outra, diante do comportamento do neto, Catherine nutrisse esse medo. Com essa tragédia toda, mesmo que se queira racionalizar o que acontece com Ryan na escola, lembrar da violência que o gerou é mais recorrente que lembrar do amor que o criou. Diante de suas carências com relação aos pais, provavelmente o fato de Tommy ter lhe dito que era seu pai, o marcará e fará com que passe a se questionar acerca de suas origens, mesmo sendo tão novo para entender algumas coisas.

Ao fim disso tudo, talvez essa história tão dolorosa dê certas respostas a Catherine sobre punir os bandidos maiores, os chefões, algo que a inquietava no primeiro episódio, consciente de que a luta contra as drogas que fazia era algo ineficaz, em certo sentido. Que ao fim, ela sinta que seu empenho valeu para algo que considera realmente importante, além de conseguir resolver suas angústias. Em uma série marcada por personagens que atribuem suas responsabilidades a outrem, querendo livrar suas consciências das culpas, a exemplo de Tommy que culpa a vida e Kevin que procura a todo custo transferir de si a mesquinhez que o levou a ser desprezado por quem quer que o olhe, Catherine abraça suas decisões, disposta a enfrentar a si mesma.

(A profecia foi feita: James Norton segurando um exemplar de Guerra e Paz :v)

Episodio 1x6 2016-06-04 18:06:29

E então Catherine pôde contemplar o Vale e, por um momento, ser feliz. Em paz com o que conquistou, mas ciente dos problemas que mantém. A conversa com o filho demonstrou como ela entende as consequências de ter assumido Ryan e as dores por Becky, mesmo quando todos sugeriam que ela o deixasse, para quem sabe superar suas perdas. Mas o senso de responsabilidade dela não a permitiria ficar em paz depois disso, como ela não teve paz até pegar Tommy, superar a tentação de matá-lo para condená-lo ao sofrimento, à humilhação. A morte seria pouco para ele, apesar da ideia de livrar o mundo de um ser como aquele a satisfizesse.

Com toda a carga negativa possível, foi bom Ryan conhecer o pai e testemunhar seu caráter, sua personalidade, suas agressões gratuitas e suas irresponsabilidades. É uma resposta que ele precisaria ter, com o risco da inquietação perturbá-lo toda a vida, lançando as consequências disso a Catherine.

Quanto a Kevin, é impressionante como consegue conviver com o que fez, encontrando justificativas para isso e, como se não bastasse, erguendo com orgulho e absoluta mesquinhez uma lição para o egoísmo de Nev.

No mais, creio que a segunda temporada trará uma trama mais ampla, com uma Catherine mais resolvida consigo mesma, em seus assuntos pessoais, tratando de colocar novos eixos para sua relação com o neto e o restante da família. Happy Valley trouxe uma ótima temporada, ansiosa pelo que está por vir :3

Episodio 2x1 2016-06-04 18:27:50

Alguém faça Catherine parar de sofrer, minha gente!

Já estou esperando como essas narrativas vão se alinhar, como quando na primeira temporada, tudo parecia distante e se aproximou, como uma orquestra do destino, do acaso, algo que escapa ao nosso controle.

Há uma atmosfera de inquietação no Vale, como se o sossego não pudesse durar muito tempo, como se ninguém estivesse a salvo disso. Acredito que o assassinato da mãe de Tommy, como uma terrível coincidência, ainda poderá trazer perturbações para Catherine, como já está acontecendo. Mas ele pode usar isso para temperar o ódio obsessivo que sua amiga/namorada já começou a nutrir.

A questão é que tínhamos homens perturbados na primeira temporada e esta inicia apontando para mulheres desestabilizadas, seja a amante do investigador, seja o caso de Tommy. Essa mudança de perspectiva pode ser elaborada de forma a valorizar o enredo da série. Mesmo assim, minha primeira desconfiança sobre o assassino foi o amigo de Clare. Se as insinuações estiverem certas e apontarem uma mulher como a responsável pelos crimes, será mais uma ousadia bem-vinda de Happy Valley.

Episodio 2x2 2016-06-04 20:09:17

Catherine viu Frances, o que basta para daqui a pouco juntar os dados e entender o perigo que ela representa. Nesse passo, é bom ver como Ryan vai ficando parecido com a avó, ao ser caracterizado como o menino perspicaz, como disse o tio que antes o detestava. É bom vê-lo crescendo a partir das influências de Catherine e eu espero que ela consiga perceber isso, que seria motivo de alegria, um pouco de alívio em meio a seus medos. Vê-la se deleitar sutilmente com o sofrimento de Tommy faz entender o porquê ela escolheu mantê-lo com vida. Ao mesmo tempo, não deixa de ser angustiante saber que pode ser acusada pelos assassinatos, já que não tem álibi (provavelmente visitava o túmulo da filha).

Muito bom ver Ann superar a terrível experiência, tornando-se policial. Impossível não pensar nisso como uma homenagem a Kirsten, que foi o sacrifício indireto a salvá-la. No mesmo passo, sua convivência com Catherine a engrandece e vemos que há traços que as aproximam.

Que triste a recaída de Clare, principalmente nesse contexto de tantos riscos... E sobre o assassinato de Vicky, provavelmente o investigador armará para colocar a culpa no serial killer. Aliás, não consigo entender como teve uma carreira como investigador, descentrado daquele modo.

No mais, o elenco vem se afirmando muito bem, construindo interpretações memoráveis, com destaque pra Sarah Lancashire. Estarei atenta para outros trabalhos dela.

Episodio 2x6 2016-06-05 03:55:51

Entre a terrível decepção e a concretização de um medo que ela guardava, apesar da esperança de que a bondade prevalecesse, que o carinho que dera ao filho o colocasse em uma trajetória livre de fantasmas e da herança maléfica de sua origem, Alison se deparou com a angústia inimaginável de ter criado um ser tão perverso, daqueles que apresentam a face humana ao que culturalmente representamos como o mal, quase um mal metafísico, para além do humano. O pior choque deve ser a consciência de que nada existia em Daryl para além da capacidade humana de fazer o mal. Não havia as vozes das quais ela de forma tão esperançosa buscou saber. Não adiantou isolá-lo de más influências. Resta a condenação eterna pelo que fez, aquela que ela mesma se aplicou, aquele arrependimento que sempre nutrirá, o sentimento de fracasso, rancor, desengano perante o que viveu, perante o que o universo lhe deu.

Alison é o que Catherine sempre temeu se tornar. Ela guarda o medo tão profundo, que sempre terá agarrado sobre si, de que crie um perverso. Teme que a maldade seja metafísica e esteja impregnada nos genes de Ryan, o filho do estuprador. Teme que haja um destino e que ele lhe seja tão cruel quanto foi para Alison. Por isso ela não conhece a paz, por isso ela não se dá ao direito de permitir que outras maldades aconteçam no mundo estando de braços cruzados. Porque pensa que seus atos de bondade podem garantir ao seu neto um espírito puro. Espero que Happy Valley venha para nos mostrar que o que molda o caráter, o que alimenta o espírito é o amor que ele consegue enxergar e acolher. Espero que assim Ryan veja, através de sua avó, de sua coragem.

A segunda temporada conseguiu ser melhor que a primeira nessa reta final, com os casos de John e Daryl. Happy Valley até aqui nos ilustra que há espaços para duas concepções sobre o mundo: aquela que mostra não haver maniqueísmos em nada; aquela que mostra algo de permanente na natureza do mundo, como se houvesse males, assim como há faces da bondade, que superam qualquer ideia relativizadora sobre nossa existência. Lembra o símbolo taoísta, a dualidade.


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