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Masters of Sex By





Episodio 1x1 - Nota 8 2015-12-02 18:55:50

A história a ser contada é bem instigante, atrai a simpatia imediatamente e certa curiosidade. Isso não compensa a má introdução dos personagens, mas é suficiente pra cativar de início.

Virginia e Masters formaram uma ótima dupla, mas em um contexto desenvolvido de forma muito apressada. Ainda assim, já no estudo, a empolgação dela coincide com a dele e, até mesmo o carisma de uma e a seriedade do outro entram em um alinhamento, deixando essa harmonia no ar. Como se tudo estivesse se adequando, se encaixando, quase uma metáfora para a relação sexual (que acaba por ser proposta, ao final).

O que me deixou desarmada foi o abraço entre Virginia e a Senhora May, na manhã seguinte à agressão. Era um abraço de cumplicidade, como se Virginia sentisse, sinceramente, ter uma preciosidade entre os braços. E realmente tinha :3

Episodio 1x2 - Nota 9 2015-12-03 21:35:25

Rá! E eu tentando lembrar com quem ele parecia :D

Episodio 1x2 - Nota 9 2015-12-03 22:13:01

Que personagem complexo é Bill Masters, quase paradoxal. Ao mesmo tempo em que desenvolve um estudo inovador, que tende a ajudar nas rupturas com formas arcaicas de lidar com o sexo, principalmente no que se refere às mulheres, ele guarda valores sociais, de extremo recato, quase encarando como um desrespeito ter prazer com sua esposa. Como ele disse, é como se ela fosse digna demais pra isso. O sexo é tabu para o médico que quer revolucionar a forma como ele é pensado. Nesse passo, Beauvoir já transcendia a ciência, como demonstrou o ótimo momento da leitura de "O segundo sexo".

É sintomático ele ter levado seu estudo para ser desenvolvido junto a prostitutas. Eram (são) a elas que os homens mais conservadores recorriam para se extravasarem no prazer sexual, transbordarem-se nas práticas que seriam consideradas levianas por uma sociedade que preparava as mulheres para a reprodução, embora os questionamentos e as transgressões a isso já estivessem bem mais comuns que há pouco tempo. Agora, os avanços científicos precisam delas, aquelas que promoveram transformações um tanto silenciosas nas relações entre homens e mulheres.

E então temos Virginia como aquela que fala abertamente sobre o sexo, que tem uma vida sexual com menos prisões, sem se considerar devedora perante sua consciência. Não tem falsos moralismos, não se constrange sobre suas ambições para além da figura feminina considerada modelar: por exemplo, não trabalha apenas para sustentar os filhos, mas gosta disso, gosta de se sentir parte de um estudo, gosta de sua independência e, principalmente, não se preocupa em esconder ou compensar isso. Não se sente obrigada, apesar da confissão sobre uma das razões pelas quais teve filhos: para não se sentir frustrada no futuro. Ela é uma mulher de seu tempo, afinal. Com uma mente vanguardista, mas de seu tempo, como todas nós fomos e somos. Sem dúvida, tem muito a ensinar a Bill.

Gosto muitíssimo das diversas faces femininas apresentadas, cada uma delas em sua complexidade, prometendo personagens ricas e, sobretudo, intensas. Ótimo episódio.

Episodio 1x3 - Nota 10 2015-12-04 02:43:17

Imagino como foi incômodo pra Bill, doloroso até, chantagear o reitor. Ele deve ter se sentido baixo, absolutamente consciente do mal que praticou. Há que se observar que a série está em meados do século XX e a homossexualidade era um assunto não apenas tratado como anormalidade, mas como algo a não ser mencionado, algo a ser mantido nas sombras ou cuidadosamente escondida "à luz do dia". O flashback foi incrivelmente harmonioso com todo o argumento construído ali e seu sentido só vai ficar realmente claro com a revelação sobre o reitor.

O conservadorismo da sociedade, principalmente quando se tem certas posições, torna-se implacável (pelo menos até alguém decidir revolucionar as normas impostas). Bill, nesse passo, é marcado por elas, marcado pelos tabus, marcado pela frustração de não ser um bom reprodutor, papel que também é cobrado dos machos nesse contexto. Para diminuir essa sensação, joga a culpa para a esposa, como se ela tivesse a obrigação ou o papel de esconder uma falha que não é dela. Toda a complexidade do personagem é explicada pelo contexto no qual ele está inserido e pela centelha em sua mente, de despertar questionamentos sobre algo considerado primitivo e básico, mas transformado em uma sacralidade deformadora. Nas concepções sociais sobre o sexo, a natureza e suas formas foram consideradas perigosas e, por isso, tentaram podá-la em uma normatização inventada. Bill, mesmo querendo descontruir algumas dessas normas, é preso a elas, como homem de posição privilegiada. Quem está ali para soltá-lo dessas amarras? Virginia :3 A mesma Virginia que acolheu a médica, ajudou Libby a se livrar de um sentimento de culpa tão cruel, ouviu e considerou o que Betty disse... Ela é necessária ali. Sabe e gosta disso.

As participações das prostitutas são sensacionais mesmo! Cada uma ali guardando suas histórias, as mais doloridas e aquelas que nem tanto, conseguem despertar até mesmo a sensibilidade de Bill, muitas vezes ressecada por esse pragmatismo quase implacável que lhe é característico.

Episodio 1x4 - Nota 9 2015-12-04 17:26:01

A história da infância de Bill vai se desenhando e mostrando as razões dele parecer frio com relação à gravidez de Libby. Esse paralelo com a mulher que pediu pra fazer a ligação foi didático acerca dos conflitos que ele enfrenta e ilustrou muitíssimo bem como ele pode se deixar levar pelos sentimentos das outras pessoas, principalmente se fazem sentido para ele. Esconde diariamente uma cicatriz que agora lateja por causa do filho ou da filha que vai chegar. O episódio com os filhos de Virginia, a impaciência reinante, o medo de se imaginar como pai, de não cumprir bem o seu papel, ao mesmo tempo em que acolhe e consola tão silenciosamente o filho mais velho de sua paciente, demonstram uma insegurança e uma necessidade de consolo que ele não se sente à vontade de confessar à esposa. Daí, Virginia, a quem ele vai conseguindo se ligar de forma tão espontânea.

Episodio 1x5 - Nota 9.5 2015-12-04 17:54:15

Tantos anos se passaram e mães continuam enfrentando esse mesmo dilema de Virginia, nutrem um sentimento de culpa bem parecido sobre trabalhar demais e ter menos tempo com os filhos, sentem as cobranças nos dois aspectos... É algo que permanece e se revela com mais frequência do que supomos. Se já é difícil hoje, como calcular como o era para as mulheres da década de 50, 60? Só me faz admirar ainda mais a força de Virginia, essa determinação aparentemente inabalável que ela tem, que ainda consegue atender às necessidades de Bill, solidarizando-se com a angústia de Libby. Ver Henry reclamando, ao mesmo tempo é compreensível (é uma criança que sente falta dos pais) e dá aquela sensação enorme de injustiça, já que ele idolatra um pai totalmente irresponsável. É essa presença claramente prejudicial que ela não quer junto aos filhos, apesar de sentir todo o peso da responsabilidade.

Sobre relações com os pais, tudo que se apresenta parece se ligar à história de Bill, fazer com que compreendamos todo o seu trauma. Isso não anula ou diminui o fato dele se portar como um idiota para com Libby às vezes. A cada episódio só me convenço mais da complexidade desse personagem. É impressionante como ele é travado com Libby, como é travado com todos. Quando ele pede pra Virginia fechar os olhos porque não suportaria que alguém o visse frágil, é menos por ser arrogante e prepotente, menos por querer ser o Todo Poderoso e mais pelo medo que tem de confiar em quem quer que seja. Sei que seu trauma da infância não justifica tudo, mas há de se levar em conta que isso o atinge de forma muito profunda, vide os episódios de sonambulismo, vide toda a mágoa que guarda da mãe.

A cena do parto induzido, dele segurando sua filha morta, que ele irônica e tragicamente tinha batizado pouco antes, aquele instante em que ele a segurou, mostra todo o impacto na hora do desespero impossível de ser contido. Enfim, não consigo ter raiva dele ou achá-lo ruim. Ele é machista, isso é péssimo. Seria mesmo se não tivesse nenhum trauma. Mas é sobretudo uma figura perturbada. Não dá pra condená-lo antes que ele se livre disso.

Episodio 1x6 - Nota 9.5 2015-12-04 21:36:23

Libby foi ótima quando decidiu ficar sem Bill na Flórida. Ela precisa lembrar como é estar sem ele e saber como é viver sem estar acompanhada ou esperando um homem. Deu um passo importantíssimo para isso e merece se sentir livre dessas amarras: "meu marido morreu... acidente de avião" - a pequena e traquina vingança por ter notado que ele não queria estar com ela de verdade, não conseguir se desligar do trabalho (e de Virginia?). Infelizmente encontrou Morris... espero que ele não estrague completamente aqueles dias pra ela.

Esse episódio teve diversos pontos memoráveis, bons mesmo: todo o diálogo e as discordâncias com Freud, o talento de Virginia sendo notado e reconhecido, a própria Libby (que esteve realmente impecável); mas é a história com Margaret que mais me impressionou. O quão afetada aquela mulher foi pelas insatisfações sexuais do seu marido e pelas normas sociais que envergonhava a mulher que ousasse sentir prazer? O quão cruel é usá-la para "esconder-se à luz do dia"? Socialmente, até então sempre apareceu satisfeita, exibindo uma imagem que era necessária para ele, de uma esposa feliz e madura... Até que se revela tão frustrada e infeliz :/

O título desse episódio é ótimo :3

Episodio 1x7 - Nota 9 2015-12-06 20:55:59

Quando Virginia entregou a Libby o segredo de Bill, que ele tinha “espermatozoides preguiçosos”, revelou uma preocupação com ela, uma solidariedade que havia brotado diante de uma relação de empatia. Agora, me parece que essa empatia só foi gerada por Libby ser esposa de Bill. Sinto incômodo vendo a relação deles, principalmente por Bill ter se apercebido do interesse por Virginia bem antes e, mesmo assim, agir como se ele não existisse, continuar os testes e ainda usar Libby de modo tão desleal.

É óbvio que haveria um envolvimento entre eles, indicado pela comunicação e cumplicidade que existem desde os primeiros contatos dos dois. Sexualmente, ele não consegue enxergar Libby como alguém para se entregar e suprir seus desejos. Com Virginia é o exato contrário.

Margaret se envolveu demais com Austin, o que é perigoso pra ela porque ele já caminha pra um desencantamento, como revelou ao terapeuta. Ela sofre bastante por não saber os motivos da insatisfação e do desinteresse do marido e tudo aquilo demonstra um cansaço que a frustra e embaraça ao mesmo tempo.

Episodio 1x8 - Nota 9.5 2015-12-06 21:19:24

Não, Bill, Virginia não depende de tu pra ser boa =

Bill e Libby, Ethan e Vivian, Margaret e Barton, Austin e a esposa, nenhum dos casais formados da série mantém uma relação de amor recíproco. Em todas essas uniões falta a cumplicidade que algum (ou os dois) dos membros encontrou fora do casamento. É triste de ver o apelo de Margaret ao amante do marido, que ele não se case porque o desencantamento é certo. Em uma época na qual as convenções e tradições sociais convivem com vanguardas de desconstrução dessas ordens e instituições que eram acostumadas a silenciar sofrimentos, é esperado que haja tanto choque e desconforto.

Libby sendo racista foi pra nos desagradarmos dela e dizer que "ela não é tão boa assim", facilitando uma aceitação da traição de Bill e Virginia?

Uma pena ver Ethan casando com Vivian apenas porque supostamente chegou a hora de casar e ela é uma pessoa que ele considera legal... Como a infelicidade pode ser semeada com facilidade :/

Espero que DePaul reconheça o esforço de Virginia e não a prejudique para trocar favores com Bill. Se ele insistir nisso, fingindo apoiá-la, mas cerceando seus avanços nas disciplinas, vai ser mais ridículo ainda.

Episodio 1x9 - Nota 9.5 2015-12-07 13:29:23

Ethan finalmente conseguindo determinar o que ele realmente não quer, que é se casar quase no modo automático. Eu não consigo confiar na bondade do seu caráter, contudo, apesar de toda atenção para com Virginia. Isso só acontece porque ele a quer.

Do outro lado, Bill vai a afastando, tentando esconder seus sentimentos naquela falsa prepotência que ele mostra, e ela vai se dando conta de sua importância. Virginia caminha para uma autonomia total, o que é muito gratificante de ver, principalmente depois dela ter tido aquela conversa com os filhos, sobre não ser notada porque não tem um diploma. Espero que ela não se deixe abater pelo que ele tentou fazer, apesar de todo o peso que uma afirmação daquela tem, naquele contexto e depois de Jane ter lhe lembrado como os maridos são capazes de usar e dispensar facilmente suas amantes.

Que cena linda a do orgasmo no final, basicamente libertador :3

Libby tem suas perturbações próprias, que foram cuidadosamente amenizadas em uma metáfora ótima sobre o contexto em que a esposa diminuía suas próprias angústias por causa das angústias de seu marido. Assim como torço pra emancipação total de Virginia, torço para a dela. Espero que Essie a ajude nisso, como parece que vai. Outra personagem que merece um crescimento na série.

Episodio 1x11 - Nota 9 2015-12-07 23:42:23

Bill sentindo a paixão, a culpa, o desengano doerem... É ótimo ele passar por isso, amargar o fato de que não pode tudo, nem controla tudo, nem todos. No fundo, sempre soube disso, mas as pessoas ao seu redor pareciam não acreditar na falibilidade dele. Até que Virginia apareceu, notou isso e lhe disse em tom aberto e franco. Virginia melhora Bill. E a cada episódio, fico mais fascinada por essa capacidade que ela tem, de ler as pessoas e fazer com que elas se leiam também.

"23 vezes. Eles devem ter se apaixonado"... A bichinha de Libby :/

Não me agrado nada desse caso com Ethan, mais pelo fato dele ser tão devotado. Ele já reagiu de forma bastante violenta diante de uma recusa dela e, mais cedo ou mais tarde, cobrará o que julgará ser obrigação: amor. Acho que ele foi um erro diante de todo aquele bom desenvolvimento que ela vinha tendo... esse romance é mais pra suprir uma carência, de afeto, de companhia, de família. Espero que ela perceba logo, assim como Ethan percebeu com Vivian (e agora os papéis se inverteram), que segurança/zona de conforto não significa felicidade.

Que companheirismo bonito vai se construindo entre Virginia e Lilian =]
Todo aquele desamparo por parte dela e a esperança de ter encontrado alguém capaz de seguir com seus estudos, preservar e fazer crescer seu legado. Fez Virginia notar como ela pode ter ambições que superam a tutela de alguém, principalmente de Bill. Esse lugar construído pra Virginia é justo. Nesse passo, conscientizando-se disso, só há que admirá-la mais pela lealdade que mantém a Bill e à formação dele, sem deixar rancores interferirem no seu julgamento.

Episodio 1x12 - Nota 10 2015-12-08 23:00:35

Enquanto Libby vê o sonho de uma vida em seus braços, Bill sentira o seu escapando e um pesadelo se personificando nos colegas médicos e seus conservadorismos. O sonho de Bill só não foi completamente perdido porque ele encontrou Virginia. E isso será o pesadelo de Libby. Eles estão em desencontro total, apesar da proximidade dos corpos, nessa falta de sincronia que muito dificilmente será remediada pelo bebê que ela esperou tanto, mas que ele não queria. Ficarem juntos é seguir ao dissabor das convenções sociais.

Quando Bill foi bater à porta de Virginia, debaixo da chuva, ele sabia que se seu mundo findasse, ele só desejaria estar com ela (Lester fez referência a essa mesma imagem em Fallout, com Jane). Sua consciência é tanta que não pode negar-lhe a autoria do estudo. Nisso, ele demonstra o respeito para com a profissional e deixa entrever a irrevogável ligação que tem com Virginia: seu filho com ela, o estudo, foi desejado e cuidadosamente planejado. Eles estão em uma sincronia inquestionável, apesar do distanciamento dos corpos.

Espero que Virginia, mesmo se não quiser Bill, rompa com Ethan. Eles nunca combinaram e ela não deve esquecer o que ele pode fazer quando as coisas não andarem como de seu agrado (sim, o tapa). Todo esse perfil amoroso caminha para as cobranças e o desejo de tutela no futuro. Depois de tudo, sendo tão lúcida, apesar de ter se permitido a repetir o envolvimento com ele, Virginia deve erguer novamente a barreira e não permitir que Ethan use das conveniências para mantê-la consigo.

No mais, dois fatores ilustraram a fala de DePaul sobre Bill, quando ela disse que deve parar de reclamar dele e tentar seguir seu exemplo: ela pedindo implicitamente pelo reconhecimento de Virginia na apresentação do estudo e ele, ao não permitir que Barton se sacrificasse profissionalmente (estando nessa tentativa de sacrifício pessoal, buscando uma "cura"). Esses momentos revelam como se aproximam: pela capacidade de reconhecer o trabalho de outros, apesar de se pretenderem deuses tantas vezes.

Episodio 2x2 - Nota 9.5 2015-12-26 23:43:02

Bill consegue ser um idiota com Libby, inclusive insinuando que ela não era competente como mãe (um adjetivo um tanto impróprio até, mesmo que usado positivamente) e tão compreensivo e gentil com seus pacientes. Há muita hipocrisia nas relações familiares que ele sustenta, desde as críticas à mãe, até usar sua infância como justificativa para sua covardia frente ao seu casamento e ao seu filho. De outra lado, vemos toda sua comoção, que chega a desestabilizá-lo, quando soube da tentativa de suicídio de Barton. Quando ele disse a Rose que ela não era "sua parte ruim", revela o que deve dizer a si, tentando se convencer desesperadamente disso. Acontece que ele se afunda nessa parte ruim e se deixa conformar, numa postura completamente diferente da que tem como médico.

Adorando o retorno de Betty, seus conflitos que devem se desenvolver e como ela é consciente de que as pessoas, para manterem uma postura de retidão, segundo os padrões, geralmente forçada, desqualificam qualquer sujeito que apresente aquilo que pode ser considerado fraqueza, embora seja apenas uma diferença em meio ao convencional. Gosto muito de como a série trata essas hipocrisias sociais e como elas causam sofrimento, embaraço, desamparo, como em Barton e agora Rose.

Episodio 2x3 - Nota 10 2015-12-27 01:13:30

Todos querem saber como termina, Virginia. Uns escondem isso porque têm medo de encarar a si e aos seus atos, suas conscientes consequências. Todos querem saber como vai terminar esse caso tão peculiar, ingenuamente montado como um estudo, numa farsa tão frágil como a do casal Holden. Todos querem saber se a mulher salvará o homem, se o homem renderá seu espírito e reconhecerá suas fragilidades, abrindo mão de todos os insultos e de todas as capas que tentam disfarçar sua necessidade de afeto.

Quanta metáfora, quanto eufemismo e quanto disfarce para montar essa noite tão reveladora para Bill e Virginia...Mais sobre ele, aliás. A alma que começa a ser desnudada quase instintivamente, quase automaticamente: "me deixe ver você" e então ele começa a se mostrar. Toda a tristeza e todo o desconforto desses momentos acabaram por fortalecer uma cumplicidade inegável, onde os limites de ambos são postos claramente, enquanto Virginia ergue suas fortalezas e Bill desmonta as dele, já que a melhora dos dois é paradoxal e complementar, ao mesmo tempo.

Episodio 2x4 - Nota 10 2015-12-27 03:15:45

A palavra que traduz o episódio é confiança, ou a falta dela. Todos os personagens tiveram de lidar com algo relacionado a essas provas que, vez ou outra, são necessárias nas relações de amor, de trabalho, de amizade. Ironicamente, é isso que Bill pede a Libby quando ela revela o desequilíbrio que a atinge com certa intensidade quando vê seu mundo que deseja perfeito e estabilizado, romper a ordem que planejou. Essa segunda temporada vem apresentando uma Libby que cede a fraquezas e demonstra futilidades, ações bobas, inseguranças que geram mediocridade, pelo que vimos na forma como trata Coral.

O flagra de Austin veio para apresentar os mal-entendidos e semear as desconfianças: de DePaul sobre Virginia, de Bill sobre Virginia, além de trazer todo um desconforto para Bill, quando pretende dar lições sobre o que vale a pena na vida. Ele, que sente saudades do casamento porque a esposa lhe preparava comida. É sobretudo desgastante saber que era justamente aquilo que valia (e ainda vale) para tantas pessoas, por convenções sociais: justamente aqueles papéis reservados aos sujeitos. Romper com esses modelos gera desconforto e desequilíbrio, como Bill muito bem sabe, como vive no lado profissional. Ele que, ao contrário de Libby e ao contrário do que faz em relação ao seu casamento, não teve receios em romper com algo que estava ordenado e reafirmou toda sua ética e competência como médico, ao esmurrar o diretor.

Episodio 2x7 - Nota 9 2015-12-28 22:15:00

Essa segunda temporada tem marcado uma decadência moral de Bill, no lado pessoal. Enquanto víamos um sujeito encoberto por dúvidas, dramas e amarguras, buscar uma estabilidade emocional, agora ele parece querer se afundar em atos de covardia, que vão desde ameaçar daquela forma o editor do jornal, passando por aceitar ter outro filho com Libby (em certa medida, até a manutenção do casamento, guardadas as proporções das diferenças culturais da época), até nutrir um ciúme sem noção de Virginia, querendo cobrar dela uma fidelidade e um aspecto de moralidade que ele não tem, nem há como vislumbrar. Se antes, conseguia mostrar que sua arrogância podia encontrar um caminho de redenção, agora não há mais como perdoá-la, por ser consciente de seus erros, principalmente para com Libby.

Sobre Libby, a inveja e a amargura, a estupidez que tomou conta dela no caso com Coral, apesar de dever muito ao fato de Bill ser um péssimo companheiro e ela sempre ter esperado mais dele, não é desculpável. Parece que ela contraiu uma parte da personalidade de Bill, tentando sustentar uma postura esnobe, tão diferente do espírito incrivelmente bom apresentado na primeira temporada. Mesmo assim, consegue ter um momento de lucidez tão empolgante e certeiro ao enfrentar a chatice hipócrita de um marido ausente, de um pai estúpido.

Virginia ama Bill, mas não guarda ilusões sobre tê-lo. Nesse passo, segue com sua vida da forma como sempre fez, embora esteja mais triste por saber que não estará satisfeita com nenhum outro homem. É indiscutível o fato dela ser ótima pessoa, mas seguindo a premissa de que pessoas boas fazem coisas ruins, o que acaba causando a Libby, sustentando a farsa, junto com Bill, é imperdoável.

Episodio 3x1 - Nota 8.5 2016-05-01 12:57:00

A história de Masters of Sex é a de Bill encarando a si e aos seus próprios monstros. Tanto, que fica evidenciado como o drama dele supera os demais em profundidade, com todas essas inquietações, esse medo de se enfrentar. Quando as crianças estavam jogando com Virginia e Libby, Tessa menciona que a história está fadada a se repetir. É justamente contra isso que Bill tenta lutar e o faz da forma mais errada possível.

Ao pensar em John como uma possível repetição de si e de sua relação com seu pai, ele se acovarda frente à criança, nega amor, nega afeto, nega exemplos. Ele quer se anular ali, já que não pode anular o filho. Ele nunca quis ser pai e estupidamente lança as consequências disso a John, como se ele fosse responsável por materializar todos os seus receios. Devia aprender com o filho a ser valente. Que cena fantástica a do enfrentamento! Que prova linda de que a história pode ser escrita de outra forma, sem aceitação da violência, desprezando aquele que nega amor por covardia. Se no começo da série Virginia parecia ser o remédio para a conflituosa existência de Bill, agora o filho pode ser sua cura. Definitivamente, aquilo o surpreendeu e o balançou.

Ainda há esperanças para os Masters, inclusive para Libby. Ela tem uma capacidade de doação que comove e nos faz odiar Bill pelo que ele lhe nega. Ela se considera cumprindo uma missão (pela felicidade dos filhos) ao manter o casamento, isso a deixa feliz, mas espero que ela se emancipe daquela convenção. Aliás, paradoxalmente, era Bill o questionado sobre as convenções sociais e é ele quem as desconstrói, enquanto sua esposa sustenta a estabilidade de seu perfil para a sociedade. O mesmo estranhamento é provocado quando Bill e Virginia falam da revolução sexual e da emancipação feminina nesse sentido, enquanto deixam a Libby as ilusões que ela mesma terá de romper. Sim, ela precisa ler o livro. Assim como o próprio Bill. Talvez as palavras que ele escreveu com Virginia acabem despertando-o de seu próprio sono com relação à sua família e ao papel que espera de sua esposa. Talvez ele se envergonhe, ao final.

Episodio 4x2 - Nota 7.5 2016-09-25 14:16:35

Virginia assumiu seu caráter manipulador quase cinicamente, muito parecido com o que Bill fazia nas primeiras temporadas. Seus trejeitos, sua forma de falar com quem não considera à sua altura, a reação praticamente indiferente à saída da filha, a arrogância para com Betty, sintomas de sua desesperança para com a vida e as manifestações sinceras dos sentimentos pelas pessoas. Parece que ela passou a considerar tudo muito frágil, tudo muito efêmero, quase falso.

No passo contrário, Bill caminha para as tentativas de redenções para com a família, para com sua atuação profissional, em uma necessidade de se estabilizar, de se controlar emocionalmente, muito pela influência de sua tutora, que lhe apresenta as realidades nada fáceis de outras pessoas. Bill, em seu tradicional desprezo pelas trajetórias de outros, vê-se agora encarando a si e ao seu vitimismo exacerbado que sempre considerou desimportantes e estúpidas as dificuldades alheias porque ele mesmo tinha passado por experiências dolorosas. Nessa fase, sua solidariedade tende a ser despertada. Todo mundo sofre, Bill.

Libby sempre foi sedenta por emancipação, mas tinha que dividir isso com a culpa que sentia, diante das pressões sociais e conservadoras, ao deixar de dar atenção exclusiva aos seus filhos e ao seu lar. Mais do que emancipação, Libby queria experimentar a alegria da liberdade, se sentindo viva, ativa, solta de tanta seriedade. Eu sou encantada por ela e essa vontade de ver o mundo que Bill nunca soube valorizar ou mesmo perceber. De longe, é a personagem pela qual eu mais torço, assim como Betty. A confissão que fez a Bill, com aquele ar de castigo, de vingança, de ressentimento, só me fazia pensar no que ele perdeu, no que todos eles perderam.

Esse casal anuncia coisas ruins, parece. Não há porquês que justifiquem essa omissão e eles são bem ambiciosos, muito seguros do plano que elaboraram. Talvez tenham chegado para que Bill e Virginia voltem a se unir para enfrentar alguma dificuldade maior. Não teve como não lembrar do disfarce, da discrição de Masters e Johnson quando seu caso começou. Esse episódio me lembrou dos bons tempos da série, depois da queda terrível da temporada passada. A cena combinada das entrevistas de Masters com a médica e Virginia com o psiquiatra serviu para expor essas personalidades que vão se desenhando. Que melhore :3

Episodio 4x2 - Nota 7.5 2016-09-25 14:22:53

Ela não transou, ele não conseguiu. Eu desconfio que queria humilhá-lo depois que recusou trabalhar com ela e que planejou o momento certo pra chamá-lo ao quarto.

Episodio 4x2 - Nota 7.5 2016-09-25 14:25:43

Decepções infindas. Dá pra entender até certo ponto, mas esse ar de arrogância dela é detestável, irritante, como se tivesse incorporado um pouco da personalidade de Bill :/

Episodio 4x3 - Nota 7.5 2016-10-05 11:15:31

Apesar de tantas idas e vindas, da forma tão discutível como esse relacionamento entre Bill e Virginia começou, do mal que um já causou ao outro e a outros, é fato que eles só se encontravam em estabilidade emocional juntos, quando pareciam querer desbravar o mundo. Aliás, a ideia das mulheres desbravadoras nesse episódio fala muito sobre as ambições de Virginia e de como ela, no ímpeto de se fazer grande e pioneira, acabou ganhando esses traços de arrogância e egoísmo que a caracterizam hoje, como se tivesse sacrificado aquela espontaneidade cativante do início pelo engrandecimento que não consegue ver limites nem ao usar seu próprio corpo. Nesse episódio ela sentiu isso de forma mais discreta quando observava o casal em busca dos orgasmos múltiplos pra mulher e evidentemente no bar, quando se envergonhou não pela possibilidade de julgamento, mas por si e por não conseguir mais priorizar o afeto ou o prazer. Ela passou a usar a conquista e o sexo pra se anestesiar. Não funciona.

Enquanto Virginia sente as dores de sua imaturidade para com Dan e ela mesma, Bill tenta superá-las, seja no grupo de apoio (embora não reconheça isso, orgulhoso que é), seja no trabalho, seja queimando o vídeo de Virginia, aquilo que era a anestesia dele enquanto sentia a distância. E enquanto ele só se sentir trocado, podia suportá-la, mas quando soube da mentira, é provável que se force a erguer barreiras ainda mais altas, em busca de seu amor próprio, da dignidade da qual sente falta. Talvez quando os dois resolverem suas inseguranças possam se relacionar novamente, como um casal ou como amigos, mais maduros, com sentimentos mais bem definidos.

No mais, é sempre bom ver Libby e Betty crescerem e se emanciparem. Gosto muito de como Betty se solidariza com as pessoas, como se quisesse resolver todos os problemas que vê nos outros.

Episodio 4x4 - Nota 7 2016-10-09 14:29:13

Todo o episódio só pra Virginia perceber que é arrependida porque não se entregou ao amor de Bill. E está prestes a perdê-lo porque foi imatura para assumir os riscos de amar. Medo de se machucar foi o que ela sempre teve. Um risco que Art assumiu, embora eu ache que tudo que esse novo casal faz é com algum plano secreto, já que ele conseguiu praticamente uma confissão de Virginia.

Episodio 4x10 - Nota 7 2017-02-01 09:55:56

acabando masters, resta lamentar pela grande série que ela poderia ter sido, de acordo como se apresentou nas duas primeiras temporadas... realmente não dá pra criticar o cancelamento :/


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