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Rectify By





Episodio 1x1 - Nota 10 2014-05-18 00:48:24

Há tempos um piloto não me inquietava tanto.
Isso aconteceu devido aos olhos de Daniel. Um olhar que transita entre o vazio e o sentimento de retorno, entre a adaptação e o reconhecimento ao seu lugar.
Tem hora que a gente é Daniel...
A gente sente toda a confusão que emana dele e da sua chegada a um espaço familiar e mesmo físico, que não esconde as mudanças, apesar de preservar certas essências.
Seus sentidos em desconstrução e soerguimento ao mesmo tempo, uma mistura intensa de sensações tão estranhas e tão familiares.
Rectify afasta maniqueísmos, mas não só isso, ela trata de instabilidade, da inconsistência humana, desse descontrole que pode nos atingir, como pode ter atingido Daniel, porque ele pode ter sido culpado pelo crime.
E esse "se" que constrói a série só tende a enriquecer o enredo.
A palpabilidade de tudo que o cerca ao lado das sensações tão fluidas. É muita incerteza, é muita beleza.

Episodio 1x1 - Nota 10 2014-06-21 20:15:07

Own, Mariane, obrigada! Rectify inspira a gente, rs.

Episodio 1x2 - Nota 10 2014-05-18 23:53:08

Rectify e a capacidade de me deixar sem palavras por uns momentos...
É muita sensibilidade pra uma série só, minha gente :o
De um lado toda a crueza do diálogo entre Daniel e Teddy, por outro, todo sentimentalismo na conversa com Tawney, no jardim. Falas tão completas, harmoniosas, geniais até. Uma reflexão de como nossas necessidades podem ser perversas em um contexto e tão bonitas em outro...

Mas o que mais me impactou nesse episódio foi a violência silenciosa e ao mesmo tempo tão explícita de Teddy para com Tawney na hora do banho. É uma capacidade narrativa que me impressiona demais!
E aquela tensão toda na hora que Amantha subia as escadas?

Os sentidos sendo explorados mais uma vez em tantos momentos, tantos personagens. A gente imagina aquele gosto do doce que Daniel come no gramado e depois a saciedade da água; imagina o cheiro da carne que Ted assa; o toque das mãos de Tawney... muito lindo, em suma.

Episodio 1x2 - Nota 10 2014-05-19 00:08:07

E em contraponto, a conversa tão linda e sensível com Tawney.
Ah, indicação boa, visse, Luis?

Episodio 1x3 - Nota 10 2014-05-19 09:19:58

Ah, esses finais!
Eu só imagino como deve ser difícil pra Daniel encarar um tempo tão diferente do dele. Como ele se sente perdido às vezes... Como ele sente a necessidade de apagar esses 20 anos e voltar à sua adolescência, ao tempo que parece tão bom, de acordo com suas lembranças. Ele olha pro irmão mais novo e simplesmente se enxerga nele, como um espelho (metáfora mostrada justamente pelo espelho no corredor).
O contato com objetos e memórias antigas foi tão singelo e emocionante. Desde o toque nas roupas do pai e tudo que elas simbolizam até à fita de áudio, o game antigo.
É um desgosto misturado com uma aceitação, ora conformado ora angustiado por tudo que lhe aconteceu.
E Amantha procurando ser o esteio, o apoio pra ele, ao mesmo tempo em que procura sua base. Forte e linda.

Episodio 1x5 - Nota 10 2014-05-19 23:30:16

E então Daniel "renasce" na cena do batizado, com mais um diálogo cheio de simbolismo entre ele e Tawney. A ideia de recomeço que está sobre ele tem mais um caráter de ruptura, de questionamento, da necessidade de entender-se e sobretudo da coragem de encarar-se... daí o começo de desabafo sobre a experiência com o "homem das cabras".

Totalmente de acordo quando tu fala que os diálogos nunca estão vazios de sentido em Rectify. Não estão mesmo. Toda essa simbologia com o "homem das cabras" tinha sido antecipada com a citação de Platão e a alegoria da caverna. É como se do lado de fora da caverna, Daniel sentisse a necessidade de retornar a ela, para comparar e entender as formas de antes e de agora. Ele encontrou verdades tanto de um lado como de outro e ele representa essas verdades com uma intensa mistura de sentimentos, na ânsia de compreender a si e a sua visão sobre as coisas do mundo.
Daí o desequilíbrio mostrado nesse episódio, para contrapor a quase estabilidade do episódio passado, quando vestido de terno ele procura se reintegrar à sociedade, procura aceitação. Neste episódio ele não se importa com essa espécie de acordo tácito, simplesmente emancipa seu corpo, sua mente, seu espírito.

Mais um grande episódio, enfim.

Episodio 1x6 - Nota 10 2014-05-20 11:12:24

O jogo de equilíbrios e desequilíbrios dessa série e particularmente desse episódio ajuda a pensarmos sobre nossas certezas e estabilidades. Isso é o que caracteriza a arte. A capacidade que ela tem de mostrar-nos dúvidas sobre nossos cânones, mesmo aqueles que estão abrigados na mais profunda subjetividade, tão arraigados que parecem naturais. Rectify é arte. É uma representação louvável, serena e constante da vivência humana. É uma reflexão tão profunda, tão atenta aos significados de coisas e relações que temos o costume de banalizar.

Não é novidade a força e a profundidade dos diálogos em Rectify. A conversa entre Daniel e o livreiro, Chet, ilustraram muitíssimo bem como a série presta novos sentidos a falas tão comuns. Em Rectify, um simples "Procura por algo em particular?", num contexto da venda de um livro, evoca toda uma construção de memórias, de escolhas e caráter. Encontra a pergunta formadora, aquela pergunta que todos nos fazemos em algum momento da vida, que é justamente como agiremos diante desse tempo que nos vem, que nos atingirá, implacável e imprevisível.

Chet: "Um amigo disse que sou viciado em tristeza. Só gosto de ter algo que equilibre toda a farsa".
Daniel: "Acho que a farsa é ainda mais triste".

Como essas falas são significativas! É justamente porque Daniel não vive de farsa que ele aparenta tanta inquietação. A instabilidade tem um sentido mais sincero e completo pra ele, do que aceitar a cortesia forçada de um cafezinho com Teddy. Este é o completo oposto de Daniel, com seu cabelo sempre arrumado e sua camisa sempre alinhada, ele procura acreditar numa ordem fantasiosa, erguida sobre um vazio, com uma falsa sensação de conforto.
Daniel não se entrega a isso. Está completamente consciente da "estranheza de sua vida", como diz a Amanha na cena do bosque. Pra tentar remediar isso ele percorre por diversos momentos o caminho para o passado, seja indo até o bosque e reencontrando suas memórias, seja sentado no túmulo de Hannah, ouvindo a fita que ela gravou há mais de 20 anos.
Mas ele sabe da metamorfose das coisas. E ele é convidado a aceitá-la e participar dela, em mais uma cena bem comovente, com sua mãe, falando sobre mudar os móveis da cozinha.
E ele é bruscamente trazido ao presente, pelo irmão crescido de Hannah e toda a angústia e frustração que o marcam.

Aguardando bem inquieta a segunda temporada.

Episodio 2x1 - Nota 10 2014-06-23 00:37:18

Que coisa tão linda!
Quanto jogo de palavras, quantos significados para os gestos, para as cores, para as entonações.
Essa necessidade que Daniel tem de observar, de parar e respirar diante de tanta informação e turbulência me remete de forma tão imediata à noção de paciência como dom, do ponto de vista religioso, quanto à ideia tão fulcral de espera, que a ciência reivindica antes da ação, da intervenção...

É muito angustiante ver Daniel sem muitos estímulos para intervir em seu próprio círculo. Ele precisa de pessoas e, nesse passo, se agarra a Kerwin, por exemplo, sabendo-se frágil na disposição de levantar-se e agir na transformação de seu mundo. Ele precisa ver a beleza desse mundo e pra isso ele busca Tawney, traduzindo-a como estabilidade, como se nela estivesse a sabedoria dessa espera paciente e benigna.

O retrato frágil de Tawney, como se ela se sentisse abandonada pelo seu Deus, somado ao contexto da chuva que ilustrou o abatimento de seu ânimo, apontava de forma tão paradoxal para a força que emana dela, para a coragem que ela tem em desafiar o seu próprio entendimento do que seria um desígnio divino... ela, que tanto chamou Daniel para que entendesse esse suposto propósito. Ela, que sofre tanto por não conseguir mais amar Teddy e se sente tão irremediavelmente puxada por Daniel.

E como as percepções de Tawney e Daniel se distanciam e aproximam ao mesmo tempo. Ao passo em que ela mantém um entendimento religioso, ele se banha com a filosofia crua, formando em seu pensamento uma lógica tão simples e tão necessária.
Mas os dois caminham para perceber como as coisas estão em desarranjo. Daniel especialmente. Ele vê a cabeça da estátua decaída, tenta consertá-la e em seguida a põe de volta ao chão. Ele precisa entender como as coisas ficaram bagunçadas para então tentar arrumá-las.
É desse esforço que provém sua exaustão. Em coma, ele descansa e reflete. Para então agir.

Episodio 2x1 - Nota 10 2014-06-23 00:45:00

Foi angustiante quando ele tentou sufocar o bonequinho. A gente consegue sentir a raiva e a frustração que ele sente diante de Daniel. A cena do café, da qual sempre recorda, na verdade ele parece nem esquecer, serviu para mostrar a força da violência simbólica. Fico me perguntando se Teddy consegue ou faz um esforço para imaginar a dor do sentimento de impotência que Daniel sentiu depois dos abusos sexuais na prisão. Estou muito curiosa pra saber como vão desenrolar esse plot, como será a relação entre Teddy e Daniel agora, depois desse evento que acabou por provocar uma cumplicidade tácita e trágica entre os dois.

Episodio 2x2 - Nota 10 2014-07-04 00:02:09

Rectify, que sempre nos possibilitou o questionamento sobre os parâmetros existenciais e sociológicos a partir de Daniel, mostra sua elasticidade mais uma vez. A elasticidade que permite provocar emoções e sentimentos quase tão intensos quanto as cenas protagonizadas por Daniel (esse quase não desvaloriza os diálogos e as considerações dos outros personagens, mas é que ser tão intenso quanto Daniel é, pra mim, meio que improvável, rs).

Não é a primeira vez que a série tenta mostrar a visão de Teddy sobre o que está acontecendo. Se Rectify é reconhecida sobretudo como uma desconstrução de maniqueísmos, dá mais um exemplo vital disso com a angústia, a sensação de impotência e de desgosto que podemos ver em Teddy.
Tawney nesse episódio, após protagonizar a cena da fogueira (luz sobre a sua própria luz - ah, esses simbolismos <3), pergunta para o marido: "Você ainda ora, Teddy?". A resposta dele, com o olho marejado, deixa-nos ver toda sua auto-avaliação. Provavelmente ele não ora, provavelmente ele esqueceu disso e sente vergonha disso, embora seja orgulhoso demais pra reconhecer. Mas essa questão de Tawney parece mais profunda que o interesse por palavras encadeadas numa prece a um ente representado, do qual não se pode provar a existência. Ela pergunta a Teddy algo mais próximo de: "Você ainda é bom?". Muita gente diz que não, que ele é uma peste, ruim, que humilha o irmão, insensível e tudo mais. E aqui vem "Sleeping Giants" pra mostrar que os sentimentos não podem ser encarados apenas do ponto de vista de uma pessoa, Daniel, mas também de outros ângulos. A mágoa de Teddy diante da confissão de Tawney é absolutamente compreensível. E, assim como sua preocupação com os negócios da família deixa entrever sua ambição (é bom que não nos limitemos a tais considerações, a esse rótulo que acabou sendo-lhe atribuído), seu olhar angustiado toda vez que se menciona Daniel, transmite não apenas a preocupação consigo, mas também com a mãe, o pai e o irmão mais novo.

Evidentemente, esse episódio foi justamente dos personagens secundários, caminhando para mais perto de Teddy, de Jon e do xerife, principalmente, além das tradicionais visitas aos outros suspeitos do envolvimento no crime. Apesar de ter sido mais um grande episódio, esses personagens que às vezes a gente erra em não valorizar tanto, gritam junto com o preso do lado: "Acorde, filho. Acorde".

Episodio 2x2 - Nota 10 2014-07-04 00:54:08

E ainda fez brincadeirinha com a mãe. Não tem ninguém mais intenso e mais bem disposto que Daniel, tem?

Episodio 2x3 - Nota 10 2014-07-06 05:05:32

"Lance seus sonhos inquebráveis de encontro ao nosso Mayflower", em suma, siga novos rumos.
E a disposição que Daniel tem pra fazer isso é grande, é urgente, como ilustram muito bem com a alta velocidade do carro. Tudo isso a partir de uma forma mais nítida de enxergar o mundo ou, paradoxalmente, de um modelo engessado para tal, com os óculos. É muita possibilidade interpretativa. E é impressionante como houve uma comunicação bonita e bem articulada entre os diálogos, o próprio nome do episódio, essa música, esse fim.

Episodio 2x3 - Nota 10 2014-07-07 21:10:24

Enxergar o mundo com muitas certezas acaba por limitar nossa visão sobre ele, já que não deixa margem às possibilidades. É bonito ver a evolução do pensamento de Daniel, das elucubrações que ele tece a cada instante. Cada palavra é direcionada a tentar compreender esse mundo que o cerca e essa ordem desconhecida, que às vezes parece ilógica.

Olhar o mundo não é suficiente pra Daniel. E ele chega a essa conclusão enquanto tá limpando os vidros da janela. Então sai, disposto a alterar a desordem do acaso, com a queda do galho, disposto a se fazer útil, a mostrar-se disponível para entender o que o cerca. Nesse contexto, ele parece entender que seus objetivos não se cumprem de imediato, mas as tentativas de execução são fundamentais. O envolvimento direto com o problema do galho o levou a ampliar seu olhar, a enxergar o vizinho, a perceber que a força ainda lhe falta e até, talvez, a reconsiderar suas ações para com Teddy (me pareceu que ele tenta se desculpar ou ao menos mostrar que não se sente bem com o “episódio do café”).
Seu redor ganha novas cores e perspectivas, fazendo aparecer outras necessidades, mais práticas e, naquele momento, mais urgentes para essa redefinição de parâmetros, como a reforma da cozinha.
Ele está reformando a si, metamorfoseando-se com a contribuição de Janet, a mãe que lhe oferece doce pela manhã. Ele recebe como uma gentileza, mas simplesmente não consegue apreciar o sabor, apesar de parecer faminto por isso, por esse gosto do comum (nessa cena, mais uma atuação perfeita de Young).

Daniel procura novos rumos, cada vez mais impaciente e angustiado com as fórmulas e rótulos que vê reproduzidos. Ele anseia por entender os sentidos, embora diga a Amantha que “emoções são pra perdedores”. Uma visão sóbria e limpa precisa de objetividade, de foco, de observação e experimentação, como queria Darwin e, como o naturalista a bordo do Beagle, também precisa retraçar caminhos, como sugere de forma tão bela a musiquinha homônima ao episódio.

Episodio 2x4 - Nota 10 2014-07-17 01:02:46

Entre o menino que parte para conhecer o mundo e o homem perturbado que tenta redescobri-lo, Daniel percorre com suas dúvidas o caminho da gratidão e da boa vontade, certo de que, se há algo que mereça ser concretizado, é a visita àquela que lhe presenteou com Kerwin, o amigo que o fez se reconhecer, aquele que o faz lembrar-se de quem é: “Sou. Eu sou o Daniel”.

Donald é normal. Mas “não faz sentido contar histórias de pessoas que são perfeitas”, como diz a apaixonante Peggy. E então, Daniel retorna a si e, apesar de saber da necessidade disso, de assumir sua própria identidade, ele é constantemente empurrado para ela. Nesse caso, com o colecionador de fotos com personagens “excêntricos”. A falta de sensibilidade deste coincide com a transparência e a irritação de Daniel: “não quero ouvir sua história chata”.

Vejo Daniel em uma corda bamba quando ele tenta socializar. Veste-se de um personagem mesmo quando não troca de nome, tenta parecer “comum” e tem a constante certeza que não consegue fazê-lo, por isso aquele olhar tão incerto, tão inquieto e inseguro. Por mais bondosas e compreensivas que as pessoas sejam, elas precisam justamente do contrário e anseiam por isso, mesmo que inconscientemente.

E assim Daniel não se deixa aproximar, preferindo, por exemplo, a distância segura da conversa sobre arte. O diálogo em frente à pintura é tão denso e profundo quanto é sincera sua decepção. A vida fora da prisão, geradora de expectativas, o tem decepcionado. Então, ele decide seguir os “bons conselhos” de Peggy e banir as expectativas para lidar com a realidade.
Deixa de planejar e começa a concretizar a reforma, finalmente.

Episodio 2x5 - Nota 10 2014-07-25 20:26:18

“Aja como se”.
Daniel nunca precisou que alguém lhe dissesse isso. Acabou de fazê-lo, com Donald, por exemplo. Vinha fazendo desde o começo do episódio, preso aos óculos que lhe recomendaram e à roupa alinhada que não o abriga, só o esconde. Ele estava agindo como se estivesse se recuperando, como se fosse só um cara voltando de uma tarefa usual, como se não estivesse preocupado em lembrar-se de tudo que aconteceu no dia do crime: “você sabe o que fazer, Daniel. Só tem que lembrar”. Está resumida aí a sua agonia e quando lembrar, creio eu que ele encontrará o sossego, embora a culpa o consuma. Não apenas pelo suposto assassinato, mas pelas consequências de sua confissão.

Uma das narrativas mais densas sobre os anos em que ele esteve preso foi essa de Janet. Mergulhada em uma história triste, ela pretendia esquecê-la, mas lhe marcou tão profundamente que se entranhou na sua personalidade, tão cruel como o prego que furou o pneu da bicicleta. Aquilo está tão vivo, tão dolorido, que seu modo de autopreservação é “agir como se” aquela lembrança não a acompanhasse. Ah, a culpa de Daniel que grita quando ele se cala! Dói na gente também.

Foi bom ver Janet deixar claro para Ted que ela sempre escolherá Daniel, caso isso lhe seja imposto: "essa foi a casa dele primeiro". E é bem curioso perceber que apesar desses suportes, ela não menciona a inocência de Daniel, justamente porque talvez não acredite nela ou porque não se importa com isso. É seu filho e por ele ela sacrificaria todo seu conforto, embora precise de certa estabilidade para lhe dedicar. Seu amor é devoto e sóbrio, intenso e maduro. Lindo de sentir.

Episodio 2x5 - Nota 10 2014-07-25 21:27:03

De início deu uma raivinha de Amantha quando ela chegou estragando o momento agradável da brincadeira, falando da morte do advogado.
Logo depois eu percebi como ela precisa de atenção também, como ela tá carente. Espero que ela não guarde mágoa de Daniel devido a esse distanciamento, mas é bem difícil.

Episodio 2x8 - Nota 10 2014-08-17 00:34:17

Quando Rectify mergulha nesse jogo de palavras, nesses gestos tão sinceros, nessas cores tão significativas e nesses silêncios gritantes, ela lança uma provocação a si mesma, deixando-se correr fluida, tão convidativa e desafiadora quanto aquela estrada da Flórida que Daniel começou a percorrer sozinho até que pede a ajuda companheira de Tawney.

Aqueles caminhos (que mostravam beleza e destruição) foram essenciais pra essa reviravolta que o próprio Daniel se provoca. Ele está determinado a descobrir seus rumos e sabe que isso só acontecerá quando ele lembrar. Que expressão agoniada ao final! Em choque, parece-me que ele se apercebeu mais de fatos sobre si do que sobre o evento com Hannah (e isso tá tão interligado). É a partir dali que ele chegará a contemplar a tranquilidade, embora ainda vá custar muito pra vivenciá-la, se é que conseguirá fazê-lo. Cada segundo da vida de Daniel é essa luta constante pelo vislumbre da tranquilidade. Quando ele está quase alcançando isso, algo o puxa para a tortura do não saber-se, do não definir-se, da sensação de estar perdido. "The great destroyer" evidenciou isso duas vezes: quando Daniel estava com Tawney e quando conversava com o outro preso, Wendall.

Aliás, não é a primeira vez que Tawney e Wendall aparecem notadamente como opostos, provocando sensações tão diversas em Daniel. Enquanto Tawney é a paz buscada, Wendall é esse fator que puxa Daniel para a crise que o envolve. Ela é o mundo sensível, pleno, platônico; ele é responsável por mostrar as cópias imperfeitas de ações e palavras. Enfim, é bom ver Daniel tentando se desenlaçar dessas duas concepções, sonho e pesadelo, e chegar à sua própria, à realidade crua que ele pareceu contemplar e deixou entrever naqueles olhos tão perplexos.

Aquele olhar trágico me fez lembrar do que Tawney lhe disse no bosque, que mesmo estando perdido, a bondade o marcava. Wendall completa dizendo que ele tem medo de viver. E talvez esteja na união dos improváveis a grande prova de Daniel: viver implica enfrentar-se, romper com certa zona de estabilidade e, no caso dele, tentar sair desse purgatório que parece eterno.

Episodio 2x8 - Nota 10 2014-08-17 17:27:28

Eu ainda não obro esse tipo de milagre, deixar tu calado quando o assunto é Rectify.

Episodio 3x1 - Nota 10 2015-07-28 21:04:08

Catando algo pra traduzir esse episódio e só me vem à cabeça: dor.

Sempre aquela respiração abafada, aquela sensação agoniada de que por mais que se tente, algo prende nossas forças diante de tantos conflitos pessoais. Essa sensação atinge impressionantemente todos os personagens nesse episódio (com a pequena, aparente e rápida exceção da família que acolheu Tawney), culminando com o ataque do senador no final.

Há tanto tempo e tão profundamente Daniel se condena pelo esquecimento do que aconteceu no lago, que não há sentido em aplicar termos de libertação pra ele. O acordo cumpre a premissa de não condená-lo à morte, mas a todo o momento a dor pesa sobre ele, nesse paradoxo angustiante de se sentir preso mesmo debaixo do “grande céu azul”. O que fez a Teddy acaba por sedimentar essa condenação moral que aplica sobre si. Tenho a impressão que aquele episódio, por vezes, o incomoda mais que tudo o que ele não lembra ter acontecido quando Hannah foi assassinada.
A autopunição é constante, consciente e impiedosa, assim como o sofrimento de Teddy, transparecido quando ele chega em casa e ouve a ausência de Tawney. Por causa de tudo, uma mágoa tão gritante, um ódio tão latente por Daniel, que o fato dele não deixar fluir toda a ira, só piora a sensação de sufocamento que tenho ao ver tudo isso.

Diferentemente de todos os outros episódios de Rectify não me permiti o encantamento com os diálogos, com nenhuma cena. Nem me permiti o alívio nos poucos momentos ao ar livre desse “Hoorah” tão irônico, como na cena do parque ou a inocência de Janet no batente de Teddy. Após o acordo, com essa ferida aberta, totalmente magoada, é difícil demais se importar com qualquer outra coisa, como tão bem traduziu Amantha.

Episodio 3x4 - Nota 10 2015-08-15 22:45:11

Essa explosão de danos, tão evidente nesse episódio, só me faz pensar que Daniel, por mais que ande, não chegará a um descanso (e como seria bom falar no contrário, nele conseguindo superar tudo isso, toda essa história trágica e, em algum momento, nem que fosse único, sentir-se plenamente feliz). E talvez seja apenas esse texto lindo (que nesse episódio superou os demais dessa temporada) nos colocando as sensações dos personagens de forma tão primorosa, que estamos convencidos dessa perda no meio do caminho ao ponto de nos desenganarmos.

Aquela rememoração no corredor nos ilustra tão bem como ele não consegue se livrar dos seus tormentos e como não sabe agir diante das novidades que se apresentam... fica meio perdido depois que o guarda o deixa, quase livre em seus passos, desenganado diante de suas obrigações, que pra ele ainda não fazem sentido, nas quais ele ainda não encontra significado, como não consegue fazer com relação à sua própria existência fora da prisão. É bastante difícil cobrar mais coragem dele pra enfrentar essas agonias todas. Não é como se a condicional fosse uma dádiva apenas... ela vem pesando cada vez mais no decorrer desses dias.

O alívio que tinha conseguido, com Tawney, encontra-se agora bem diluído nos próprios problemas da Menina Jesus. Ela e sua própria cruz, sem descanso, também desesperançada, receosa por assumir o que sente, que agora é mais o não querer Teddy do que querer nutrir algo com Daniel. Tawney também quer se libertar, mas quanto medo, quanta culpa, quanto desengano! Em meio a tudo isso, apesar de todos os desconfortos e violências que Teddy proporcionou a ela, eu vejo mais tentativa de compreensão nele do que eu esperaria. É fato que ele a ama, como também é que ele não tenha sabido conviver, demonstrar e respeitar esse amor para com ela, como se não tivesse se interessado em saber se era um sentimento recíproco. Ele quase consegue enxergar como isso foi errado, isso de dar mais importância a tê-la do que a amá-la, generosamente, como ela esperava. Tawney não poderia ser mais fiel ao sentido original do amor cristão, apesar de toda essa confusão em que parece se perder. E por achar que deve se doar e perdoar, é que insiste em salvar sua relação com Teddy. Ela não viu ainda que é a salvadora de outro, que alguns sentimentos não se salvam e que ela também carece acolhimento, iluminação e consolo, todas essas traduções que o Amor tem.

Episodio 3x4 - Nota 10 2015-08-21 13:26:49

Entendendo isso dá pra compreender melhor as escolhas dela, que soam mais como aceitação de algo determinado, e imaginar a angústia que sente por acreditar que deve manter-se com Teddy. Gosto bastante desse sentimento de lealdade que ela tem para com suas convicções/crenças e de como isso está presente em seus atos e palavras. Mais que retratá-la como submissa às leis, retrata-a com um caráter muito verdadeiro, até mesmo diante dessas dúvidas que podem atingir qualquer crente e terão impacto sobre ele em uma dose inversamente proporcional à sua fé (né isso?). Como uma não-religiosa, eu acho muito injusto. Triste, creio que achamos todos, apesar de todas as justificações bíblicas (e consolos que elas trazem sobre a tristeza do mundo, no indivíduo, ser passageira). Ela sempre me lembrou daquela palavra (não lembro ao pé da letra), sobre os filhos de Deus como a “luz do mundo e o sal da terra” e isso foi referido em algum episódio, se não me engano. É uma imagem tão bonita.

Mas, ao mesmo tempo, fico imaginando se Daniel não poderia ter trazido pra ela novas percepções sobre as leis e o amor (inquietações obviamente trouxe), que é uma questão sempre bastante discutida... É como se estivesse sempre posta a ideia de um sentimento genuíno que transcende todas as normatizações, mas isso pra Daniel. Minha dúvida é até que ponto isso pode atingir Tawney, o que isso despertaria nela. Enfim, torço muitooo para que ela encontre um alento no meio disso tudo.

Episodio 4x1 - Nota 10 2016-10-30 21:09:45

Com a tempestade das semanas após a saída da prisão e durante a nova investigação, depois de assumir para si uma autonomia que lhe era necessária, Daniel tem no seu momento de calmaria conflitos para encarar o incômodo da mudança, do reajuste. Mais do que lidar com outras pessoas, é permanecer próximo a elas, desenvolver alguma cumplicidade que lhe deixa mais desconfortável. Simplesmente porque ainda não se acha digno, por saber-se confuso, por não querer levar seus problemas que insistem em não se resolver a outras pessoas, por medo de feri-las, de se ferir mais.

Apesar de parecer realmente ansiar pela solidão, de não se sentir, como ele disse, confortável entre pessoas, isso lhe dói tanto, pesa tanto, que um vislumbre de possibilidade para uma amizade o faz temer até mesmo dizer seu nome. Porque ele teme ter esperança, como se quisesse se convencer a todo custo que sua realidade é a solidão. Quando teve esperanças, as desilusões foram dolorosas demais. Lembrou Kerwin, o companheiro que lhe foi arrancado, e poderia ter lembrado Tawney, a expectativa de amor que se permitiu ter e lhe escapou, ela mesma em seus conflitos. Daniel, com experiências tão dolorosas, tenta ser um pessimista, tenta se convencer de que os outros são mesmo o inferno, porque quer fugir das expectativas até um dia, quem sabe, conseguir lembrar o que fez. Por achar que só lembrando saberia de fato quem é, como suas experiências o transformaram, se pagou uma dívida ao mundo ou se o mundo lhe deve 20 anos de liberdade (essa carga é lembrada com a acusação sobre os pedidos, no seu serviço... ele está convencido de não ter culpa, sente a injustiça e isso, inevitavelmente, faz com que se revolte da forma contida que lhe é imanente). Aí então poderia se doar a outra pessoa, desfeitos tantos receios e as prisões que ainda o impedem de abraçar o mundo, percorrê-lo, voltar pra casa, encarar sua própria consciência.

Rectify volta, então, com os desafios costumeiros, em duas referências religiosas comuns: a terra prometida e a casa dividida. Apenas a união das pessoas, sua irmandade e companheirismo, garantirá que a promessa da felicidade seja mantida e se concretize. Para isso, é essencial que compartilhem suas dores e suas conquistas, que se solidarizem, que se acolham, como na cena final, tão bonita, de barreiras sendo quebradas para quem sentiu o prazer de lembrar a cena da infância, tendo outros lhe propiciado isso. Daniel provavelmente verá que para saber quem é, para confiar em si e no seu caráter, em sua essência, algumas lembranças bastam, que poderá construir outras, que ter matado Hannah ou não, não lhe define inteiramente. Talvez, então, perdoe a si, consiga encontrar alguma felicidade, mesmo com os vazios incuráveis.

Episodio 4x1 - Nota 10 2016-10-30 21:15:55

com esses diálogos lindos :/

Episodio 4x2 - Nota 10 2016-11-09 12:45:30

Esse amor que Janet sente por Daniel, todo traduzido em cuidado e na vontade quase insuportável de estar perto, procurando de jeito tão angustiado alguma forma de fazê-lo presente, seja trazendo à memória a história do fogão, seja usando-o pra assar um bolo para o filho, o mimo que ela gostaria de nunca ter deixado de fazer, a marca tanto, que ela precisa vê-lo para saber que ele é real, como disse. Mas não só isso, ela precisa do carinho dele. Sabe que Daniel poderia recebê-la a hora que quisesse, mas respeita sua necessidade de reconstruir a autonomia que lhe foi tirada, mesmo que isso a machuque e entristeça tanto (apesar de tentar disfarçar um pouco diante de um gentil Teddy, cada vez mais cuidadoso). Esse rastro de depressão seguida do estalo em encontrar tarefas domésticas, algo que lhe distraia e que demonstre sua capacidade de construir algo, lembrou muito o primogênito e aqueles lapsos, que um dia provocou a bagunça na cozinha que Janet agora arruma.

Por outro lado, esse episódio que parece mostrar as coisas funcionando e se encaixando novamente, serviu pra ilustrar como a vida de todos consegue fluir menos pesada com a ausência física de Daniel. E como ele tava certo ao pensar que seu afastamento poderia equilibrar um pouco todas aquelas situações de conflitos, a sensação de se pisar em ovos, com um cuidado quase sempre incômodo para que as pessoas não se ferissem mais do que já estavam. A beleza disso, mesmo diante de certa crueldade nessa conclusão, está justamente na resistência de Janet em querer o amor do filho, vê-lo e tocá-lo, porque valeram todos os sacrifícios por ele. Não porque se importe menos com os outros, mas porque sabe quem precisa mais de esteio, de demonstrações de afeto e de acolhimento, mesmo que tenha preferido a distância. Mesmo sabendo da crise de amadurecimento de Jared, da situação financeira complicada de Amantha, dos problemas no relacionamento de Teddy e Tawney, ela sabe como pra eles, esses problemas são superáveis, sem maiores traumas. Ela sabe como isso não é forte o suficiente para lhes fazerem tombar. Sua preocupação é mantê-los vivos, com aqueles excessos de preocupação que caracteriza tantas mães e de maneira tão semelhante, rs. Suas felicidades não estão comprometidas, ela sabe. Já Daniel precisa do bolo porque não tem Ted para lhe fazer o café da manhã. Está longe de suas vistas e enfrenta a agonia de buscar saber quem é.

No mais, Tawney tá conseguindo construir, por sua vez, sua autonomia frente ao papel que desempenhava e já não lhe bastava. É bem gratificante vê-la distribuindo um pouco daquela luz. Que espero conseguir contagiar até mesmo o velhinho ranzinza que lhe pediu discretamente pra ir buscar a placa, a memória que lhe importa valorizar. Pra ele, as ausências são tristeza: da esposa que partiu, dos filhos que nunca teve. Talvez seja um prenúncio para Daniel. Do que se tornará ou do que escapará.

Episodio 4x2 - Nota 10 2016-11-09 12:47:21

Exatamente a minha sensação quando apareceram os créditos do pessoal que faz a legenda, ahahaha

Episodio 4x4 - Nota 8.5 2016-11-29 02:21:48

Parece que é realmente difícil escapar das armadilhas a partir da inserção de uma perspectiva mais romantizada para personagens mais complexos e, infelizmente, Rectify até aqui vem tropeçando nessa necessidade de doar a Daniel a companhia de alguém, para que não tenha o mesmo fim triste do senhor de quem Tawney cuida no asilo, naquela solidão torturante que serve apenas para alertar as pessoas a não optar por isso.

Tanto Chloe quanto o amigo/namorado de Amantha me incomodam menos pelo fato de estarem inseridos como parceiros românticos e mais por existirem com o objetivo de preencherem um vácuo, pelo menos até aqui. E é uma pena justamente porque os personagens com os quais Rectify costuma nos presentear, por mais que existam a partir da perspectiva de Daniel, geralmente, têm um espírito próprio, um brilho autônomo, envolvem com tanta profundidade que podíamos realmente passar a questionar diversos sentidos que damos ao mundo a partir de suas falas, de suas interações e diálogos. Não me acostumo em assistir essa série de forma indiferente diante de algum plot... e é isso que sucede cada vez que esses novos casais estão em cena.

Ao contrário disso, Teddy, do ponto de vista de carisma pelo personagem, só cresceu desde a primeira temporada, mesmo quando se comportava cruelmente, mesmo quando foi despertado nosso desconforto a partir de sua presença. Ele sempre guardou essa profundidade, esses sentimentos muito vivos por Tawney, pela ânsia da companhia dela quando isso deixou de ser uma certeza. A partir do senhor do asilo, vamos entendendo como a temporada vem sendo construída como uma ode à parceria, ao companheirismo, sempre deixando muito latente o medo da solidão em todos ali, mesmo que isso custe estar com uma pessoa que nem proporciona tanta identificação assim. O desconforto da realidade, a fuga dos contos de fada, afinal. Aquilo que Rectify sempre nos trouxe de melhor.

Nesse passo, na lida com a realidade e no inevitável encontro com suas dolorosas e traumáticas lembranças, Daniel se contorce enquanto houve o companheiro de quarto se masturbar em um prazer que lhe parece tão vazio de sentidos, talvez justamente por não ser compartilhado, tal qual fazia seu vizinho de cela na prisão.


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