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The Americans By





Episodio 4x1 - Nota 9.5 2016-03-25 13:40:47

Muita tensão no episódio, como é costumeiro em The Americans. A sensação de que a qualquer momento pode acontecer algo que leve à revelação sobre Elizabeth e Philip provoca esse estado constante de alerta, que atinge os pontos mais altos quando as cenas envolvem Stan.

Stan tem uma capacidade de observação que é instintiva, admirável enquanto característica de um agente na posição dele. Quando observou Martha, apesar de ela não ter feito nada incomum ali, é como se algum alerta fosse despertado, como se um detalhe fosse proporcionar uma reação em cadeia, ligando os pontos e descobrindo tudo sem precisar de grandes investigações.

Ele é o perigo constante sobre Philip, a ameaça que paira em qualquer sombra. Nesse passo, o flashback alerta sobre o que Philip pode fazer com ameaças do tipo, apesar do inevitável remorso, mesmo estando os dois em lados inimigos. Talvez essa rememoração dos tempos de Misha sirva como um precedente, ao mesmo tempo em que trabalha as cargas psicológicas que Philip carrega, que lhe são tão pesadas e desgastantes.

No mais, é ótimo vê-los nas missões e ver The Americans ser tão sutil e ao mesmo tempo tão certeira na contextualização desse momento especificamente. Desde nos situar sobre o ano em um calendário na parede até imprimir mais tensão e dificuldade na comunicação entre agentes soviéticos nos anos finais da Guerra Fria. Esse cerceamento fica muito palpável nas entrelinhas, nos detalhes.

Episodio 4x3 - Nota 9.5 2016-04-03 14:27:12

Acho muito plausível considerar que Claudia agiu contra Gabriel, principalmente após aquelas discordâncias. O momento é crítico demais para se dispensar agentes e ela é muito consciente disso.

Episodio 4x3 - Nota 9.5 2016-04-03 14:29:03

Concordo sobre Pastor Tim. Não há espaço pra um vacilo desse tamanho naquele contexto.

Episodio 4x3 - Nota 9.5 2016-04-03 14:52:17

Espero que Philip e Elizabeth percebam logo que a ameaça do Pastor é muito menor que a que Stan representa. Essa suspeita dele para com Martha está muito arriscada e o que basta para Stan descobrir o que está errado em algo é justamente suspeitar desse algo. Ele tem uma capacidade de observação que me lembra muito Elizabeth e Philip, no que demonstram sempre o cuidado em atentar para os indícios de perigo ou confiar no que "sentem" como perigo. É um jogo que está além da esperteza individual, contudo. O cerco vai se fechando para os soviéticos e isso é muito perceptível (inclusive quando eles morrem com suas próprias armas ou pelos próprios parceiros - as duas hipóteses sobre Gabriel podem ser consideradas, como já falaram aqui).

O aparecimento de Claudia, seja ela responsável pelo que está a acontecer com Gabriel ou não, acontece em momentos críticos ou momentos-chave. Ela é ciente de que bons agentes não podem ser afastados do campo e certamente tem um pulso mais firme pra lidar com as inseguranças que pairam sobre Philip e Elizabeth nesse momento tão tenso para todos.

E, definitivamente, a palavra para essa temporada é tensão. A narrativa vem sendo construída para nos transmitir isso a cada instante e nem os momentos mais amenos (como a conversa com Henry na cozinha ou a cusparada de Philip no outro agente, para contaminá-lo e não lhe deixar escolhas) diminuem a sensação de claustrofobia. No mais, tenho a impressão que o deslocado plot de Nina servirá para construir uma argumentação sobre o desalento que o sistema soviético vive naqueles anos, sendo os agentes os primeiros impactados, principalmente em seu psicológico (vide Philip).

Episodio 4x4 - Nota 10 2016-04-09 13:07:17

Nina participou de tramas realmente instigantes na série, mas o desenvolvimento desse plot realmente se esticou demais. Não conseguia ver outro final pra ela e eu temia pelo bom desenrolar da série quando o pai de Oleg disse que ia ajudá-la. E precisamos considerar que uma morte rápida pode ser sim uma ajuda, aliás... certamente há condenações e formas bem piores para morrer, principalmente quando se é uma traidora. E, sem romantismos, Nina era uma traidora (que reincidiu, inclusive... não há mais que outra chance nesse contexto). A cena da execução foi de uma métrica, de um realismo e de uma precisão que me agradaram muito, assim como muito me agradou o destino de Nina.

É especialmente triste ver Elizabeth dizer "crie-os como americanos". É a fatalidade da realidade frente à ideologia, frente aos riscos de vida daqueles que amamos. Mesmo assim, quando se recupera é para reafirmar sua determinação em aliar sua ideologia e seus amores, profundamente analítica sobre as possibilidades de sucesso em uma fuga, por exemplo.

William: Ninguém em sã consciência faria esse trabalho.
Philip: Ela faria.
William: Você?
Philip: Eu seria normal.
William: Com Elizabeth, no entanto?
Ao que Philip confirma com um gesto.

Diante de todas essas angústias, essas tensões que enfrentam, William está ali para atentar ao fato de que Philip e Elizabeth construíram algo maior, um sentido mais profundo para a vida. Quando as preocupações chegam a um extremo, quando as saídas estão limitadas, quando o desespero se anuncia e a sobrevivência precisa ser garantida, coberta de riscos e incertezas, é àquilo mais profundo que a missão que se recorre: os elos de amor que brotam e que foram regados "por mais de vinte anos". A cena no boliche foi das mais bonitas, como um oásis de felicidade, de calmaria.

Episodio 4x4 - Nota 10 2016-04-09 21:25:04

Obrigada, Fernanda :D

Episodio 4x4 - Nota 10 2016-04-10 14:02:15

Obrigada! O BdS tem sido um espaço muito legal pros diálogos mesmo :3

Episodio 4x4 - Nota 10 2016-04-11 12:35:23

Obrigada, conterrâneo :D

Episodio 4x6 - Nota 10 2016-04-23 15:28:30

As sensações de claustrofobia e ansiedade de quem sente o cerco se fechando cada vez mais, de quem sente que as razões para temer nunca foram tão claras, atingem todos os envolvidos nessa situação tão densa. Estranhamente, elas pareceram aumentar quando Martha saiu do ambiente fechado e ganhou a rua: a tensão está literalmente no ar, no tempo fechado que parece anunciar a tempestade que se avizinha, da qual eles podem imaginar os efeitos, o que intensifica a aflição.

Tudo é intencionalmente agravado pelo plot das armas químicas/biológicas, principalmente com William e a fatalidade de sua solidão, da experiência de ver sua companheira ser retirada de campo, de sua clara intenção em se livrar de tudo aquilo, tendo esse diálogo tão pessoal com Philip. Quando entrega o rato, espremido na garrafa, quase esmagado pela infelicidade que lhe fez presa, imediatamente pensamos em Martha e em como o destino dela parece ser anunciado ali.

Philip se importa demais com ela e ele tem razão, nunca poderia ser julgado por isso. Ela é uma pessoa boa que teve a infelicidade de não ser trocada pela antiga secretária no FBI, que teve suas fragilidades estudadas, foi seduzida e usada.

Mesmo assim, não tem como não incorporar a mágoa de Elizabeth: ela sabe que Philip se revelar a Martha não foi apenas uma necessidade do contexto, foi pessoal também, ele queria que ela o encarasse, não por estar apaixonado, mas por ser carente de tranquilidade, uma tranquilidade que Martha oferecia naquela ingenuidade pacífica. E a mágoa está no fato dele não ter dividido isso com sua companheira da luta e da vida, que não pode se permitir ser ingênua, mas que também deixa revelar sua própria carência em ter uma família envolvida na "felicidade da normalidade", como vê na amiga coreana. Acontece que Elizabeth tem um senso de comprometimento que é superior a todas as inquietações que ela possa vir a ter (desde que não envolvam a segurança dos seus). Controlar isso faz parte de sua missão.

Episodio 4x6 - Nota 10 2016-04-23 15:36:55

Martha disse que o caso dela era com um empresário. Como só acharam os dados de um Clark advogado, Stan se questionou justamente porque isso aponta que o homem em questão usa um nome falso, já que o cruzamento das informações não bateu. Seria mais um indício de uma história furada e da mentira dela.

Também tô gostando muito do plot :D

Episodio 4x6 - Nota 10 2016-04-23 21:58:16

Normal demais ficar viajando sobre... eu acho A TODO INSTANTE que ele vai piscar, ligar todos os pontos e descobrir que é Philip, ahaha. Stan é muito inteligente, muito perceptivo.

Episodio 4x6 - Nota 10 2016-09-18 22:29:22

Jean de volta nesses espaços (e bem a tempo de rectify, ahaha) ^_^
Obrigada, moço, pela gentileza de sempre. Abraços meu e dele.

Episodio 4x6 - Nota 10 2017-08-25 20:54:41

ehuheueh, obrigada, Lucas ^_^

Episodio 4x6 - Nota 10 2017-08-26 17:37:36

adoro essa paixão estendida a tudo que eu faço < 3 hehe

Episodio 5x1 - Nota 9 2017-03-10 20:27:15

Precisa de muita maestria pra compor essa tensão dos 15 minutos finais, terminando com Elizabeth tendo que sacrificar o agente jovem que tinha treinado, ao mesmo tempo em que, com Philip e nessa cumplicidade singular que os dois têm, dividiam o sentimento de pesar, pelo menino; e de alívio, pelo acidente não ter acontecido com nenhum deles. Aliás, o tempo todo, em toda a busca pelo corpo de William e durante o manuseio pra tirarem a amostra, a consciência de que ali poderia ser um deles devia gritar.

Aliás, é importante demais esse ar de uma nova geração sendo treinada, atuando mesmo diante das desilusões iminentes nessa tão ingrata década de 1980 para os soviéticos. Enquanto têm que atuar com um adolescente para arregimentarem outro, Philip e Elizabeth, principalmente ela, se veem na mesma missão para com a própria filha. Nem consigo imaginar o grau de renúncia e preocupação que os ronda.

Episodio 5x8 - Nota 9 2017-05-12 12:06:21

As relações de Philip e Elizabeth com os intermediários demonstram como suas personalidades se distanciam na lida com o trabalho que ela vê como a missão de sua vida e ele, como um fardo suportável apenas porque o carrega junto à companheira. O reconhecimento que Elizabeth e Gabriel tinham, a cumplicidade, carinho e admiração mútua contrasta diante da ânsia que Philip não se preocupa em esconder, de se desobrigar àquilo, mesmo quando Gabriel defendeu a saída deles e aconselha a não envolver Paige na KGB. Com Claudia, todos os rancores de Elizabeth poderiam vir à tona, mas ela é tão compenetrada, tão ciente de sua condição, que soube se impor sem menosprezar o papel da outra, algo que Philip tem a necessidade de fazer, de ir demonstrando com expressões de uma indignação torturada, como se disso dependesse seu orgulho próprio.

Um dia, talvez Philip tenha gostado de ser um espião, mas isso foi se perdendo na medida de seu desencanto, de suas frustrações pessoais, o que é compreensível, embora eu me pergunte o que ele esperava que aconteceria nas guerras tantas vezes inglórias que os agentes travavam, desenhavam, compunham como protagonistas, atores fundamentais numa época em que se antecipar às ações do inimigo quando elas se gestavam tão fortemente nesses bastidores, não necessariamente nos campos de batalha, podia salvaguardar todo um povo e a estrutura de poder que ele despreza por instinto, enquanto Elizabeth atura por acreditar que as coisas se resolverão a partir da redução das desigualdades internacionais antes da resolução de todos os problemas internos.

É muito bonito sempre que refere como gostaria de ajudar os países pobres, mesmo se fosse a partir de um trabalho de formiguinha, aliviando as dores de quem precisasse dela. Esse sentimento manifestado a Paige é que acaba contagiando a menina que ainda não aprendeu a se defender, criada e treinada em condições bem mais confortáveis do que seus pais o foram. Essa relação das duas, particularmente nesse momento pós-revelação, começou com pequenas manipulações (que os pais elaboravam pra lhes mostrar o quão importante podia ser seu trabalho), mas agora vai desnudando as cicatrizes da mãe que sempre se mostrou forte demais. Esse momento de relativa calmaria na série, mantida a custo, por Gabriel, pode justamente ser rompido quando se exigir que Paige cumpra o papel para o qual foi despertada.

Episodio 5x8 - Nota 9 2017-05-12 12:12:24

eu também acho o plot de Oleg necessário, principalmente porque vai encaminhando a elaboração desse contexto de crise institucional que leva a União Soviética à desestruturação, enquanto seus agentes estão sofrendo de tantas maneiras e lutando de modo tão empenhado no território inimigo... sem falar que demonstra como as personalidades dele e se Stan são próximas, assim como as dificuldades que os dois encontram pra atuar dentro de suas agências, mesmo estando em lados opostos.

Episodio 5x9 - Nota 9 2017-05-13 12:29:13

Enquanto Elizabeth vasculhava a casa onde Tuan está, Philip escutava a transmissão que instalou há tempos, os dois atuando no serviço da espionagem mais elementar, mas de modo a não deixar as cenas menos empolgantes que as invasões aos galpões ou os disfarces que usam pra se aproximar das pessoas... faz parte do poder de narrativa de The Americans, justamente nos imergir nisso, não necessariamente a partir dos feitos grandiosos, dos grandes embates, mas também do cuidado nos detalhes (a régua pra saber exatamente em que posição a porta do guarda-roupa tinha ficado aberta, por exemplo, a comunicação com ruídos pelos transmissores, os códigos imediatamente decifrados nas ligações < 3). A questão é que ela nunca deixou de ver o sentido nisso, diferente de Philip, que anseia agora, como suspeita em Tuan, mais numa visão de si mesmo, sair desse meio de consequências cada vez mais confusas pra eles mesmos. Não deixa de ser curioso como elaboram os perfis dos agentes da KGB, mas essa suposta inocência, de sequer suspeitar que a União Soviética usaria as armas como ataque e não apenas como defesa, me incomoda um pouco. Eu imaginei que fossem partir do princípio de que eles soubessem as possibilidades e fraquezas do regime, mas guardassem seu ideal, como Elizabeth em relação aos países pobres. Assim, encaminhando a desilusão completa, só restará a Philip a deserção, visto a impaciência e o desgosto dele mesmo agora.

Em meio a tudo isso, a série vai encaminhando lembranças, respostas a certos personagens, fatores que pareceriam esquecidos, mas só estavam submersos nesse cotidiano de missões, cuidados e terrores. É assim na conversa de Oleg com o pai e a exposição de uma relação comedida demais, sem espaços para espontaneidades; Oleg falando sobre Nina com os investigadores e sobre as mágoas guardadas, com o dono do supermercado preso; Stan indo encontrar a viúva de Gaad, tentando aliviar sua consciência e encontrar apoio, quando recebe a cobrança pela vingança; Henry encaminhando seus próprios ressentimentos futuros; e o mais triste, a visita de Gabriel a Martha. Ela tinha aparecido muito rapidamente, desconsolada diante das poucas opções em um supermercado que Oleg estava visitando. Agora, no apartamento que ela não se preocupa em arrumar, se sentindo completamente usada e jogada como um peso a ser sustentado depois de sofrer a desilusão amorosa e ser obrigada a ficar longe dos pais, só pode ir alimentando suas mágoas, sua raiva imediatamente transferida a um solitário e desenganado Gabriel. Aliás, ele também profundamente atingido por todo esse processo, a pessoa boa, como bem definiu Elizabeth, que viu a falência de um ideal e os custos que isso causou a inocentes, como Martha, e justos, como Philip.

A série vai imprimindo aquela tristeza de quando vemos uma luta perdida depois de tanto esforço, de tanto risco corrido. É um retrato do contexto que se desloca da grande Guerra Fria e faz com que enxerguemos seus sujeitos, em todas as suas camadas. É uma narrativa maravilhosa, não apenas por causa de sua complexidade e maestria técnica, mas porque nos chamou ao envolvimento, a sentir o que os personagens sentem, suas dores e esperanças que parecem se perder, com pequenas, mas significativas resistências, no meio das ambições de quem detém o poder.

Episodio 5x10 - Nota 10 2017-05-14 00:37:23

A reafirmação do amor é mais bonita que o despertar dele. Nela está impressa a disposição e a honestidade de saber a impossibilidade da perfeição e mesmo assim assumir o outro, mesmo que não o entenda completamente ou não aceite seus passos de maneira inequívoca. Elizabeth e Philip encontraram tantas dúvidas, aprofundadas com o caso de Martha, com relação à desobrigação de seu relacionamento, fazendo parecer em outros momentos que o modo como casaram e aceitaram viver a partir desse disfarce significaria sempre uma grande interrogação entre os dois, algo que precisava ser respondido, mas algo impedia de se perguntarem. Até que Philip faz a surpresa e eles se escolhem em uma cerimônia russa, no grande quarto escuro que parece ser suas vidas. O quarto escuro do qual ele quis sair não tateando pelas paredes, à própria sorte, como o palestrante falou no grupo que frequenta, mas apoiado em Elizabeth, mesmo diante dos desencontros dos dois, das missões que os empurram a outras companhias, missões das quais ele não vê a hora de se libertar, apesar dos passos dela se animarem na outra direção. Possivelmente, a reafirmação mais difícil virá adiante. Mas que venha.

Assim, após se abraçarem e seguirem nas obrigações da missão sempre comum, eles recebem a filha, cada vez mais empenhada e admirada dos pais que a Guerra lhe destinou. Ela, que quase os retirou de campo, mas acabou caindo nele, empurrada pela agência que formatou todas aquelas condições de vivência, entre os perigos, as vigilâncias, as ausências dos pais e as responsabilidades que os privaram de criar os filhos com a total transparência que Pastor Tim julga como o único meio absolutamente louvável pra isso.

Dois espiões soviéticos em território inimigo, em missões importantíssimas, um dia se viram a ponto de serem presos (e tudo que sua prisão implicaria a eles e seus filhos) porque foram confrontados pela filha. Procuram contornar isso, plenamente cientes das dores que isso causaria a Paige, mesmo diante de seu próprio desespero. É certo que a menina passa por uma situação nada ideal, absolutamente cruel com tudo que ela poderia ser. Todos gostaríamos de poder ver Paige florescer, rodeada por felicidade e tranquilidade. Mas aí o Pastor compara isso a abuso sexual, diz ser pior do que quaisquer casos que já viu, porque ela não conseguiria confiar em mais ninguém... Elizabeth e Philip seriam monstros por causa disso. Eu entendi suas preocupações na temporada passada, admirei suas intervenções até certo ponto, mas montar essa imagem dos Jennings mostra que sua ideia de compaixão é limitada ou, no mínimo, que se precipitou no julgamento de pessoas que não faz ideia pelo que passaram, inclusive na idade de Paige. Responsabilizá-los, até querer que tivessem se afastado do campo quando tiveram os filhos, até é compreensível, visto a própria concepção de mundo que deve sustentar, mas daí a condená-los por uma possível destruição psicológica de Paige, como se optassem por isso, é impiedoso.

Episodio 5x11 - Nota 10 2017-05-20 01:35:01

Quando Elizabeth atira primeiro no marido, ela sabe a dor que causaria ao tipo de pessoa que mais repugna, a traidora (impossível não lembrar de Nina), aquela que matou soldados soviéticos e se deixou ser usada como um "anjo da morte" pelos nazistas. Mesmo assim, depois de entenderem que o amor havia brotado mesmo daquela mulher, que crescia entre o casal de velhos, há remorso em matar. E foi tão perturbador se responsabilizar por aquelas balas certeiras, que Philip não conseguiu fazê-lo (fica cada vez mais palpável sua aversão em matar sob recomendação da agência na qual ele não acredita mais) e despertou imediatamente em Elizabeth, o desejo de deixar suas atividades como espiã em campo. Voltar pra casa ela sempre quis. Sempre tomou gostar do estilo de vida estadunidense uma pequena traição e eu imagino como será lidar com o apego inquestionável de Henry (um cérebro que podia ser soviético, a serviço da ciência nos EUA) a ele, que só cresce diante da influência de Stan.

A angústia de Philip é absolutamente dolorosa. Suas lembranças sobre a infância podem indicar o desejo de voltar a sua terra, mas pode significar sua consciência de que ela não existe mais como lembra, apesar da melhora. Talvez o único apego seja aquela memória. Nenhum apelo nacionalista o empurra, como empurra Elizabeth. Quando a companheira fala em sair, em voltar pra casa, é como se ele só quisesse fugir de tudo, até esperar alguém entrar sorrateiramente na casa dos dois já velhos e matá-los. Ele seria um traidor, mas teria experimentado a liberdade que idealiza, que sentia ao brincar de voar no cômodo escuro onde passava fome, mas sobrevivia sem o nó na garganta que insiste em se manter hoje. É também angustiante que isso seja tão diferente do que Elizabeth toma como o sentido de sua vida. Sua lealdade ao sistema só seria sacrificada pela família e eu desconfio que, sendo isso necessário, ela se daria à morte.

Seria tão bom ver os Jennings felizes no final dessa história. Mas os danos estão se tornando mesmo irreparáveis. O que me consola é a possibilidade de que, mesmo encarando de maneira distinta seu serviço e suas missões, Philip e Elizabeth sustentem um ao outro, não se abandonem.

Episodio 6x1 - Nota 10 2018-03-30 23:44:59

O primeiro olhar sobre esse episódio deixa desvendar uma exausta Elizabeth que personifica a decadência do regime soviético e um Philip que, plenamente adaptado ao “american way of life”, representa um significado vago da abertura ao capitalismo por parte do outro gigante da Guerra Fria. Depois, tudo vai se desenhando do modo preferido por The Americans: nos detalhes das recepções a cada ato, a cada diálogo, nos silêncios de quando não há nada a ser dito porque o desalinho já está posto (o casal no começo) ou de quando nada precisa ser dito porque a concordância é evidente (as três espiãs no sofá, assistindo série russa). No fim das contas, todas as esperanças conscientes parecem minadas. Há uma Paige empolgada com a visão romantizada e inexperiente de seu ofício, uma Claudia mais nostálgica que apegada a expectativas, um Oleg comprometido com sua consciência. Mas quanto às esperanças, não parece haver lugar pra elas em outubro de 87, quando a derrocada ia se evidenciando e a abertura era mais inevitável que planejada.

Diante de tudo isso, parece que nós mesmos somos contagiados por esse clima de desengano. Ninguém queria ver um Philip dourando pílulas na reprodução de coreografias enquanto Elizabeth se esgota, literalmente parecendo perder seus fluidos por uma causa que um dia lhe proporcionou a chance de felicidade mesmo que visse a luta perdida. A derrota na guerra poderia não ser tão amarga afinal, se ainda restassem um ao outro, se ainda pudessem manter silêncios cúmplices e aconchegantes, em lugar de se estranharem nas poucas palavras que ainda conseguem trocar. Mas a desilusão desse último retorno da série parece querer podar essas mínimas esperanças de conforto, espelhando o mau-humor da doente terminal que não consegue se contentar em desenhar contornos depois de ter elaborado pinturas realistas, embaçadas de propósito. Decepcionados um com o outro porque esperavam valer os sacrifícios que os dois não sabem que ainda podem fazer pra se manter como um reduto de companheirismo quando tudo parece se perder na avalanche do fim do século. Eu ainda tenho as esperanças que esse episódio se esforçou pra minar. É tristeza demais ter que assumir a possibilidade do fim de tudo.

Episodio 6x6 - Nota 10 2018-05-05 16:46:47

Não lembro exatamente em qual episódio, antes de toda essa discordância entre os dois, mas já na admissão da possibilidade de que Philip deixasse a espionagem, Elizabeth lhe disse que, caso acontecesse algo a ela, sabia que poderia confiar a ele o futuro dos filhos. Nessa temporada, ficou evidente também em uma fala dela, que os dois dividiram certas responsabilidades de orientação quando Paige foi recrutada e Henry foi para a escola de elite. E diante de todos esses acontecimentos e tensões, ficou difícil pensar nos remorsos que essa mulher carregou ao ter que abdicar da criação do filho não porque foi pega e/ou morreu, mas por tudo ter ficado tão sobrecarregado, perigoso. E então quando o filho vem visitar a família por causa de um feriado tão simbólico e significativo para uma nação que lhe é inimiga e para um nacionalismo que despreza, Elizabeth tem que sair em uma missão quase impossível, com o peso de não ter mais seu companheiro ao lado (ao menos não teve que ouvir o discurso anticomunista de Stan).

Agora, esse companheiro demite funcionários antigos por causa de produtividade, perde o sono por causa de uma falência iminente (o capitalismo não perdoa), compromete uma missão futura e espiona a corrente. Ela emagrece enquanto ele engorda, fuma enquanto ele dança. Ela carrega a tarefa de se matar se for pega e corre os riscos pelos seus companheiros e ideais, o bem coletivo (concordem com o sistema ou não, pra personagem é isso: ela não se acomoda na propaganda do "american way of life" que Stan tanto aprecia do alto de seus privilégios e ao qual Philip cedeu, apesar do evidente desconforto que o persegue...). Aqui, ele vai até ela e nós nem sabemos se é pra ajudá-la nos seus objetivos depois de tudo ou para atingir os seus próprios, junto a Oleg. Eu realmente gosto de Philip e toda a história com Martha foi muito difícil pra ele, a gota d'água diante das fragilidades e dúvidas que enfrentava... não dá nem pra imaginar o quão difícil e perturbador é o tipo de missão que por tanto tempo fizeram, envolvendo-se pessoal, emocionalmente com os alvos. Mas é complicado ter que desconfiar de sua capacidade de cumplicidade para com a companheira de uma vida de segredos, de riscos, de salvamentos mútuos. De todo modo, a impressão que fica com o último telefonema desse episódio é a de que, apesar de todas as desconfianças, mágoas e do afastamento inevitável que enfrentariam, a vida dividida não lhes será ingrata de todo, apesar dos angustiantes sacrifícios pessoais que exigiu.

Episodio 6x6 - Nota 10 2018-05-14 12:59:31

heuehueheu, amém, irmão

Episodio 6x6 - Nota 10 2018-07-23 13:04:48

Ai, Alana, obrigada! Já tenho saudade dessa série maravilhosa...

Episodio 6x7 - Nota 10 2018-05-15 16:43:06

Quando Elizabeth tocou o rosto de Philip antes de novamente sair a trabalho, a primeira impressão foi a de que seria a última vez que se encontrariam. O cerco está se fechando tanto que todo instante parece o último pra algum deles ou pra quem fatalmente atravesse esse caminho que agora é percorrido tão rapidamente pra um final que tende a ser impiedoso, como o foi pra "Harvest", pra Marilyn, ou como poderia ter sido, com um caráter bem diferente, já que gratuito, para a mulher que cruza o estacionamento, liga o carro e desaparece (quantas pessoas em todos esses milênios de engalfinhamentos/relações humanas tiveram a mesma sorte? no universo de The Americans, pouquíssimas). Mas não foi a última vez e nem por isso podemos nos dar o luxo do alívio... Elizabeth constatou triste, mas conformadamente, que as chances deles conseguirem sobreviver, mais ainda permanecendo juntos, a esse momento tão difícil para os ilegais, são, como na missão de extração, realmente muito poucas.

Talvez se ela conseguisse sair, parar. Mas não consegue, a não ser que a personagem passe por um processo de revolução radical de si e de seu ideal, o que é praticamente impossível de acontecer (mas é The Americans e, como já disseram tantas vezes, não dá pra apostar em nenhum destino para os personagens). Quem sabe por isso mesmo, ela não pareça nem um pouco perturbada ao observar a fixação, a obsessão que a pintora nutre pelo trabalho: "não me dê remédio, eu tenho que trabalhar" é parecido com chegar em casa depois dessa missão trágica e dizer ao marido que lhe desejaria um descanso: "[gostaria de ficar, mas] eu tenho um trabalho". Ao contrário de alguma crítica à obstinação que lhe exige sacrifícios, que lhe cobra dores, que muitos poderiam confundir com vaidade ou alienação, Elizabeth não poderia se identificar mais: o que lhe são os suplícios diante da imortalidade da obra ou da consciência de que fez o que achava certo em um momento que infelizmente não pode exigir menos que seu sossego, seu conforto e provavelmente sua vida?

Toda essa situação me lembra o título de um documentário sobre três irmãs cegas e pobres que, sem maiores alternativas, começaram a cantar em uma feira popular aqui da Paraíba e encontraram um sentimento de realização julgado tantas vezes como improvável: "a pessoa é para o que nasce". Afora as impressões deterministas que essa máxima pode deixar e sendo importante lembrar quanta gente desafia e supera as circunstâncias às quais se vê limitada, existe muita verdade nisso, assim como existe um monte de caso em que a pessoa não é para o que escolhe. Como já é demasiado sabido por nós, mas que se comprovou para Elizabeth definida e concretamente nesse episódio, e não à toa, mas marcando as distâncias entre eles, é o caso de Philip, por mais eficiente em seu papel; assim como o de Paige, por mais determinada. Aqui, há uma tentação em subestimar Paige e atribuir sua escolha à influência da mãe... por mais que a busca pela admiração e reconhecimento materno pese, Elizabeth a colocou diante de opções e ela manteve seu direcionamento. Diferente de Henry, a quem não foi dado conhecer as mesmas opções, a quem não se revelou nada. Espero que, no fim de tudo, não lhe sobre apenas tristeza e ressentimento, inclusive quando se der conta que entregou os pais ao vizinho que deram o azar de ter.

Episodio 6x9 - Nota 10 2018-05-25 19:41:36

"Você destruiu tudo hoje. O dano que causou é indescritível."
Talvez Elizabeth, mais tarde, tendo visto como sua revolução foi derrotada, lembraria do desabafo de Claudia, assim como nesse episódio lembrou daquela lição tão cortante dada a Nadezhda, quando abandonou o camarada para morrer só, nas ruas de Moscou.

Mas a construção da personalidade da ilegal aposta tanto em uma conduta de lealdade junto aos princípios que edificou servindo ao seu país, que aquilo inevitavelmente qualificado por Claudia como uma traição é a preservação dessas características, mesmo que isso signifique romper com os indivíduos que lhe acompanharam até agora. Longe de casa, sem saber como se dão as dissidências, seus motivos e métodos, Elizabeth só pode confiar em si mesma, a partir da visão que pode alcançar, no aprendizado que adquiriu, entre tantos sacrifícios compensados pelo sentimento de sempre ter cumprido seu dever. Sem dúvida foi muito difícil matar uma camarada para proteger o outro, mas sua trajetória inteira foi uma sucessão de complicações e sua escolha agora é a execução dos mesmos passos dados pela coerência no que acredita.

Claudia diz que não lhe sobra nada porque vê de um ponto diferente. Aliás, a ordem em que recita os elementos parece uma profecia: a casa, os filhos americanos (e americanizados), Philip. No fim das contas, mesmo que tudo se for, Elizabeth espera que sobre a obra... que não fosse queimável, como uma herança a ser apagada diante dos riscos que representaria (assim como a pintura que passou a lhe dizer tanto). Talvez sejam esses dias desesperançados, mas The Americans parece ter trazido uma temporada estranhamente recoberta de "profecias", ainda mais agoniantes pelo badalo do "e se", de Stan, além do surpreendente "eu sei o que vocês faziam nos fundos", de Stavos.

Finalmente, é muito difícil ver Paige ir contra Elizabeth a partir de um julgamento moral/conservador, principalmente depois de questionar o papel das mulheres soviéticas representadas no filme. O conflito entre elas dá a última face da decepção, que poderia ser a palavra-chave desse episódio (estão todos decepcionados: Stan para com uma conduta sem antecedentes registrados dos Jennings; Claudia para com Elizabeth; esta, primeiro em relação à causa de seu remorso no treinamento, mas também diante da dissidência; Philip para com a ingenuidade do padre; Oleg para com a falta de visão de todo de Stan). E é tudo construído de forma muito abrupta: ao mesmo tempo em que a semelhança entre as duas se firma (não admitem mentiras porque não veem como recuperar a confiança), uma distância um tanto inesperada aparece. É essa distância que demonstra como o conceito de idade através da experiência é relativo a épocas, lugares e culturas. Claudia certamente era muito nova quando foi à guerra; Elizabeth, muito nova quando se tornou espiã; Paige, muito nova agora. Mas justamente essa me sai com esse tipo de julgamento diante de tudo o que o papel da mãe representou, quando parecia ter entendido tanto. Quem sabe um dia também recorde, como uma adulta, certa lição cortante e tenha a chance de pensar, como Nadezha: "como eu pude?".

Episodio 6x9 - Nota 10 2018-05-25 21:44:41

Ô, que coisa boa, João Pedro :3

Episodio 6x9 - Nota 10 2018-05-26 23:48:14

kkkkkk < 3

Episodio 6x10 - Nota 10 2018-05-30 18:33:30

ou vai ser a "redenção" de Philip :/

Episodio 6x10 - Nota 10 2018-06-01 00:58:27

No banco de trás do carro de Arkady, o casal repousa. Não tem missão nem disfarce. Elizabeth pode encostar a cabeça no ombro do companheiro, sentir que ele também dorme e ficar tranquila. Há quanto tempo não víamos isso? A vida não tá em risco e eles estão em casa. "Não são mais crianças", construíram uma trajetória repleta de significados não apenas pra sua luta, como também pessoais, por mais que tenham surgido dúvidas sobre a espontaneidade do amor entre eles. Puderam colher os frutos disso, profissional e pessoalmente. Só não podem desfrutar de vê-los amadurecer porque seus filhos, também "não mais crianças" criaram seus próprios laços e se despediram de sua própria casa.

O "jennings" na camisa de Henry escancara o drama de um pertencimento que parece se esvaziar, algo que ele sentia desde muito tempo e o que confessou a Stan no dia em que entregou os pais. Paige escapando do policiamento e escolhendo ficar (não silenciosamente... ela já tinha dito que não podia quando estavam no orelhão falando com Henry) evidencia a emancipação ansiada desde muito cedo. Mas diante do afastamento dos dois, os pais acreditam piamente que não serão esquecidos porque os criaram. E quem poderia ter mais certeza que eles, que a tiveram ao olhar novamente, com certo e compreensível nervosismo, as luzes de sua terra, tão familiar e tão estranha? Aquela apreensão misturada com a inevitabilidade da emoção do reconhecimento seria a mesma sensação que Henry e Paige poderiam experimentar anos mais tarde, reencontrando os pais então velhos.

O sentimento da despedida de The Americans é sobretudo angustiante pois, como já disseram tantos, o final feliz porque todos estão vivos, é também triste porque a marca da trajetória dessas personagens foi a desromantização dos encontros: o casamento como missão, a família como disfarce, o agente do FBI morando ao lado dos ilegais da KGB. Por outro lado, há algo de bastante consolador aqui, ainda que a consolação só exista como a tentativa de suprir uma falta, pequena ou grande. Ainda que fabricadas com intuitos incomuns, as relações produziram afetos, mesmo manchados em sua origem e magoados em tantos momentos. A lealdade do casal, o amor da família, a amizade dos agentes (Stan, quanta amizade! Quantas convicções ele teve que relativizar ao confrontar aquela família...).

Particularmente, enquanto fã de séries, foi uma das produções mais tocantes, por motivos diversos, mas principalmente pelo desenvolvimento dessa personagem feminina maravilhosa, interpretada com uma performance à altura. The Americans tem uma qualidade de narrativa muito difícil de encontrar e isso está além de rankings e picuinhas sobre finales melhores ou piores, mais ou menos impactantes. No mais, posso dizer que não esperava nada melhor que START.

Episodio 6x10 - Nota 10 2018-06-01 01:02:55

Claudia disse a Elizabeth que voltaria à Rússia e continuaria lutando pelo que acreditava. Eu acho que foi exatamente o que ela fez.


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