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The Americans By LucaSP





Episodio 3x3 - Nota 8.5 2020-07-16 22:19:51

The Americans tem uma capacidade impressionante de variar o clima do episódio de maneira brusca. Uma hora está tudo tranquilo, outra já é pura tensão. Essa perseguição à Elizabeth no semáforo havia sido muito boa, mas nada se compara a agonia da cena dos dentes sendo arrancados. É o barulho que mais me deixa desconfortável, de modo que eu só queria que acabasse logo. A atuação da Keri Russell vendeu de modo primoroso a cena, mesmo sem diálogos.

Gosto muito desse plot da Paige sendo visada como espiã. O segredo dele é justamente que não aceleraram as coisas, colocando ela para ser treinada logo nesse início de temporada. Ao invés gradualmente vão trabalhando essa mudança, começando, obviamente, com Philip e Elizabeth digerindo a notícia e questionando as intenções.

Episodio 3x5 - Nota 9 2020-07-17 15:19:06

É por episódios como esse que The Americans é uma das minhas séries favoritas. Apesar de el ser brilhante na forma como constrói tensão, a forma como constrói personagens é ainda melhor. Phillip tendo que lidar com Kimberly, que poderia ser sua filha, foi fantástico. Não por algum acontecimento específico durante o plot, mas em como esse é usado para inserir os flashbacks do treinamento do personagem.

Ele sendo ensinado que deveria achar uma forma de tornar aquilo real foi muito pesado, especialmente pela forma que isso se transfere para a sua missão com Kim. Não só isso, como se transfere para o próprio casamento com Elizabeth. Não foi uma relação construída na base do amor e, sim, na necessidade - tanto em termos da missão a eles designada, como na necessidade de terem alguém para se conectar. Não é de se estranhar, então, o comentário dele que às vezes tem que tornar real com a própria esposa. A grosso modo, o casamento deles ainda se trata de um teatro, um que eles tiveram que aprender a desempenhar os papéis.

Enfim, com um cena, The Americans deu inúmeros contornos e uma enorme significância ao episódio. Por isso, é um seriado que dificilmente agrada todo mundo, pois é minucioso demais. São detalhes que constroem um panorama maior.

Episodio 3x8 - Nota 9 2020-07-18 15:00:04

Apesar do plot do interrogatório ter entregados ótimos momentos de tensão e agonia - o cara pegando fogo é um nível acima do que os Jennings normalmente fazem -, foram as tramas da Martha e Nina que mais me chamaram atenção aqui.

The Americans tem personagens femininas muito fortes e interessante. Mesmo Martha sendo retratada de uma forma um tanto ingênua até agora, a partir da trama dela desse episódio se percebe que ela sabe se virar para não ser pega no trabalho, além de já ter notado o jogo do Phillip. Essa necessidade de sobrevivência também se percebe quanto à Nina, que, embora em um núcleo à parte, segue sendo uma personagem interessantíssima de se acompanhar.

Também vem sendo muito bom acompanhar a forma que Elizabeth, aos poucos, vai convertendo a filha. O texto da série é sensacional nessa sutilidade. Parece apenas uma conversa entre mãe e filha, mas tem muito mais por trás.

Episodio 3x9 - Nota 9.5 2020-07-19 16:06:06

Esse episódio recebeu indicação de melhor roteiro no Emmy de 2015. Perdeu para a season finale da quinta temporada de Game of Thrones - um ultraje ainda maior levando em consideração que concorriam também o series finale e "Lost Horizon" de Mad Men. Lois Smith não foi nem sequer indicada, mas essa culpa eu acredito que seja dos produtores, que sabiam que teriam um trunfo com Margo Martindale - e, de fato, foi ela que ganhou, pela primeira vez pelo seriado.

Deixando de lado o desabafo sobre injustiça em premiações, esse episódio é um dos melhores da série. Muito interessante o título fazendo referência ao clássico romance de Philip K. Dick, Do Androids Dream of Electric Sheep? (aka Blade Runner), porque a narrativa de Elizabeth aqui é semelhante ao do protagonista do livro, no sentido de despertar para a realidade ao redor dela. Além disso, ainda vemos ela ceder a postura robótica, se permitindo criar empatia por alguém que ela teria que eliminar.

Elizabeth, que sempre se manteve fria na hora de executar o trabalho, fraqueja ao encontrar a adorável Betty e ver nela uma versão sua mais velha - até a jogada com o nome das duas é sensacional. Ambas estavam naquele lugar pelo mesmo motivo, trabalho a ser feito e de certa forma se sentirem mais perto dos maridos. O "You think doing this to me will make the world a better place?" seguido do "That's what evil people tell themselves when they do evil things." doeu em Elizabeth e doeu até em mim. Lois Smith estupenda. Com Emmy ou sem Emmy, uma das melhores atuações da TV naquele ano.

Episodio 3x12 - Nota 9 2020-07-20 15:47:09

Stan no apartamento de Martha conseguiu ser a cena mais tensa da temporada, mesmo com o mínimo alarde em torno dela. Mostram Philip falando que ia para lá, ele caminhando, Hans fazendo um sinal e de nada o agente na casa dela. Não foi necessário uma trilha sonora chamativa, não fizeram suspense com Stan chegando lá ou Philip vendo ele. Apenas mostraram os dois tomando chá e deixaram o clima de incerteza no ar - exatamente o que é necessário para uma boa cena de tensão.

Acho muito natural o drama que Paige está fazendo. Ela acabou de descobrir uma mentira que muda completamente a vida que ela achava que tinha. Muito compreensível ela questionando tudo, inclusive se era filha dos pais ou irmã do Henry. Não é uma rebeldia adolescente que surgiu do nada por motivo algum. Estranho seria se ela aceitasse numa boa a bomba que recebeu.

Episodio 4x2 - Nota 9 2016-04-11 02:37:26

The Americans, apesar de ser rotulada como lenta, é uma série intensa, talvez a mais intensa no ar hoje. O trabalho na construção de uma atmosfera de tensão é brilhante. Não somente nas cenas de ação, onde isso já é naturalmente esperado, mas em cada diálogo, em cada divagação de um personagem, há todo um cuidado para tornar aquilo impactante dramaticamente. Todos são bombas-relógios prontas para explodir, e que de vez enquanto o fazem, apenas para ser recompor e reiniciar o timer novamente. Um exemplo claro é a excelente cena na qual Paige conta à mãe sobre o pastor Tim, algo que o episódio progressivamente trabalhou até chegar ao clímax em questão.

Essa temporada parece que será a mais pesada da série, nesse sentido. Existem tantos pontos de tensão que é impossível que até o final o casal protagonista mantenha-se intacto. Fora o pastor Tim e as divergências entre eles sobre lidar com esse problema, ainda há o plot da arma biológica e, lá no fundo, uma grande aproximação entre Henry e Stan - que provavelmente terminará com a identidade deles sendo comprometida. Estou bastante empolgado.

Episodio 4x4 - Nota 9 2016-04-13 00:33:38

Mais um episódio extremamente dramático e pesado para a conta da temporada e, até aqui, o melhor. Incrível como a condução dos minutos finais apontava para um final feliz, com Elizabeth e Philip tendo um momento em família e Nina sendo libertada, apenas para cortar para a crua realidade e ela ser executada a sangue frio. Aliás, a frieza dessa cena final ficará marcada na minha memória por um bom tempo.

No entanto, esse não foi o único momento dramático, apesar de ser o mais impactante. Elizabeth contaminada, tendo delírios com a mãe e ainda refletindo com Philip sobre toda a situação envolvendo Paige foram cenas bem fortes, que Keri Russell e Matthew Rhys tiraram de letra (definitivamente, uma dupla que merecia mais reconhecimento). E o que dizer de Martha no jantar? A evolução dessa personagem é uma das melhores coisas que a série ofereceu.

Episodio 4x7 - Nota 9.5 2016-04-29 18:47:07

Episódio devastador, meu favorito da série até o momento. Já disse e repito: o desenvolvimento da personagem Martha foi uma das melhores coisas que The Americans já ofereceu. Daquela mulher ingênua da primeira temporada que viu em Clark uma oportunidade de ser feliz e a agarrou sem questionar até a mulher do final desse episódio, consciente e conformada com seu destino, capaz de soltar um "I'll be alone. Just the way it was before I met you." há um abismo de diferença.

"Travel Agents" é uma síntese de tudo de melhor que a série possui. Angustiante, intenso, dramático, com excelentes diálogos e atuações no ponto. Desde o começo, já ficou claro que não haveria final feliz para Martha. Qualquer que fosse o destino da personagem, ela sairia perdendo. Porém, isso não tornou a experiência do episódio frustrante, pelo contrário, foi extremamente doloroso ter que acompanhar quarenta minutos torcendo para a menos pior das saídas.

E, ainda que somente o roteiro fosse capaz de sustentá-lo, foi Alison Wright que roubou o episódio para si e possibilitou que este tivesse o impacto que teve. Fora o já mencionado diálogo final com Philip, ainda houveram a cena da ponte, os telefonemas, a conversa com Elizabeth, ... Não faltam excelentes atores e atrizes em The Americans, mas nenhum deles conseguiu me comover como a intérprete de Martha conseguiu aqui.

Isso que estamos apenas na metade da temporada.

Episodio 4x13 - Nota 9 2016-06-12 16:49:10

Finale excelente para uma temporada sublime. Uma das melhores coisas de The Americans é que ela não se preocupa em seguir a risca o modelo das séries em geral. Ao invés de entregar uma temporada mediana, segurando o clímax para uma finale "bombástica", entregou uma temporada desde o começo excelente, repleta de picos ao longo de seu desenrolar e com um final coerente que sintetiza tudo o que nela foi apresentado, encerrando de modo coerente e nem por isso menos bom. Como espectadores, fomos mal acostumados a esperar sempre o melhor para o final, mas The Americans está aí para mostrar que não é só de grandes finales que uma boa série é feita.

"Persona Non Grata", como praticamente todo episódio dessa temporada, foi cheio de momentos de tensões, perfeitamente disfarçados em meio a calma habitual da série. Será que Phillip e Elizabeth seriam descobertos? Será que eles teriam que fugir? Como ficaria Paige no meio dessa história? foram perguntas que ficaram no ar durante todo o episódio e que continuarão até a próxima temporada. Seja lá quais forem as respostas delas estou bem curioso para ver como The Americans lidará com elas,

Só não estou curioso em relação a esse romance entre Paige e o filho do Stan. Ainda dá tempo de encerrar isso antes de começar.

Episodio 5x1 - Nota 9 2020-07-25 12:48:06

Acredito que essa é a melhor premiere da série. O episódio já inicia com uma introdução bem mindblowing, colocando o casal protagonista em um novo disfarce e simplesmente jogando, sem maiores explicações, isso na cara do público, desenvolvendo esse plot ao longo do episódio.

Mas é na forma que a premiere termina que mostra todo o brilhantismo da série, com uma cena extremamente tensa, mesmo sendo basicamente uma escavação em silêncio. Hans se contaminando e tendo que ser sacrificado foi um momento com tanto impacto quanto a cena inicial. Pode parecer uma forma um tanto indigna de um personagem relevante morrer, mas é bem interessante ver que novamente é Elizabeth a responsável por isso. Aos poucos, a série vem dificultando para a protagonista manter uma postura fria e distante dos alvos. Óbvio que ela ainda age como deve agir na execução da missão, mas dá para perceber que esses sacrifícios começam a serem mais pessoais para ela a cada temporada.

E, por falar em plots que a série trabalha gradualmente, ver Paige passando para a próxima fase do seu recrutamento - um treinamento em si - foi muito bom. The Americans sabe muito bem o ritmo que deve ser imposto nesse plot. Começou com Elizabeth educando ideologicamente a filha, ela descobrindo a verdade, surtando e desabafando com o pastor, entrando nos jogos de espionagem, percebendo a seriedade em que está metida ao ver a mãe matando um cara e, agora, recebendo lições de combate corporal. É um processo lento, em que a personagem vai se aprofundando mais a cada etapa no real trabalho dos pais.

Episodio 5x5 - Nota 9 2020-08-03 01:11:06

O melhor roteiro desse início de temporada. Aqui fica bem claro o desgaste que Philip vem passando como agente. É visível que ele não consegue mais tornar real na hora do sexo - algo que também fica perceptível em Elizabeth, por sinal - e vem sendo retratado cada vez mais afastado dos filhos reais, sendo visto mais tempo com o filho fake do que com Paige e, especialmente, Henry. Essa construção é absurdamente importante para o arco do personagem a partir de agora e, nesse sentido, esse episódio pode ser visto como um ponto de mudança.

Em meio a isso, havia um Mischa. A lembrança de Philip com o pai tem relação essencialmente com a forma que ele sente que está o seu laço com os filhos que conhece - ele se lembra do pai trazendo comida e roupas, mas não associa isso com uma memória boa, como se o pai voltasse apenas para trazer o necessário e esse fosse o relacionamento entre eles. Entretanto, ver esse momento de pai e filho deu esperanças que víssemos o mesmo em relação a Philip e Mischa. No final, temos a crua realidade que eles estão inseridos: os dois não podem se encontrar pois isso desestabilizaria o protagonista em sua missão. Num episódio que se refletiu muito sobre família, é bem pesado que Philip não tenha tido nem a oportunidade de escolher encontrar seu elo perdido.

Episodio 5x11 - Nota 9.5 2020-08-04 01:59:15

Outro dos meus episódios favoritos da série. Todas as angústias de Philip e Elizabeth acumuladas durante essa temporada explodiram aqui. Philip não aguenta mais apenas seguir ordens, sem questionar. Ele é uma pessoa, não uma máquina. Fraqueja na hora de matar a mulher na frente do marido, pois, enquanto Elizabeth ainda é movida ideologicamente, ele tem como objetivo principal a família. Ele não estava receoso em eliminar uma "traidora" e, sim, uma família. Muito delicado passar por isso à medida que ele, lentamente, está se desconectando da própria - tanto na falta atormentadora de lembranças com o pai, quanto não estando tão presente na vida dos filhos*.

Entretanto, por mais interessante que seja o arco dramático de Philip, o episódio foi de Elizabeth - não por menos serviu de Emmy Tape para Keri Russell. Desde o maravilhoso "Do Mail Robots Dream of Electric Sheep?", não há uma atitude que a personagem toma que eu não lembro do "You think doing this to me will make the world a better place?" que Betty falou para ela. A personagem sempre foi construída de maneira fria, que executa com precisão as ordens que são dadas pois quer acreditar que aquilo é o certo. Ela é exatamente o que Philip não quer mais ser. Entretanto, desde o citado episódio da terceira temporada, ela vem criando uma certa empatia com pessoas que, no fim, ela tem que prejudicar de alguma forma. Aqui, isso é elevado a um ponto máximo, com ela se compadecendo com a história de alguém que desprezava minutos antes - o poder do olhar de Keri Russell na cena em que Natalie conta o que aconteceu para o marido é absurdo. Entretanto, ela tem que se manter forte, com Philip fraquejando. Ele é a parte sentimental do casal e isso obriga ela a ser a racional, mesmo em momentos que ela já não queria mais ser.

No fim, essa exaustão que os dois estão passando é refletida muito bem naquela brilhante cena do carro. em que trafegando por uma estrada tomada pela escuridão, sem saber direito o que os aguarda pela frente, Elizabeth diz que só queria estar em casa, frase que é usada em um sentido dúbio, mas que, qualquer que seja a interpretação, diz algo claramente: ela não queria ter estado ali. Existe os Jennings antes e depois desse capítulo.

*sem falar da maior ironia de todas: perder Henry para o FBI.

Episodio 5x13 - Nota 9 2020-08-04 23:35:07

Com uma season finale repleta de silenciosos pontos de tensão, como o quase suicídio de Pasha e Paige caminhando sozinha numa rua à noite, era questão de tempo até algo dar errado - entenda-se sair fora dos planos. Mas, ao invés de surgir com um evento bombástico, The Americans resolveu apresentar uma fricção na relação mais estável e bem construída do seriado.

É muito interessante o conselho da Elizabeth para Tuan, pois se encaixa muito bem em relação a ela e Philip. Sem a esposa, ele provavelmente estaria em maus lençóis nessa temporada, vide como ele não conseguiu executar Natalie e o marido dois episódios atrás. Ela sabe que Tuan precisa fazer isso com mais alguém porque ele, tal como Philip, precisa de um equilíbrio. Isso se reflete muito no diálogo do final do episódio em que ela diz o que qualquer espectador a essa altura já percebeu: Philip deveria parar. Ele já está esgotado, não é mais o equilíbrio de ninguém e apenas se mantem nessa vida pela esposa. Não é apenas a atitude mais plausível para o personagem, como também uma excelente premissa para ser usada na próxima (e última) temporada.

Episodio 6x2 - Nota 8.5 2018-04-08 00:28:25

Perfeita a forma que a série retrata o afastamento do casal protagonista. Nem conversam mais diretamente olhando um para o outro, quase como se fossem estranhos que se cruzaram por acaso. O desgaste de Elizabeth também vem sendo bem trabalhado.

Acho muito estranho ver Philip trabalhando, de verdade. É quase como se fosse outra série. O que, de outra forma, corrobora a distância entre ele e Elizabeth.

Episodio 6x7 - Nota 9.5 2020-08-06 21:49:52

Um episódio em que a tensão começa na conversa entre Stan e Philip e não termina em nenhum momento do episódio. A operação em Chicago, ironicamente, acabou sendo a parte menos agoniante do episódio - e, olha, que se tem algo que aquilo, com cenas como Philip desmembrando um corpo, definitivamente foi é agoniante.

Os dois principais pontos de tensão desse magnífico episódio - que estaria, sem dúvidas, no meu top 5, se não fosse por um outro que ainda está por vir - são a relação entre o casal protagonista e Stan. A trama do segundo foi algo tão bem construída no decorrer da série. Já faz tempo que é possível perceber que a aproximação entre ele e Henry seria perigosa para os Jennings, especialmente porque veio acompanhado de um afastamento gradual dele dos pais. Manter Henry alienado da verdade ao seu redor pode ter protegido o garoto de muita coisa, mas não protegeu o segredo da família. Mesmo ele não sabendo de nada, algumas simples informações que ele soltou aqui - as constantes saídas dos pais e a ausência de outros membros da família -, mais outra que Stan recebeu ali já foi suficiente para o agente ligar os pontos. É genial o fato de um personagem muitas vezes deixado de lado ter acendido o fósforo para essa explosão que The Americans prepara pro seu fim, afinal se Henry não fosse tão negligenciado isso não acabaria acontecendo.

Mas a principal tensão ainda foi a que envolveu o casamento de Elizabeth e Philip. Na última season finale vimos ela dizendo para o marido se afastar das missões, focar mais no trabalho. Naquele momento, ela sentia que ele estava no seu limite e já não era mais um ponto de equilíbrio para ela. No decorrer dessa temporada, o que se acompanhou foi uma Elizabeth sozinha, sobrecarregada e executando suas missões de maneira muito arriscada. Nesse episódio, no qual ela demanda a ajuda de Philip, é possível perceber que um complementa o outro. Mesmo a missão não transcorrendo de modo perfeito - longe disso, por sinal -, eles ainda conseguiram juntos transpor os obstáculos.

Em um episódio repleto de cenas marcantes - novamente: Philip desmembrando um corpo a machadadas - o que mais mexeu comigo foi ela buscando manter contato físico com ele, tanto na cena deles na cama quanto quando eles chegam em casa. No meio de tanta tensão, o episódio foi sobre um casal tentando se reconectar.

Episodio 6x9 - Nota 10 2020-08-07 15:59:48

Philip é um personagem sensacional. Extremamente complexo e cheio de camadas, ele vai totalmente contra a imagem que se espera de um espião. Reassistindo, fica bem claro que a quinta temporada foi planejada para dar mais aprofundamento a ele, expondo muitas de suas cicatrizes, especialmente em questão a família, questionamentos e terminando com ele se afastando do trabalho de campo. Da mesma forma, essa foi a temporada de Elizabeth - e não por menos esse episódio recebe seu nome.

Por trás do bloco de gelo que ela sempre demonstrou ser, ainda há aquela garota confusa mostrada no flashback desse episódio, que vê um acidente na rua e fica na dúvida entre chamar por ajuda ou colocar em prática o seu treinamento. É interessante como uma cena pode explicar tanto de uma personagem como aquela o faz. Entre o dilema moral e o seu dever como espiã, Elizabeth escolheu o dever, não só aquela vez como sempre que possível desde então. Ela não teve um único momento de dúvida. Matou quem precisou matar. Prejudicou quem precisou prejudicar. Sempre seguiu o que lhe foi ordenado o mais fielmente possível. Ela foi uma máquina que acabou com várias vidas para um bem maior, evitando completamente a sensação de remorso - afinal ela achava que estava contribuindo para um mundo melhor.

Mas aqui ela lembra a lição daquele dia, sobre priorizar os companheiros, mesmo que isso vá contra as ordens dadas. E não é isso que, de certa forma, ela faz? Sempre seguindo o que lhe foi dito como certo, aqui vemos a personagem se rebelar, corrigir o que deveria ter feito naquele fatídico dia e fazer o que ela acha que é certo. Entre a moral e o dever, aqui, a moral venceu. Claudia tentado jogar contra os princípios da protagonista, tentando causar um sentimento de culpa, como se nada que ela tivesse feito antes reparasse a isso, a atingiu. Mas é quando o confronto vem de Paige que ela atinge o estopim. Afinal o que é transar com um cara perto de tudo que ela já viu e fez?

Há tantas cenas marcantes aqui, que é inconcebível esse episódio ter passado batido na principal premiação televisiva. Keri Russell foi indicada pelo anterior - acho que as chances teriam sido melhores com esse -, Matthew Rhys pelo próximo, Margo Martindale - em seu melhor momento na série inteira - foi ignorada e nem mesmo a direção de Chris Long - o que foi a cena da perseguição? - foi contemplada.

Episodio 6x10 - Nota 10 2020-08-08 13:55:45

Nunca mais ouvi With Or Without You da mesma forma depois desse finale. Que Ross e Rachel me perdoem, mas se tem uma sequência que marcou a música na televisão foi essa em The Americans.

Se tem uma coisa que esse finale foi sobre é sacrifícios. Sobre não poder viver com, mas também não saber viver sem, algo. Elizabeth e Philip tiveram que deixar o filho, pois sabiam que ele não se acostumaria a outra vida que não a americana. Stan, além de ter que escolher entre o trabalho e os amigos, teve que viver na eterna dúvida a respeito de Renee ser ou não uma espiã e estar o enganando - afinal só sobrou ela e Henry a seu lado. Entretanto, é quando a música pausa para aquele tenso momento no trem e retorna que vem o maior golpe: Paige ficando para trás. Os protagonistas sacrificaram tantas coisas ao longo dos anos e agora tiveram que fazer seu maior sacrifício: deixar tudo que restou da família deles para trás e partir para um país que já não é mais aquele que eles conheceram. É até bonito ver a cena final, com um sendo tudo que sobrou para o outro, mas não deixou de lado a sensação de fim extremamente amargo.

No meio dessa perfeição, não poderia faltar sacadas brilhantemente sutis. Num dos seus disfarces nessa temporada, Elizabeth estava cercada por quadros que representam a sensação de desespero e sufocamento e não é que serviu para simbolizar o que seria ela no trem vendo a filha ficando? Além disso, uma das minhas favoritas é ver Henry descobrindo a verdade vestindo aquela camisa de hóquei escrita Jennings - evidentemente, uma mentira.

The Americans é uma série excelente quando vista e genial quando revista. O brilhantismo por trás de cada cena vale mais que qualquer reviravolta mirabolante de roteiro. Acompanhar a série já sabendo o que vem pela frente dá uma perspectiva muito maior sobre ela e o quanto ela foi bem planejada. Não é um seriado para criar expectativas e, sim, para apreciar o desenvolvimento. Como espectadores, muitas vezes nos prendemos muito no futuro da história - O que vai acontecer com tal personagem? Para onde o enredo está seguindo? Qual a resposta para tal pergunta? - e deixamos de lado o presente.


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LucaSP

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