Episodio 1x3 2018-07-07 15:14:03Além da problematização, que já renderia o suficiente, sobre o preconceito e o machismo no futebol masculino, a série vem dando conta das relações pessoais de modo carismático, atentando muito bem ao detalhe que faz muita diferença nessa história, colocando-a para além da superficialidade de qualquer panfletagem e palavras de ordem. A simpatia pela questão do empoderamento feminino, para usar a expressão mais popularizada hoje, é suscitada também a partir da relação entre mãe e filha, na sororidade que a cumplicidade entre as duas foi construindo no decorrer desses anos de superação, inspirando aquele sentimento de que foram as duas contra o mundo durante tempo suficiente para uni-las além de qualquer laço de sangue. Não que a escolha por ficar ali seja justa para a filha: pelo contrário, é sobretudo triste porque parte de um sacrifício pessoal e da dor pela violência gratuita que atinge a mulher que ousou ocupar um espaço tradicionalmente masculino. A menina que nem completou seus 18 anos assume, mesmo que não totalmente consciente disso (sua preocupação é proteger/apoiar Helena), uma luta poderosa e tantas vezes desprezada, sabendo que está em um lugar/momento de sua vida em que é possível se reorganizar, replanejar, reestruturar, enquanto a mãe vive um ponto chave da vida e da carreira, expondo-se para provar ao mundo que tem potência para aquilo que assumiu, vencendo obstáculos que nenhum homem encontraria no lugar dela: o ódio por seu gênero ocupar aquele espaço e a hipocrisia/ oportunismo dos dirigentes que diante das câmeras se abrem às bandeiras mais pertinentes e, por trás, insistem no discurso opressor que os formou. |
Episodio 1x5 2018-07-13 21:52:19"Toque de gênio ali no final, MIKE"Adrian não podia saber que, afinal, Helena tinha sido a responsável pela mudança de tática que garantiu a vitória, mas aquela colocação somada ao silêncio de Mike (espero que depois os louros sejam destinados a quem os merece e ele fale) é sintomático da usurpação histórica que se faz de ideias de mulheres em ambientes dominados tradicionalmente por homens... é impressionante como os elementos se repetem. E isso depois dela ter que apertar a mão do assediador que não teve um pingo sequer de vergonha. Ao menos ela e Camilla se consolam mutuamente, sem mesmo saberem o que aflige cada uma. No mais, ver esse princípio de aceitação da torcida de um time tão tradicional naquele lugar é bonito porque demonstra como o trabalho dela pode ser reconhecido e, mais que isso, como Helena, enquanto pessoa, pode ser abraçada e se sentir em casa onde antes tudo parecia hostil. |
Episodio 1x6 2018-07-25 21:22:21Porque não basta ser assediador, tem que se acovardar quando confrontado, com a cara mais cínica do mundo... espero que Camilla não desanime diante disso, mas sabemos como é difícil conviver, tolerar um ser desses, subordinando-se no ambiente de trabalho, onde ele se sente amparado pelos colegas.Sobre Helena e o jogador que tentou defendê-la, de macho bem-intencionado, o inferno tá cheio. Achar que é vantagem TOMAR a palavra dela é ir por um caminho que reproduz esse machismo institucional. |
Episodio 1x7 2018-07-25 21:31:52Infelizmente, a série continua a perder muito tempo com o romance de Camilla e Adrian, quando há tanto pra explorar no aspecto profissional e na relação pessoal entre mãe e filha. Ainda assim, segue com discussões bastante válidas e esse final sugere como Helena vai se firmando no seu papel, mesmo que ele exija uma decisão como a de vender o jogador que representa toda uma fraternidade no time, mas já não tinha o mesmo valor técnico, de acordo com sua análise. O modo como o novo jogador se apresentou a ela, bem-humorado e cheio de expectativas é bem-vindo pra lhe dar mais confiança, sabendo que se trata de um momento muito significativo para a vida profissional dos dois. |
Episodio 1x8 2018-08-04 22:20:18ahahahaha... acho que Mario apenas não quer ficar só mesmo |
Episodio 1x10 2018-08-13 14:51:51Sempre achei a relação de Helena e Camila de uma cumplicidade muito bonita, inclusive com os papéis se invertendo um pouco. Camila abdica de um caminho para acompanhar a mãe, com medo de deixá-la sozinha. É ela quem procura a comida pronta na geladeira e é também quem prefere esconder suas frustrações para que elas não pesem tanto para a outra mulher tão envolvida por seus próprios desafios e provações (e tudo indica que criou a filha sozinha, sendo capaz de manter a carreira e construir essa relação tão genuína). A menina que vai se fazendo mulher agora precisa focar em si mesma, mas só depois de sentir que deixou sua mãe em segurança. Só espero que ela volte para a próxima temporada. |