Downton Abbey by

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Episodio 1x7 - Nota 9 2015-01-11 16:06:09

Quantas referências tão pertinentes e satisfatórias à época, às transformações técnicas, políticas, ideológicas... Vem a guerra e tudo se encaminha para que seja mostrada de forma discreta, mas clara, visto os meses precedentes, as preocupações iminentes e os ajustes feitos.

É perceptível o clima romanesco que atinge a narrativa. Parece que tô vendo encenações de Jane Austen em diversos momentos... a fotografia é a coisa mais linda, fundamental pra esse clima literário, principalmente quando retrata os casais, assim como as senhoras.

Quando comecei a ver a série, temi que ela acabasse por forçar um caráter maniqueísta, diante de O'Brien, Thomas e Violet (embora essa sempre tenha sido carismática). Como é bom ver a evolução desses personagens, somada a esse clima de revisão de comportamentos (o que não aconteceu a Thomas, mas penso que ainda nos será revelado).

Os personagens, tão bem trabalhados, se fazem adoráveis, mesmo os mais carrancudos. São todos protagonistas, todos com histórias individuais cativantes, curiosas e uma inserção em seus grupos que os tornam necessários ali. Até então nenhum deles foi dispensável ou desinteressante.
Só não consegui torcer ainda por Edith, rs.

Alguns plots são óbvios, muito bem encaixadinhos, como se seguissem uma fórmula de escrita e construção da narrativa, mas isso se torna aceitável diante dessa pluralidade de destaques.

Uma série que transforma um cenário que nada tem de novo em uma história viciante, enfim. É linda e seduz.

Episodio 6x1 - Nota 8.5 2015-09-27 10:58:44

Torço muito para que Mary seja a responsável por adequar Downton Abbey à modernidade. Ver a propriedade insistir em se manter com aqueles moldes causa uma agonia e, ao mesmo tempo, sabemos da improbabilidade de sua permanência. Os novos ares já a envolvem completamente e ver a saída de Tom, agora o desejo de Edith de ficar em Londres, é bem sintomático.

Não tem como pensar esse episódio sem notar as ausências, sem lembrar em como Sybil foi timidamente uma vanguardista, junto com Matthew, recebendo e abrigando as "classes em ascensão", representadas por Tom. Lembro sempre deles quando penso essas problematizações acerca do contexto que a série aborda tão bem e como poucas. Downton Abbey é uma referência muito boa pra isso e realmente já dá saudade de ver uma ambientação tão bem feita, um cuidado tão delicado e pragmático sobre como retratar o universo dessa decadência dos aristocratas, suas resistências até seu último suspiro. O fim é inevitável, como sugeriu a família em falência. Cabe a seus protagonistas não sucumbirem de forma tão estrondosa. Mary e Edith, até Robert, caminham para saber o que fazer quando tiverem que se desfazer de suas posições.

Episodio 6x1 - Nota 8.5 2015-09-27 11:01:13

Alguém diga a Anna que ela pode ser feliz. Porque Bates não tá convencendo, por mais que tente.

Bates <3

Episodio 6x3 - Nota 8.5 2015-10-11 02:57:03

Por mais simpáticos que sejam os patrões, eles sempre se portarão como superiores, algum momento provará isso, principalmente quando se trata de uma família da decadente aristocracia inglesa que vê seu poder esmaecer e uma nova ordem (que instituirá novos patrões) chegar. A reação de Cora diante de Hughes provando seu casaco demonstrou isso. A chegada de Tom reforça todas essas distinções, apesar do inegável carinho que a família de Sybil destinou a ele. Somos inevitavelmente levados a rememorar todo o incômodo processo para sua aceitação.

O espírito de Carson, servil, contrasta muito bem com o de Hughes, cumpridora de suas tarefas, mas crítica, como mostrou em outros momentos na série, da ordem que impõe barreiras claras para quem dita as ordens e quem precisa cumpri-las.

A busca de Thomas por novo emprego e o que ele vê na outrora austera e agora antiquada mansão, sua reação diante de um cenário tão decadente quanto a mentalidade do seu dono, tem um ar de satisfação, quase vingança, por testemunhar o fim de uma era que o fez servo. Sua esperança "mais filosófica" nas tendências republicanas soa como autonomia.

E a cada episódio parece mais caricatural quando Anna penteia Mary...

Episodio 6x4 - Nota 8 2015-10-17 22:51:38

Evidentemente, há uma preocupação de Mary para com Anna, mas ela é tão calculista que essas ações parecem mais com algo pragmático do que com um gesto bondoso e desinteressado. Quando eu a vi se emocionar no momento em que Gwen contava sobre Sybil (que saudade dela, que lembrança bonita), por um instante pensei que estava saudosa da irmã, mas então, confessa a Anna que sente por não ter sido tão boa. Parece mais uma competição. Novamente, quando ela apoiou a ideia de Edith contratar uma editora (Edith <3), quase acreditei numa mudança. Até que vem o comentário sarcástico para a tia. Mary nunca me pareceu tão arrogante e eu realmente gostei bastante dela em outros momentos da série. Parece que toda essa situação de instabilidade a fez mais dura.

Ela me faz lembrar Thomas, que tomou um caminho muito parecido nesse episódio. A conversa que teve com Baxter foi tão triste quanto sua solidão, em que ele mesmo se encerrou. Até ali, a sensação é que ele caminharia em progresso para uma redenção, mas acontece o episódio com Gwen, onde ele deixa transbordar sua amargura e rancor.

No mais, Anna e Bates, pelo amor de Deus, sejam felizes.

E Carson, querido, liberte-se!

Episodio 6x5 - Nota 8 2015-11-01 21:31:19

Que cena bonita, Cora e Robert com os netos. Foi uma das coisas mais harmoniosas até aqui, mas que acabou colaborando pra uma tensão maior com a doença dele. Apenas jogo narrativo, como ficou indicado.

Torcendo pra Hughes dizer umas verdades e mandar Carson pro fogão, fazer a própria comida :3

Anna e Bates sorrindo tão despreocupados é coisa rara e estranha, mas super satisfatória.

Episodio 6x6 - Nota 8 2015-11-02 14:15:15

Mesmo considerando Carson como envolvido por uma série de tradições e costumes próprios de uma época, é evidente como ele está sendo chato e antiquado. Ele vê uma ordem se desfazendo, mas insiste em ser um pilar dela, bradando um orgulho que já fez fronteira com o ridículo. Não querer beber por "lealdade" a Robert só demonstra seu espírito absolutamente servil. Simplesmente detesto o modo como ele trata Hughes, embora fique me perguntando o que eu devia esperar dele. Nesse ponto, há muito realismo na série. E a realidade pode ser estúpida mesmo. Assim como seu tratamento a Thomas. Aliás, Thomas pode ter sido uma peste, mas merecia, inegavelmente, consideração por todos os serviços que prestou. A lealdade de Carson é servil e alienada. Tudo tem limite.

Mrs. Patmore incorporando signos do moderno, como o telefone. Aprende, Carson.

Feliz demais por Molesley e como as coisas se encaminham pra ele. Ele é um sonhador e nutre, como todo sonhador, essa esperança de que os dias podem ser melhores. Some-se a isso toda aquela generosidade espontânea <3

Edith, Cora e Mary, ao não saber a história de sua própria casa (para além do básico), anunciam a necessidade gritante de revisão de seu passado, de certa reflexão sobre como chegaram até ali, de como aquela ordem que agora é tão antiquada, como finalmente perceberam alguns, se formou e como deve ser questionada. Estão cada vez mais evidentes as percepções das injustiças sociais que Downton abriga. Expor seu estilo de vida, sua casa, aquele espaço que foi feito para ser exibido como nobre e superior, indica como alguns espaços, por mais que sejam revitalizados, representam símbolos de um passado que deveria ser totalmente ressignificado.

Episodio 6x6 - Nota 8 2015-11-02 14:22:00

Não é lá muito surpreendente. Só indica como se acomodaram a viver uma ordem social sem grandes (ou pequenos e simbólicos) questionamentos. Nesse ponto, a série continua seguindo toda uma tendência que vem construindo desde a última temporada, de críticas mais evidentes a esse modelo tão ultrapassado.

Episodio 6x6 - Nota 8 2015-11-02 14:37:11

Ah, amei o menininho. Curioso e questionador, consequentemente. Fiquei imaginando como ele escapou dos pais e toda a sensação de estar naqueles corredores como se fossem caminhos tão naturais pra ele. A perspicácia de indagar o porquê de alguém ainda morar ali, ahaha... Ele me lembrou Josué, o menininho de A vida é bela.

Episodio 6x7 - Nota 8 2015-11-06 18:27:14

Molesley se emocionando e me emocionando quando viu que pode sair de sua estabilidade conformada e buscar mais autonomia. Nesse passo, Mrs. Patmore também tem demonstrado uma iniciativa corajosa.

A temporada está trabalhando muito melhor os núcleos dos trabalhadores que os dos patrões, pra mim. Foi sintomático quando tivemos um corte brusco da pista de corrida para o piquenique tão agradável e, inversamente, retrato de calmaria.

SEMPRE dá uma sensação de medo quando vejo Anna fazer qualquer coisa brusca. Por que, né?

Quando Thomas estava conseguindo fazer amizade, até se entrosar mais um pouco com os demais, vê-se só novamente. Achei que Hughes esteve mais aberta para ajudá-lo e espero que o faça.

No último episódio, Patmore disse que Carson estava velho demais pra ser treinado como marido. Parece que não :D

Episodio 6x7 - Nota 8 2015-11-06 18:29:49

Violet presenteando Robert da melhor forma <3

Episodio 6x7 - Nota 8 2015-11-06 18:57:32

Aquela parte de dizer que não tem raízes, não tem identidade, ligações... muito triste. Ele já tentou se redimir de tantas formas pelas arrogâncias passadas... e em algumas ocasiões era a simples resistência a um modelo que julgava hipócrita. É o personagem por quem mais torço nesse final, mas parece não haver muitas saídas mesmo :/

Episodio 6x8 - Nota 8 2015-11-11 23:01:44

Os caminhos verdes de Downton Abbey sempre me seduziram. Talvez porque eles nunca estivessem parados. Alguma brisa os balançava, como que lembrando de que a vida corria ali, guardando (ou exibindo) mais histórias do que se poderia imaginar. É como se aquela brisa que assanhava os capins floridos anunciasse uma narrativa tão envolvente quanto comum. Talvez, envolvente justamente por ser comum: a clássica família aristocrata que mantém uma propriedade sustentada por trabalhadores disciplinados. E essa atmosfera de normalidade e de uma história ilustrada entre romantismos e choques de realidade, seguiu. Como seguiam os caminhos. E como aqueles que acompanhamos em seis temporadas, seguiam. Sem maniqueísmos, com personagens repletos de pecados e virtudes, marcados por sentimentos tão variados (e mutáveis) quanto os ingredientes de Mrs. Patmore.

Definitivamente, esses trajetos são mais vividos e sentidos pelos trabalhadores em suas caminhadas. É quase com nostalgia que vi Molesley seguir por um deles nessa finale. Molesley, que era dono de uma personalidade quase irritante, tão conformado que era ao seu lugar de servo. E então, ele finda esse percurso, literalmente, pra questionar o “direito divino dos reis”.

Saudosa será a bengala de Violet, esta revelada serva do amor. Assim como os chás e os jantares serão saudosos. E seus preparativos na cozinha. Principalmente estes e tudo o que eles revelavam, todos os questionamentos, todas as obediências, todos os padrões quebrados.

Talvez Edith me deixe com mais lembranças. A detestável Edith do começo. Que se entregou ao que podia fazer de si, à corajosa Edith que tantas vezes esteve disposta a se entregar aos sentimentos, como se tivesse aprendido com Sybil que a vida tem mais sentido assim. A adorável Edith desse final, que sabe contemplar enlevos de alegria e plena satisfação enquanto observa sua filha e sobrinhos acariciados pela brisa que doa a Downton essa capacidade de despertar nossa sensibilidade através do comum.

"Porque no final, você é minha irmã. E um dia, só nós lembraremos de Sybil... ou mamãe, ou papai, ou Matthew, ou Michael, ou Vovó, ou Carson, ou qualquer um dos outros que povoaram nossa juventude, até que nossas memórias compartilhadas significarão mais do que nosso ódio mútuo".

<3

Episodio 6xSP - Nota 1 2020-01-30 01:48:31

Desnecessário e brega. Foi exatamente o que pensei.

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