Atlanta by

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Episodio 2x1 2018-03-16 15:52:24

Earn não consegue um lugar ali. Não é com os pais, com a mãe da sua filha ou com os amigos que julgava poder deixar tão próximos como entre eles já eram. Nem na espécie de túmulo em que literalmente se enfiou consegue um agrado ou um acolhimento de alguém. Quem aparece, cobra, pede, demonstra um desagrado por algo que ele fez ou que não fez, por quem ele se tornou ou por quem não se tornou. É um deslocado, sem irmandades ou pertencimentos. Talvez essa temporada consiga apontar uma direção para o menino que até tenta se envolver, mas não consegue deixar de se forçar. Ótimo retorno de Atlanta :3

Episodio 2x2 2018-03-20 18:41:02

Todos enfrentam uma maré de azar, Paper Boi... de aguentar toda aquela atmosfera da gravadora, de um universo pelo qual ele não se interessa até o cover, passando pelo assalto e pelos fornecedores interessados em algo mais que o lucro. E entre todos esses fatores, diante de certa espontaneidade e de uma naturalidade no decorrer dos eventos, nem lhe sobra a raiva. É se resignar e ir tocando suas necessidades, desprendido, nessa quase inércia em que vive e à qual já é bem acostumado.

Episodio 2x5 2018-04-29 16:40:31

Divertido até certo ponto, irritante em outros (conseguem transpor as sensações que teríamos diante de uma situação semelhante, nessa capacidade de imersão que Atlanta sabe trabalhar muito bem), mas é aquém do que a série nos acostumou a esperar. Ainda assim serve pra realçar bem essa característica de Paper Boi, de não deixar o sucesso lhe tomar a espontaneidade.

Episodio 2x6 2018-04-29 16:49:44

A realidade (MJ) causa mais asfixia que qualquer peça de terror (Corra). Durante todo o episódio, a ótima performance do ator que interpreta Darius demonstra que a tristeza em um caso como esse vai bem além do medo porque ela priva o sujeito de motivação: ele sucumbe ao que vê como destino depois de entender como o outro se enterrou em um mar de melancolia e desengano. Toda a historicidade naquela casa e naqueles movimentos, nas falas, nas atuações e no que a narrativa se preocupou em simbolizar trouxeram mais um excelente episódio para Atlanta.

Episodio 2x8 2018-05-03 13:55:37

Esse episódio me deixou tão impressionada quanto "Teddy Perkins". Primeiro porque lidar com o desequilíbrio do outro (Darius para com Teddy) pode ser tão perturbador quanto lidar com o seu próprio (Al com ele mesmo). Segundo porque alguns personagens precisam de um protagonismo e outros não mais que umas poucas aparições para marcar uma profunda inquietação: este último é o caso do desconhecido na floresta... aquilo consegue envolver um grau impressionante de um terror nada metafísico, essencialmente humano, questionador da própria capacidade de racionalidade e sanidade, como se esfregasse em nossos sentidos toda a nossa pequenez e fragilidade.

Alfred, aquele que transita entre a tolice de achar que pode continuar se comportando como antes da fama e do dinheiro sem sofrer as consequências por isso, e o sentimento de superioridade diante do que encara como uma imensa futilidade e arrogância, deve perceber que, por mais que queira valorizar sua essência, mantê-la para que consiga se olhar e se respeitar, quando mudam tantos fatores, alguns cuidados para autopreservação devem ser inevitavelmente tomados... as fatalidades estão aí para todos, mas alguns indivíduos são mais visados e ele faz parte desse grupo agora, por mais que pareça infeliz com isso. Em muitas ocasiões, quando o controle da própria vida parece escapar de quem a detém, o caminho do meio garante a sobrevivência, a adaptação é a garantia. Ou se abandona tudo, para o que é preciso ter coragem e muito desprendimento. Eu não acho que falte nenhum dos dois a Alfred, acho que a sensação de dever para com os seus (como seguir com Earn lhe agenciando), mais que a vaidade, o prende à carreira. No fim de tudo, se ele escolher manter o personagem com cara de bravo e sangue nos dentes que na verdade quase morreu de medo e impotência, o custo parece alto demais, embora não o seja para tantos outros.

Episodio 2x10 2018-05-21 11:02:58

Tem algo de muito errado com um mundo que não apenas premia a "boa aparência", mas despreza aqueles que não se enquadram em determinado padrão de consumo, a ponto de fazê-los se sentirem culpados por isso. Mais ainda quando esse fator é, como disse a mãe de Earn, fundamental para que ele, menino negro, não chegue com tanta desvantagem ao se apresentar perante instituições de poder, por menores que sejam na hierarquia. Mais um lembrete de como a questão que tantas vezes recai em um discurso romântico de ser "mais natural" e "não ligar pra aparência" é diferente para brancos e negros.

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