Secret City by

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Episodio 1x1 - Nota 9 2018-02-28 11:51:43

Mas que investigação jornalística boa de ver entre tanta série policial, mais ainda por trazer tanta atualidade nas relações internacionais, na nova era do jornalismo... eu realmente gostei bastante desse piloto, toda a trama foi muito bem apresentada, os personagens são ótimos e nada promete uma solução fácil já que os antagonistas não parecem ser necessariamente os governos, mas indivíduos dentro dele, com poderosas redes de informação e atuação. Colocando os chineses como a nova potência mundial que persegue opositores dentro e fora de seu território, a série não deixa de mencionar, através da maravilhosa Kim, o caso Snowden e o autoritarismo da velha potência. Não há inocência em nenhum polo de poder.

Episodio 1x2 - Nota 9 2018-02-28 12:04:50

Eu não vim com uma expectativa alta ver esse piloto (1 e 2 episódios estão juntos onde eu vi) e a surpresa da construção dos personagens e de sua capacidade de provocar empatia foi grata. Só vou reclamar por terem matado Kim. É bem difícil ver personagens trans em séries como essa, com uma importância para além da discussão sobre sexualidade. Sua morte começa a se levantar como uma possibilidade real na metade do episódio, mas as chances de escapar também existiam, logo, o assassinato foi frustrante pra mim. Gostaria de ter visto mais as camadas da personagem, com uma importância incontestável para a narrativa, em mais uma ótima atuação de Damon Herriman (vide Quarry e Justified). Em suma, Kim merecia muito mais e ocorreriam outros ganchos para Harriet se embrenhar de vez nessa investigação (mas convenhamos que essa pode ser a sina das personagens de Anna Torv, rs). Altíssimas expectativas para o resto da temporada < 3

Episodio 1x3 - Nota 8.5 2018-02-28 20:39:58

Impressiona a capacidade que essas agências têm de fabricar uma história que afaste de si todas as suspeitas ou ao menos, se suspeitas restarem, apagarem as provas de modo a fazer aqueles que perseguem a verdade passarem por criminosos ou desequilibrados. Entre todos esses eventos, Harriet tenta se equilibrar entre perseguir a história para fazer justiça a Kim, ao mesmo tempo em que protege suas fontes (o que não vem dando muito certo, convenhamos). Ironicamente, é justamente disso que Kim a tinha acusado antes, de sempre querer a matéria de capa. Agora, a jornalista arrisca tudo, mas não pela capa. O assassinato passar sem uma investigação aprofundada, com a polícia indicando um crime passional, é um tipo muito cruel de demonstração de poder por parte do diretor da agência, inclusive porque ele sabe dos objetivos de Harriet. Agora é esperar como todos os fios dessa temporada conduzirão a uma mesma fonte, ligando o caso de Sabine, as informações do chip e a atuação de Mal junto ao lobby chinês e ao seu próprio governo. Pensando em como essas tramas acontecem na realidade, parece que vivemos todos na mais completa ignorância.

Episodio 1x4 - Nota 9 2018-03-01 13:52:31

Era de se esperar que Mal não fosse o vilão que se esperava, apesar de obviamente fazer parte de um jogo que talvez nem tenha noção da dimensão. Para isso, serve o que Weng diz ao marido: a trama vai muito além de governos e agências. Talvez por isso mesmo tudo pareça remeter a uma espécie de Matrix tão poderosa que nem fazemos ideia de quem a controla, qual o poder que já mantém e qual ambiciona. Entre tantas cordinhas pendentes desses dedos todo-poderosos, Sabine, Harriet, os estudantes de comunicação, a própria Kim, optaram por romper as suas e por isso mesmo tudo parece um risco iminente sob o qual as vidas dessas pessoas não parece ter nenhum valor, essencialmente descartáveis, embora todo controle de poder cobre cuidado e discrição. Desse modo, não se sabe quem avisou Harriet de que, apesar de seu espaço na mídia, ela pode ser vitimada a qualquer momento.

Sobre isso, tem certa perspicácia o modo como a série retrata os olhares atentos dos jornalistas para o que acontece à sua volta, principalmente, claro, com a protagonista... a atenção aos detalhes, as oportunidades que surgem sem aviso ou as que são cuidadosamente trabalhadas e construídas. Essa preocupação em fazer o meio jornalístico prático e convincente na história é bem-vinda e demonstra cuidado: não basta uma premissa boa, mas como se desenrolam os eventos a partir dela. Assim, passo a passo, a cada visita a fontes e vislumbres de histórias, Harriet vai percebendo os efeitos que seu ofício causa às pessoas, mas nem por isso abre mão dos riscos para si e para os outros porque cada um lida com suas responsabilizações, é consciente dos perigos que corre. Por exemplo, ela lamenta, mas não se culpa pela demissão da assistente de Catriona; se preocupa com Felix e com os outros estudantes, mas entende que não se trata ali de ingênuos desavisados. Só não consegue se perdoar por Kim, por razões óbvias. Por mais que seja consciente das escolhas individuais de todas as pessoas com as quais colhe informações, Kim foi seu amor e era sua melhor amiga e o sentimento de responsabilização que tem por todos, vem aliado a uma culpa muito palpável nesse caso.

No mais, mais um ótimo episódio. E quando eu tava pensando que Catriona seria a nova Nina, descobre-se que ela apenas usou Harriet pra implementar a lei da censura :/

Episodio 1x4 - Nota 9 2018-08-25 11:10:57

ueheuheu
saudades, Fringe

Episodio 1x5 - Nota 9 2018-03-01 20:39:17

Esse protagonismo feminino que dispensa alardes, vai se fazendo naturalmente, em um movimento encadeado e sem qualquer tipo de romantização é realmente muito bem-vindo. A conveniente aliança entre Weng e Catriona não é necessariamente algo inimaginável, mas de acordo com o que se vinha desenhando parecia que os chineses estavam realmente agindo sós, sem esse nome de tanto poder no governo australiano, que é o de Bailey. Diante do fato novo, Mal é mais ingênuo do que se pensava, inclusive porque subestimou os inimigos. Mandar Cérbero de cabeça cortada como um aviso a Bailey foi bem precipitado e só colaborou pra uma desmoralização maior. Agora, ele tende a descobrir como foi usado, o que pode acirrar ainda mais o jogo.

Como disse Kim a Harriet, ela não sabe de nada dessas tramas, da complexidade delas, só tem vislumbres de alguns eventos que isoladamente não levarão a nenhum desmonte significativo. Pelo menos não até as investigações se tornarem pessoais. Pelo visto, os que detêm as informações sobre esse verdadeiro poder "muito além de governos e agências", como disse Weng, são poucos. Talvez nem a própria Bailey entenda toda a rede, embora tenha agido magistralmente para manipular as impressões que se poderia ter sobre ela. Inclusive esconder atrás de si quem realmente domina o poder naquela estratégica parte do mundo.

Weng: A China não anseia pela aprovação do mundo. Ao contrário dos americanos, nós podemos lidar com não sermos adorados. [...] A China tem mais de 4 mil anos de história. Já lidamos com inimigos antes.

Episodio 1x6 - Nota 9 2018-03-01 22:34:09

Impressionante como Catriona se agarrou a uma estratégia de sobrevivência que a manteve resguardada de provas e incriminações. Suas alianças são bem mais amplas do que se imaginava, inclusive do lado chinês ao mesmo tempo em que controla quais informações circularão com alguma credibilidade. Espero que haja mesmo uma segunda temporada e que todo esse contexto da lei da censura e como ela vai repercutir entre a população seja explorado. É um tema muito propício a essa época de tantos acessos e manipulações onde não se pode confiar em nenhuma privacidade.

Diante de todas essas revelações, eu lamento sobretudo o assassinato de Kim. Tudo aconteceu de uma forma tão infeliz e traumática que passo a achar ainda mais cruel. Além de tudo, o modo como Dancer foi se apropriando de sua vida antes e depois da morte, usando o luto para se aproximar de Harriet, mesmo que não tivesse a intenção do assassinato, semeia ainda mais desconfianças entre aqueles que, sabendo disso, desejariam se envolver na dissidência... o clima em si já desencoraja qualquer resistência, semeia o medo. São as velhas estratégias do poder que está acima de interesses nacionais e políticos. Agora, a aliança entre Mal e Harriet deve conduzir a novas brechas.

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