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The Deuce By





Episodio 1x1 - Nota 9 2017-09-05 00:28:33

A protagonista é a rua, a gente dela, suas cores, seus sons, seus becos e prédios sujos que abrigam vidas inevitavelmente contaminadas por tudo isso e, ainda assim, de tantas formas resistentes às opressões que todo esse contexto imprime. É assim que o piloto comprido se justifica, pela apresentação de tantas personagens de modo nada superficial, em suas relações noturnas, sejam nocivas ou de cortesias. Por agora, só incomoda um pouco que os dois personagens que parecem irem se elevando como destaques sejam o homem branco e a mulher branca (aliás, que personagem é Eileen/Candy e que atuação a de Maggie, como de costume) que não se submetem a certas tramas, ao contrário dos personagens negros. Talvez por isso eu torça tanto por Darlene, para que ela alimente a sensibilidade e nade contra o que a maré sustenta. Ainda assim, confio que o decorrer da narrativa trará outros movimentos, inclusive problematizando essa aparente total ausência de caráter nos cafetões.

Esse aspecto, da relação entre os cafetões e as prostitutas, é apresentado primeiro a partir deles: sentam na estação e esperam, entre conversas casuais, o que o fluxo trará. Aqui, traz Lori e sua personalidade aparentemente nada ingênua. A questão é o princípio de quase gentileza, embora o verdadeiro interesse sempre esteja evidente, que marca esse primeiro contato. Até que as inocências e romantizações vão sendo duramente quebradas e a relação de exploração se evidencia até o cúmulo do castigo físico, no final. É aterrorizante pensar ao que essas mulheres eram e são submetidas, todos os riscos que correm, de todos os lados. Sem contar com o desprezo que recebem da mesma sociedade que as mantêm. No mais, esse início é instigante, é comovente e surpreendentemente conseguiu imprimir valor a todos os personagens. Ótima estreia.

Episodio 1x1 - Nota 9 2017-09-06 09:04:39

o negócio é ter namorado carinhoso que acha tudo que a pessoa faz lindo, heuehueu
< 3

Episodio 1x3 - Nota 9 2017-09-30 00:13:03

ótima percepção de como vão se construindo esses "tipos" em the deuce... impressionante como a rua guarda sujeira e beleza ao mesmo tempo < 3

Episodio 1x3 - Nota 9 2017-09-30 00:43:17

The Deuce vem apresentando um retrato bem instigante sobre um contexto que já foi retratado das mais diversas formas. A convivência entre o que é sujo e o que está prestes a florescer, entre o que é feio e o que promove esperança de embelezamento, entre o que tem faces más e boas traduz esse espírito dos centros urbanos, que reúnem quase espontaneamente as contradições que nos cabem enquanto sociedade, exposta a condições que se singularizam pra cada indivíduo. Nesse passo é que um personagem como Mike me provoca tanta curiosidade. Num instante, ele assusta Eileen, no outro, salva Vincent. Num trecho da rua, ele parece ter brotado dela, quase como se fizesse parte de seu concreto, das vigas dos prédios moribundos, no outro trecho, é como um estranho sem entender o acolhimento por parte de outros [quase] como ele.

Senti muito por Eileen não ter conseguido ainda o caminho que a conduziria pra longe das sarjetas onde oferece seu corpo. Fora daquelas ruas, ela parece rejuvenescer seu espírito, que vai minguando diante das situações às quais têm de se expor ao atender os desejos de seus clientes, ao correr de uma ameaça de violência (a expressão assustadora de Mike) e se deparar com outra (do homem esfaqueado e deixado pra morrer), na esperança de ganhar mais um dia. Assim como ela, Darlene tem sua própria janela de luz nas artes, que provavelmente será impedida de apreciar mais à frente.

Imagino o que as duas pensariam ao ver o que Abby escolheu: a menina que tinha possibilidades de escapar de uma vida ao seu outro modo também opressora, de fugir dos papéis tradicionais impostos às mulheres como ela, inclusive colaborando com outras de mesmo objetivo. Por isso resisto muito a esses aparentes gritos de emancipação que no fundo acontecem porque há o conforto de saber que encontrará abrigo no colo da mãe se tudo der errado. Aos olhos de Darlene e Eileen, o surto de revolta de Abby deve ser apenas ingenuidade e covardia. Que ela possa aprender isso, cedo ou tarde. No mais, a outra personagem absolutamente interessante é a antropóloga. A perspicácia da série em inseri-la é uma homenagem àqueles que lhe deram material pra compor sua própria narrativa hoje. Bonito de ver, como todo o resto :3

Episodio 1x4 - Nota 9 2017-10-07 09:20:40

Há algo além da juventude e sua aparente eterna capacidade de se lançar à vida e às aventuras para se sobressair nela: o cansaço de Eileen e Ruby. A realidade dura e frustrante de depois dos sonhos e de um tempo das expectativas. Depois de tantas experiências, inclusive as que rendem histórias que parecem causos (com seu quê de comicidade misturada com tragicidade, como o cliente do ataque cardíaco), elas vão se aposentar, sair das ruas e viver com o que deu pra arranjar depois de noites e mais noites entre batidas policiais, testemunho de crimes, assédios e objetificações, o ciclo que se repete com Lori, Darlene, todas as outras. O sentimento de humilhação constante, da busca de sobrevivência considerada indigna e inglória, a vergonha que isso implicaria aos parentes, a probabilidade muito baixa, no caso de Eileen, de um dia assumir isso ao filho ou se permitir iniciar um romance. E essa atuação de Gyllenhaal evidencia como a personagem espera mais de tudo. Ou pelo menos esperou por muito tempo até que se cansou também disso. Agora, entre os dias sem chuva e os ratos na sala de cinema das noites chuvosas, ela só quer escapar. De cá, eu anseio pra que ela resista e encontre algo além da sobrevivência.

Episodio 1x8 - Nota 10 2017-11-02 01:40:58

Esse episódio parece a letra de “Construção”. Ruby é a protagonista que caiu morta “atrapalhando o público” depois de ousar dizer seu nome, embora ninguém se interessasse. Não adiantava mais assumir identidade, sonhar com a liberdade da aposentadoria, alimentar qualquer esperança. Na realidade massacrante, fora das histórias que adoramos assistir pra ver um final feliz ou ao menos alguma justiça poética nessa selva de pedra, é isso que acontece tantas e tantas vezes. É mais triste ainda quando lembramos que as amigas não se despediram. Mas se desencontraram muito antes de Eileen deixar as ruas... a distância é histórica. E muito me agrada que isso tenha sido anunciado sutilmente no correr dos episódios, para deixar uma mensagem mais evidente nessa finale: The Deuce está mais atenta do que pareceu à realidade e à conjuntura que mistura negros e brancos, mulheres e homens em um ambiente inegavelmente mais árido para uns que para os outros.

Apesar de ficar bem evidente como a desigualdade se sistematiza naquele contexto, as personagens que parecem mais estranhas àquilo tudo são justamente Eileen e Abby. E não é à toa. Elas só estão ali porque se revoltaram com a bolha que as prendia, não porque aquele caminho lhes era praticamente inevitável. Provêm, as duas, de outra camada, de outros limites. Tanto que são o mais próximo que temos de “heroínas” destinadas a prosperar. Ao contrário de Sandra, decepcionada com sua matéria reduzida a mostrar sujeira onde todos já sabiam que existia, exploração por quem todos já conheciam. No meio de tudo isso, apesar de parecer que os iguais não se ajudam, principalmente quando Alston, seduzido pela promessa de ascensão, frustra os planos de Sandra, é provavelmente deles que virá mais uma tentativa de reviravolta. Transformação é improvável, pelo menos a curto e médio prazo. E parece que David Simon é especialista em mostrar que o sistema devora as esperanças disso, ainda que elas insistam em nascer.

Episodio 3x7 - Nota 9 2021-04-10 08:43:55

Depois do suicídio de Lori, não consegui prestar mais atenção em nada. Quando dei por mim, a câmera ia se afastando do foco em Candy. E afinal é disso que trata The Deuce, de como tudo caminhou para as distâncias mesmo quando todo aquele universo parecia juntar diversos tipos de "indesejáveis", os marginalizados pela ordem, pelo progresso, pelo elitismo e pela hipocrisia. Essa cena teve um peso muito parecido com a sequência da morte de Ruby e para as duas, Lori e Ruby, Candy foi a última lembrança do afeto insuficiente, o sentimento incapaz de dar sentido às vidas que sempre flertaram com os limites delas mesmas. Ainda assim, enquanto Ruby nutria esperanças que, após a morte, se desenham como ilusão, Lori não via outro sentido pra seguir depois de ter perdido tudo, qualquer esperança e qualquer ilusão. Decide morrer lúcida, sóbria, mas não sem antes pagar a Candy porque ela sabe quanto custa cada centavo nesse mundo de onde só se pode escapar para gaiolas douradas. Com aquelas exceções, de um em um milhão, de quando a sorte decide sorrir.

The Deuce consagrou suas personagens marginalizadas pela sociedade através da tragédia da vida e da morte. Exatamente como a realidade da construção de tantos centros de comércio e turismo ao redor do mundo: terrível.

Episodio 3x8 - Nota 10 2021-07-01 16:00:57

Quem está preparada pra esse tanto de desencontros?
Obrigada pela caminhada, Vincent.


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